Seria a reencarnação de Genghis khan: 

No dia 20.11.07, exatamente à meia noite e trinta e três, estava em Chapecó e tinha acabado de retornar para o Hotel Cometa vindo de um jantar com o velho amigo Delegado Hélio Natal Dornsbach.  Logo que cheguei no meu quarto resolvi mandar um torpedo para Marilisa com a seguinte mensagem: “Má, lembrei q. na quarta posso te ouvir na CPP. Assim vc não precisa fugir... Bjs”.

No dia seguinte, às treze horas e cinquenta minutos, depois de conversar com a policial Patrícia Angélica e tomar conhecimento que várias testemunhas seriam ouvidas na DRP de Joinville, resolvi mandar outro torpedo para Marilisa com a seguinte mensagem: “Má, a audi vai ser na DRP... Desculpe a falha, mas é q. tem várias test. Ah, q. sufoco de calor aqui... Bjs”.

Às vinte e uma horas, cheguei num restaurante localizado na Rua Fernando Machado, localizado no centro de Chapecó (próximo à Churrascaria Ouro Verde), em cujo local o Delegado Natal já estava me aguardando (tinha avisado sua esposa – Celeste – que estava chegando).  Depois dos cumprimentos, acabamos numa mesa com caipirinha de Steinhager, acompanhado de muita carne e pizzas. Natal parecia feliz e bem à vontade do que das outras vezes, dava a impressão que havia se agigantado ainda mais, parecendo não se importar com o seu peso, o que me preocupou... Também pude notar que seus cabelos estavam pintados meio que da cor cinza ou castanhos. Durante a nossa “comilança”, trocamos informações sobre a situação da “instituição” e Natal relatou que o “N.” (referia-se ao Delegado Regional de Chapecó) estava fazendo “cagadas” porque estava deixando a coisa correr a solto. Não tinha entendido bem o que ele estava querendo dizer, mas logo ele tratou de esclarecer que quem estava mandado era o Delegado Alex, muito amigo do Delegado-Geral Maurício Eskudlark. Fiquei pensando: “Bah, de novo esse Delegado Alex..., parece até um carma na vida do Natal...”. Mas como eu estava fora do circuito, ou melhor, da cidade, tudo aquilo se revelava um organismo estranho no ninho.  Acabei relatando a conversa que tive com o Delegado Alber no início da manhã do dia anterior que tive na Corregedoria da Polícia Civil. Depois de ouvir meu relato Natal se esticou na cadeira, respirou fundo como um autêntico descendente de “Genghis Khan” e sentenciou:

- “Meu Deus, Felipe, como é que pode um sujeito dizer uma coisa dessas? Como nós estamos mal? Como é que pode...!”

Eu tinha dito a Natal que Alber, quando questionado sobre os trabalhos da “Adpesc”, tratou de empurrar a “bananoza” para a cabeça da Delegada “Sonêa”, dizendo que ela era quem no final das contas teria que ser “crucificada”, e que “eles” (referia-se ao pessoal da diretoria, leia-se: Artur Régis, Artur Sell, "Pedrão", Alber e outros...) só estavam esperando ela cair em desgraça...  A conversa seguiu animada e regada a “cocas”  e cervejas (Serramalte), enquanto eu torcia por um final feliz para Sonêa, inclusive, porque tinha advertido Alber que era injusto o que estavam fazendo, u seja, querendo que ela queimasse sozinha na fogueira..., enquanto eles no início respiravam liberdade, força, poder... com seu marido na condição de Secretário Adjunto da SSP. Relatei para Natal a respeito da minha viagem à Corregedoria-Geral da Polícia Civil do Paraná.

O pleito do Delegado Rogério Zattar (aposentado): 

No dia 22.11.07, horário: nove horas e trinta minutos, cheguei no gabinete do Delegado Regional Dirceu Silveira (DRP de Joinville) e logo pensei: “Podem falar o que quiserem, mas o Dirceu é um profissional ‘CDF’, presente, atento, ligado, dedicado..., mas teria algum motivo especial... ?” Relatei a viagem que fiz à Curitiba, especialmente à Corregedoria-Geral e como estavam os vencimentos dos Delegados naquele vizinho Estado. Nisso chegou o Delegado aposentado Rogério Zattar bastante nervoso e me consultando se os Delegados convocados teriam direito a perceberem horas extras. Respondi afirmativamente enquanto Dirceu Silveira deu de ombros. Rogério chorava as pitangas, pois foi colocado na relação de horas extras, mas não quiseram pagar... e pediu a minha opinião sobre o assunto. Reforcei que ele realmente fazia jus as horas extras, só que calculado sobre sua vantagem decorrente da convocação. Rogério solicitou na minha presença que Dirceu Silveira autorizasse ir a Florianópolis tratar do assunto,  talvez uma conversa com o Delegado-Geral (Maurício Eskudlark), mencionando que já havia conversado com o “Doutor Milton” (Escrivão de Polícia Milton Sché) que havia sido receptivo ao seu pleito. Recomendei que ele então procurasse o Maurício Eskudlark e pedisse que o mesmo interviesse no seu caso, ou seja, que fossem feitas tratativas para liberar as horas extras para os convocados. Rogério ergueu-se da cadeira e sentenciou:

“Eu vou trabalhar mais um mês e vou embora, não fico mais...!”

Dirceu se manteve apático e indiferente enquanto fiquei preocupado, mas insisti que ele procurasse Maurício Eskudlark.

Segue a "corrente de almas frágeis": 

Por volta das onze horas e trinta minutos estava na “DRP/Joinville” quando chegou a Delegada Marilisa para prestar depoimento numa sindicância que tratava sobre um inquérito policial que ficou estagnado durante dez anos na 5ª DP/Joinville (Marilisa havia sido Delegada Regional entre 2000 e 2002). A policial Patrícia Angélica já havia telefonado para Marilisa solicitando que a mesma antecipasse sua audiência que estava marcada para às quatorze horas. Marilisa chegou com um andar tenso, porém, parecia tentar camuflar esse seu estado. Logo que entrou foi cumprimentando o policial Dílson Pacheco, depois Patrícia Angélica e, finalmente eu com um beijo na bochecha direita. Logo em seguida Marilisa sentou bem na minha frente enquanto eu abria dois arquivos contendo suas fotos (uma publicada no Jornal “A Notícia” na época que ainda era Delegada Regional e a outra que tirei no Hotel Verde Vale, na cidade de Videira). Marilisa logo que viu a primeira foto foi comentando:

- “Ah, eu lembro dessa foto, pegasse do jornal, eu lembro...”. 

Quando apresentei a segunda perguntei:

- “E dessa, tu lembras?”

Marilisa olhou e foi dizendo:

- “Claro que sim, foi lá no Hotel...”.

Fiquei surpreso com a sua memória e vivacidade, pois de cara lembrou das duas fotos, inclusive, contextualizando-as... Foi engraçado porque Marilisa olhou as fotos sem qualquer admiração ou externando qualquer surpresa.  Perguntei o que havia achado da segunda foto e ela respondeu que achou muito escura. Depois, procurei lembrar algumas máximas de filósofos, como “Emerson” que escreveu “Be wiser...”. Depois um outro mais “populacho”: “In land of the blind…”. No primeiro dito inicialmente pensei em não fazer a transcrição “ipsis literis”, mas depois cedi, ressaltando que não concordava totalmente com a mensagem e expliquei... Durante o curso da nossa conversa Marilisa fez uma importante e esclarecedora revelação:

- “...Outro que passou pelo quinto foi o ‘Masson’. Sim, o ‘Masson’, na época ele estava em Garuva e tentou se ‘m.’...”.

Fiquei passado e interrompi:

- “Como é que é, Marilisa?”

Ela confirmou:

- “Sim, ele estava em Garuva e lá pensou em se ‘m.’, estava em depressão. A gente conversou, eu tinha amizade com ele...”.

Em razão desses fatos pensei: “Bah, Marilisa foi em socorro de Masson, assim como eu também me sensibilizei quando ela me confidenciou que um dia pensou... e já tinha até imaginado como seria... Depois, noutra ocasião, Marilisa me contou que chorou muitas vezes embaixo do chuveiro com as injustiças que cometeram com ela e eu me sensibilizei. Puxa, cheguei a pensar que aquela história dela querer ir para Piçarras tinha haver com alguma ligação com Masson, o que poderia ser... percebia que era outra coisa bem diferente e fiquei pensando em duas almas tão frágeis..., como todos nós”.