Um gesto para posteridade: 

Dia 13.06.08, horário: nove horas da manhã, estava aguardando o pessoal da comissão de processo disciplinar no Restaurante Sinuelo (Araquari – margens da BR 101), quando percebi que havia uma mensagem de Marilisa, o que me fez pensar: “Puxa, até que enfim um sinal dela, depois de minha mensagem de ontem à noite, vamos ver...”. A mensagem de Marilisa era a seguinte: “Bom dia, meu querido. Adorei a mensagem. Estou indo p/ Ctba, deixar meu filho no aeroporto. Bjs. Ma”. Logo em seguida respondi: “Puxa, tu andas, heim? Espero q. tudo fique bem...Estou indo p/ Blumenau...Bjs”.

Por volta das onze horas da manhã, cheguei na Delegacia Regional de Blumenau para ouvir o Delegado Rodrigo Marchetti. Estavam comigo a Delegada Sandra Andreatta, o motorista Dílson Pacheco e as policiais Graziela e Priscila. Num primeiro momento convidei Sandra Andreatta para irmos tomar um café numa confeitaria localizada próximo  do prédio da DRP (em frente à Prefeitura Municipal). Durante o café fiz algumas perguntas para Sandra Andratta e ela confidenciou que se surpreendeu com o Delegado-Geral Maurício Eskudlark, quanto ao  tratamento que dispensou ao seu caso, inclusive comentou que   ele foi muito humano e chegou a dizer publicamente que o fato  envolvendo ela e seu namorado não se tratava de furto e que  no máximo poderia ser tipificado como um delito de dano. Argumentei que Maurício Eskudlark  em determinadas circunstâncias demonstrava ser uma pessoa humana,  bastante sensível, jamais soube que perseguiu alguém estando no poder, em que pese respirar política a todo instante. Sandra ponderou que não achava que ele havia sido  político no seu caso, justamente porque foi até a imprensa lhe defender, enquanto a opinião pública e a mídia queriam bem o contrário. Tive que concordar porque sabia que Maurício Eskudlark acima de tudo sempre se revelou uma pessoa humana e pronto para fazer preponderar o bem. Procurei esclarecer melhor o que estava tentando dizer, ou seja, que Maurício Eskudlark nessas questões tinha  uma visão institucional  da classe e sabia  se posicionar  pelo  lado do certo e mais justo. Lembrei que na conversa que tive dias atrás com o Delegado-Corregedor Nilton Andrade, o mesmo tinha censurado Maurício Eskudlark quando deu entrevista defendendo Sandra Andreatta. Lembrei em silêncio que  o Corregedor da Polícia Civil Delegado Nilton Andrade teria comentado comigo  que Maurício Eskudlark estaria se aproveitando do caso de Sandra Anderatta para buscar holofotes e promoção pessoal. Depois relembrei também que se tais fatos tivessem ocorrido noutros tempos não tão distantes, certamente que o enfoque para o caso de Sandra Andreatta teria sido bem diferente, ainda mais ela desapadrinhada, com luz própria... Porém, achei que não seria ético revelar esses  fatos para Sandra Andratta, até porque a atitude de Maurício foi muito correta, especialmente, na sua condição de Delegado-Geral. 

Um Delegado honorificado: 

Horário: onze horas e trinta minutos, já estava no gabinete de Rodrigo Machetti e percebi que o mesmo estava bastante receptivo, sorridente, dono do pedaço, falante, cheio de opinião e parecia com os egos nas alturas: “Era o jovem Rodrigo de sempre, ta aí o filho do  Marcondes Marchetti” (ex-Deputado Estadual) pensei. Rodrigo Marchetti era o tipo de pessoa que procurava se impor perante determinadas pessoas (autoridades) que se faziam presente no seu gabinete, procurando  monopolizar a palavra, as idéias..., até como forma de se notabilizar, se auto afirmar, ganhar  visibilidade... De começo, Rodrigo me mostrou um convite que recebeu para a solenidade de entrega de título de “cidadão honorário” de Blumenau, e perguntou:

- “Deixa eu te fazer uma consulta, tu que entendes, eu tenho direito a pontos para promoção?”

Olhei para Rodrigo e procurei lhe responder o que seria mais agradável para o momento, porém, de forma sutil respondi:

- “Tudo bem, pode requerer. Não tem problema, pode requerer...!”

Rodrigo interrompeu:

- “Sim, é para o Conselho Superior?”

Os embates com o Comissário e Vereador Nagel Marinho:

Respondi afirmativamente, só. Rodrigo fez algumas considerações ao Vereador Nagel (também policial civil antigo), dizendo:

- “Bom, o Nagel todo mundo conhece. Ele me fez esse agrado (foi o vereador responsável pela concessão do referido título honorífico...), depois vai lá e me dá um pau. O filho dele é dono de despachante aqui em Blumenau e a filha dele (Escrivã Sandra) estava aqui na ‘Regional’ e enquanto beneficiava ele estava tudo bem, mas depois que foi contrariado aí ele caiu de pau em cima de mim lá na Câmara”.

No final da audiência, argumentei que o Comissário Nagel tinha muita história na instituição. Rodrigo fez uma cara de descaso e dúvida... Em determinado momento Rodrigo falou alguma coisa de que Nagel trabalhou com Luiz Henrique na época do DOPS. Depois entendi que Rodrigo estava querendo dizer que Nagel era um “m.”, e que  não acreditava nessa história de que os dois trabalharam juntos... Apanhei meu celular onde constava uma entrevista que fiz com Nagel há uns dias atrás, e pedi para que ele assistisse. Na verdade era um texto com Rodrigo Machetti e na verdade queria testar  sua sensibilidade para com a história da instituição policial..., pretendia sentir  seu interesse em conhecer e valorizar a trajetória de nossos policiais e não deu outra, enquanto eu falava  ele ficou segurando meu celular enquanto passava o “filme”, e depois de assistir não mais do que um ou dois minutos, parecia saturado..., estava louco para me devolver o celular, demonstrando desinteresse em ouvir um  testemunho histórico de um simples policial que tinha a seu favor a sua trajetória profissional, anos dedicados à instituição. Resolvi retomar o celular de volta, percebendo a total apatia e desinteresse do Delegado Regional, sem que pudesse julgá-lo porque esse talvez fosse o comportamento de muitos Delegados para com seus subalternos. Logo que retomei meu  celular Rodrigo Marchetti deixou escapar uma pérola:

- “É, tem que tomar cuidado com o Nagel porque ele é muito ‘m.’...”.

Tive vontade de sair em defesa de Nagel, mas a estatura de Rodrigo Marchetti na Instituição e suas ligações políticas me fez repensar, retroceder, refletir... Falamos sobre a PEC 549 e Rodrigo foi enfático no sentido de que não seria  aprovada e nisso ele tinha toda razão. Rodrigo defendeu o governador Luiz Henrique Silveira, muito embora reconhecesse que a equiparação salarial dos Oficias da PM com os Delegados teria se constituído um erro e um  fato censurável.