Um certo ar “fatalístico” e diante de um ser ‘contesta a dor’?  

Dia 11.06.08, horário: onze horas e trinta minutos, estava na Corregedoria da Polícia Civil E  recebi uma ligação de Marilisa no meu celular. Iniciamos a conversa com as amenidades de costume e ela  me fez uma consulta a respeito de como deveria agir no caso de uma empresa que estaria  se dispondo a cuidar do jardim da 6ª DP de Joinville. Achei interessante a consulta e fiquei pensando: “Acho que ela precisa é de contato com as pessoas que são próximas, talvez tenha repassado o  filme do nosso encontro com o Deputado Darci de Matos e com o Secretário de Administração Antonio Gavazzoni... Era também o caso do  Dirceu Silveira, José Alves, Zulmar..., seria uma  simples questão de alianças, afeição, amizade, proximidade, insegurança...?”  Interrompi meus pensamentos e recomendei que ela comunicasse o fato para ao Delegado Regional (Dirceu Silveira). Também, recomendei que celebrasse um convênio com a empresa, remetendo cópia da minuta para o Delegado Regional, antes mesmo de assinar o termo. Marilisa deixou escapar um ar de frustração:

- “Ah, já sei, se é tão complicado assim, acho que vai ficar do jeito que está, estou vendo que só vou me incomodar...”.

Interrompi:

- “Espera aí senhora, calma, por que esse ar ‘fatalístico’, por que essa reação terminal? Acho que um pouco de prudência não faz mal. Aí em Joinville não existem empresas que cuidam de jardins públicos? São empresas que adotam praças...?”

Marilisa confirmou:

- “Ah, sim, aqui em Joinville tem...”.

Interrompi:

- “Então, não tem problema, você pode celebrar esse convênio, mas vê se faz a coisa certa para depois não se descabelar, entendeu? Só me falta depois...”.

Marilisa me interrompeu:

- “Mas o Maurício e o Dirceu estiveram outro dia aqui na minha Delegacia e eu comuniquei a eles que estava adotando essa medida...”.

Interrompi:

- “Bom, Marilisa, tu sabes, né, este ano é eleitoral, daqui a pouco alguém vai aí na tua Delegacia e fotografa esse pessoal da empresa e publica no jornal dizendo que estão fazendo política, aí eu quero ver Maurício, o Dirceu..., bota no papel...!”

Marilisa parece que sentiu o peso de minhas palavras, mas não deixou externar o que pretendia fazer e na sequência  deu o toque do porquê do verdadeiro motivo do seu telefonema:

- “Escuta, o pessoal do Ministério Público mandou para o Dirceu uma requisição pedindo a instauração de inquérito policial contra o pessoal da 6ª DP porque outro dia atenderam mal algumas pessoas aqui... É tu que vais presidir a sindicância? Ah, eles agora não querem te dar mais nada aqui de Joinville, estão te colocando de escanteio, não é?”

Fiquei surpreso e argumentei:

- “Marilisa, tu me conheces. Sabes que eu sou meio contestador, mas não é nada disso...  Confesso que não estou sabendo de nada. Bom, tu tens certeza que o Dirceu comunicou isso à Corregedoria?”

Marilisa respondeu:

- “O que eu sei é que o Dirceu mandou os documentos para que eu instaure inquérito por prevaricação...”.

Interrompi:

- “Sim, mas isso é contra quem?”

Marilisa respondeu meio que se fazendo de desentendida:

- “Ah, é contra todo mundo...”.

Interrompi:

- “Como todo mundo? Você é a Delegada da 6ª DP, então isso é contra você, não é?”

Marilisa, meio que forçada, acabou concordando. Então aproveitei para recomendar:

- “Olha, tu pegas esse material e devolve para o Dirceu. Tu argüi a tua suspeição e sugere que o Zulmar presida esse inquérito, ta certo?”

Marilisa respondeu:

- “O Zulmar está afastado, pediu aposentadoria, não volta mais...”.

Continuei:

- “Bom, então sugere o nome da Vivian. O que não pode é tu presidires o inquérito, entende? Vai gerar desconfianças, vamos passar um atestado de parcialidade, imagina o que o pessoal lá do fórum vai dizer? Vão rir da nossa cara, vão achar uma verdadeira incompetência nossa, mas se for a Vivian aí ninguém poderá alegar que não houve isenção, certo?”

Marilisa concordou e fomos finalizando nosso contato enquanto ela  concluiu:

- “Acho que vou ligar mais vezes para ti...”.

Brinquei, dizendo que isso era muito bom e acabamos rindo um pouco..., acalmando os ânimos, espantando possíveis dores...

As virtudes dos Delegados Maurício Eskudlark e Nilton Andrade:

Data:  12.06.08, horário: 09:00h. Estava  iniciando mais uma viagem, desta vez em direção  à cidade de Braço do Norte para ouvir o Delegado daquela cidade num processo disciplinar. Dílson foi o motorista e na viatura descaracterizada  estavam os membros da comissão: Delegada Sandra Andreatta, Escrevente Graziela e a Secretária (Investigadora) Patrícia. Bom, o prato da viagem foi  o relato de Sandra a respeito do que aconteceu... Durante seu minucioso relato Sandra  Andreatta se alternou a rir, fazer relatos e  derramar lágrimas... Sandra Andreatta relatou que durante sua penúria apenas cinco Delegados telefonaram em sinal de solidariedade e lembrou que ficou muito feliz quando havia me ligado dois dias atrás argumentando que  me entenderia se eu pedisse que a mesma deixasse a comissão, em cuja ocasião  respondi que ela estava mais incluída do que nunca, apesar da repercussão da sua “prisão” nos meios midiáticos. Sim, era verdade, ainda mais porque  havia conversado com o chefe da Corregedoria, Delegado Nilton Andrade,  que me surpreendeu reforçando que não havia nada que justificasse que ela deixasse a comissão, que não tinha nada contra que ela continuasse a trabalhar em procedimentos disciplinares, o que era  exatamente o que eu também pensava. Sandra  Andreatta relatou que se surpreendeu com a postura do Delegado-Geral Maurício Eskudlark, pois a todo tempo ficou do seu lado, não caiu na execração da mídia. Confirmei que Maurício tinha  virtudes e essa era uma delas...

“Agaves”:

Por volta das  quinze horas (aproximadamente), estava na Delegacia de Polícia de Braço do Norte para iniciar  a ouvida do Delegado Alessandro Isoppo (enquanto aguardávamos a chegada do advogado de defesa). Sandra Andreatta pediu licença e fez um relato sucinto do que ocorreu nos últimos dias na Capital, cujos  jornais deram manchete que...  O Delegado Isoppo estava entretido no computador tentando obter o número da Ordem dos Advogados, enquanto fazia seu relato procurando manter calma e passar convicção. Depois do desabafo da Delegada Sandra  resolvi perguntar ao  Delegado Isoppo se ele conhecia “agave”, mas era claro que ele estava mais preocupado em ter êxito na Internet do que respondeu a minha indagação... Em seguida resolvi fazer uma outra pergunta-provocação:

- “Mas o doutor conhece a clínica, não?”

Estava  falando da clínica de onde o ‘namorado’ de Sandra Andreatta teria tirado as duas mudas de agave (e depois recolocaram no mesmo lugar). O Delegado Isoppo tentou argumentar:

- “Clínica? Sim, ah...”.

Graziella esclareceu  que era uma clínica...  Isoppo argumentou  que não conhecia e assim terminamos a conversa e iniciamos a audiência.

Por volta das  vinte horas e cinqüenta minutos tentei falar com Marilisa no seu celular mas não consegui (não atendeu). Imaginei que ela deveria estar com “alguém”  já que era  dia dos namorados (pensei  que fosse seu namorado ou companheiro, enfim, alguém...). Resolvi mandar um torpedinho só para mexer com ela e ver sua reação: “Oi, coisinha querida, tudo dez? Já que não consigo ablar contigo... te desejo uma noite enamorada... Um beijão de sobremesa e fica bem”.

Antes de dormir fiquei pensando nos Delegados Maurício Eskudlark e Nilton Andrade..., certamente que no caso de Sandra Andreatta se tivessem adotado uma  medida extrema contra ela, como afastá-la preventivamente das funções..., ou determinado a instauração de procedimento disciplinar, talvez não pudesse segurá-la como membro das comissões disciplinares que presidia, o que seria muito dolorido... Agradeci por não ser outros tempos, por se respirar outros ares, por não  ser a época da  ex-Secretária de Segurança Pública e Delegada Lúcia Stefanovich, porque certamente que minha dileta amiga estaria ferrada e eu não não poderia fazer nada! Então, 'agaves' caberiam bem para eles dois..., não para ela!