O encontro com o Delegado Ivan Brandt: 

Horário: dezesseis horas e trinta minutos, estava  na Delegacia de Comarca de São Francisco do Sul e fui direto conversar com o Delegado Ivan Brandt. Era um assunto particular, mas acabamos tratando de  uma profusão  de assuntos  institucionais que surgiam na medida que alongávamos nossa conversação e poderiam  assim serem resumidas:

1. O  fator Delegada Sonêa à frente da Associação dos Delegados de Polícia de Santa Catarina (Adpesc) - Nessa questão consideramos que a Presidente de direito da entidade era a Delegada Sonêa, mas de fato ela não faria nada sem consultar seu esposo também Delegado Paulo Neves, Diretor Geral da “SSP” (equivalente ao cargo de Secretário Adjunto);

2. A Delegada Sonéia e o Delegado Artur Régis em Brasília e a tal PEC 549 – Não acreditamos que esse projeto seria aprovado e as viagens ao Distrito Federal não dariam em absolutamente em nada, sendo que o foco deveria ser o governo do Estado de Santa Catarina.

3. Os Oficiais da PM em peso em Brasília contra a PEC 549 – Esse fato demonstrava a complexidade em se aprovar um projeto dessa magnitude sem incluir os policiais militares, cujos embates interessavam aos governos estaduais para enfraquecer a pretensão dos Delegados.

4. A três vias de poder na Polícia Civil (cúpula, DRPs e lideranças classistas) – Certamente que não prosperaria esse movimento até porque a Delegacia-Geral seriam contra...

5. Governador Luiz Henrique da Silveira (ex-Escrivão de Polícia) – concluímos que no seu governo tivemos vários retrocessos institucionais, desde a perda de órgãos estratégicos como a “Corregedoria-Geral”, a Polícia Científica, autorização da PM lavrar termos circunstanciados, criação de horas extras para Delegados..., sem contar um dos piores arrochos salariais da história.

6. Inexistência de  projetos e  planejamento estratégico por parte das cúpulas da Polícia Civil e das lideranças classistas – O Secretário de Segurança Pública Ronaldo Benedet havia se queixado que os Delegados não lhe encaminhavam projetos...e questionamos que os projetos que foram apresentados só fizeram a instituição regredir...

7.  Omissão dos Delegados Regionais quando às questões institucionais – Nesse tópico acabamos falando sobre o Delegado Dirceu Silveira (DRP/Joinville) por seu histórico (ex-Delegado-Geral e diretor da DEIC), além de possuir ligações com o Governador e políticos da maior cidade do Estado,

8. O encontro com o Secretário Antonio Gavazzoni e com o Deputado Darci de Matos (última sexta-feira em Joinville) – Relatei sobre nosso encontro para  tratar da indenização aposentatória e que acabamos conversando sobre o “Iprev”  , neste caso com  a participação ativa da  Delegada Marilisa Boehm.

10. Proposta de criação da Procuradoria-Geral de Polícia e o segundo grau na carreira de Delegado de Polícia – Fiz um relato sobre a história do nosso projeto desde a década de oitenta e que teríamos que nos preparar para  a grande oportunidade que teríamos quando o Vice-Governador  Leonel Pavan viesse assumir o governo do Estado, justamente ele que era amigo dos Delegados Maurício Eskudlark, Ademir Serafim, Magali Ignácio...

11. Criação do Colégio de Delegados Regionais de Polícia – Sobre essa proposta relatei que havia conversado com os DRPs Dirceu Silveira, Juraci Darolt, Gilberto Cervi e Silva, Jurema Wolf..., mas todos acharam o projeto bonito, porém...

12. A necessidade de nos prepararmos para  o último ano de governo (2008), quando Leonel Pavan viesse  assumir o comando do Executivo Estadual – Nesse caso, chamei a atenção que haveria  um “alinhamento dos astros” (num sentido figurado, pois Maurício Eskudlark e Leonel Pavan eram  do mesmo partido – PSDB) e juntos poderiam formar uma frente para alavancar diversos projetos de interesse da segurança pública.

13. Os perigos que se avizinham caso os Delegados passassem  os oito anos de governo Luiz Henrique totalmente submissos e acovardados – Nesse tópico conversamos que  o próximo governador do Estado deveria ser  Esperidião Amin, Angela ou Raimundo Colombo e que um deles poderiam  tratar os Delegados a pão e água como estava fazendo Luiz Henrique da Silveira. Neste momento, apanhei  uma revista  “Momento Policial” (última edição) que estava numa prateleira de uma armário  do gabinete do Delegado Ivan Brandt, cujo artigo  mostrava o Delegado Ademir Serafim  elogiando o governo estadual e o tratamento dispensado aos Delegados e à Polícia Civil. Ivan fez um relato da visita que o Secretário Ronaldo Benedet fez de helicóptero dias atrás, na companhia de Maurício Eskudlark, Ademir Serafim e Dirceu Silveira... Ivan Brandt ficou pasmo porque o Secretário de Segurança não conhecia nada da geografia do norte do Estado, ou seja, não sabia onde ficava o Balneário Enseada, a Vila da Glória... No final da conversa, argumentei que nós tínhamos  que rezar e sobreviver naqueles anos  que ainda faltam para terminar o governo Luiz Henrique, chegando a proclamar: “coitado de nós (Delegados) se não tivermos um projeto, um plano...”.  Ivan Bandt concordou  comentando  que só pensava em esquecer aquele  governo do PMDB.

14.  Salários dos Patrulheiros Rodoviários Federais, cuja carreira era de segundo grau (percebiam salários superiores a um  Delegado inicial de carreira no Estado de Santa Catarina) – Neste caso, conversamos que os PRFs  se constituem auxiliares das autoridades policiais e durante o governo Luiz Henrique as perdas salariais foram terríveis, não tivemos correções, enquanto que outras carreiras avançaram...

15.  Salários da Polícia Federal – No mesmo sentido anterior,  a pergunta que ficou no ar foi onde andaria nossas lideranças? A começar pela cúpula da Polícia Civil, a direção da Adpesc (todos os seus diretores), as demais lideranças classistas... No mesmo sentido, onde estariam os grandes Delegados que foram líderes durante o governo Luiz Henrique da Silveira, como Dirceu Silveira, Thomé, Ilson Silva...? Lembrei que quando se falava em cúpula estávamos  falando de todos que exerciam algum cargo político  dentro do governo, também as diversas lideranças classistas, os Delegados Regionais...?

Depois que deixei a Delegacia da Comarca de São Francisco do Sul fiquei imaginando porque o Delegado Ivan Brandt nos últimos anos praticamente só usava camisa preta em serviço? Era um profissional discreto, há décadas atuando na mesma cidade onde criou raízes profundas... Apesar da sua discrição profissional, há tempos já havia concluído que era atento a todos os movimentos dentro da instituição, bem informado, tinha opinião formada sobre tudo..., especialmente, sabia quem era quem, mas sem se expressar publicamente, tampouco, expunha suas opiniões.