DELEGADA MARIA ELISA (PARTE CXCVI): “SONHOS DOS DELEGADOS NEVES E SONÊA: ESTARIAM SE REDESENHANDO? O AMIGO DO ‘CONY’ (OTTO MARIA CARPEAUX). ‘BARBARELLA E AS DIMENSÕES ESTELARES AZUIS’. REFORMA DISCIPLINAR?”
Por Felipe Genovez | 16/09/2019 | HistóriaOs Delegados “Neves”:
Uma foto do Delegado Neves (Secretário Adjunto da Segurança Pública e esposo da Delegada Sonêa Maria Ventura Neves – Presidente da Adpesc) em reunião com responsáveis pelo Centro de Triagem da Polícia Civil. Detalhe: O Delegado Neves encontrava-se interinamente respondendo pela Pasta da Segurança Pública durante o afastamento do Titular Deputado Ronaldo Benedet. A imagem dava impressão que todos os sonhos do casal estariam, enfim, se realizando, pois haveria possibilidade do cônjuge varão entrar para a galeria dos imortais da Segurança Pública (site: www.ssp.sc.gov.br – data: 30.09.08). A foto do Secretário Adjunto da SSP me remeteu ao que Carlos Heitor Cony, numa das suas belíssimas crônicas na “Folha de São Paulo”, referindo-se ao que declarou um amigo (Otto Maria Carpeaux) no Rio de Janeiro, assim se reportou: “Eu queria ser Chefe da Polícia por apenas um minuto”.
Uma proposta para o Corregedor da Polícia Civil:
Dia 26.09.08, repassei para o Corregedor Nilton Andrade uma proposta de alteração do Estatuto da Polícia Civil, especificamente, na parte que tratava sobre sanções disciplinares. Não alimentava muitas esperanças que Nilton pudesse se interessar sobre o assunto, mas de qualquer maneira era uma forma de me manter ativo, disposto a colaborar e de apresentar alguma idéia nova... Nilton Andrade pediu que eu mandasse o material por meio de e-mail e foi assim que eu agi naquela sexta-feira.
Dimensões estelares azuis:
Data: 30.09.08. Horário: 15:30h. Estava na minha sala (Corregedoria da Polícia Civil) e tocou o telefone. Do outro lado da linha aquela voz suave que de certa forma me surpreendeu mais uma vez, talvez reflexo ainda da nossa última viagem:
- “Tudo bem meu querido”.
Tive que processar um pouco a informação, mas se tratava nada mais nada menos da mulher que durante os últimos tempos se fez presente de forma visceral em minha vida, tanto em nível profissional como pessoal. Respondi que estava tudo bem, muito embora aquela resposta tivesse um quê de formalismo. Marilisa, com ares que mais emplacava um tipo de sintonia de quem parecia pronta para conversar via “telemarketing” ou, talvez, com um caixa de banco, ascensorista, taxista..., enfim, coisa do tipo..., cuja rotulação poderia ser definida como pretextação’ auricular a dois:
- “Eu lembrei, sabe daquele advogado do caso da Elizete que a gente tentou contatar quando estava viajando para o Rio...?”
Processei um pouco a informação e logo me localizei:
- “Ah, sim, sei, sei!”
Marilisa continuou não menos cálida, porém, contida:
- “Ele me ligou enquanto a gente estava viajando. Eu disse para ele que a gente ouviu a testemunha lá no Rio e que tentou localizar ele previamente. Ele disse que não tem problema algum e que depois assinaria o depoimento numa boa. Lembra, a gente ligou para a Patrícia para ver se conseguia localizar ele...
Interrompi:
-“Puxa, que bom, pena que a Patrícia não esteja hoje por aqui porque se não eu pedia para ela já contatar contigo para se informar direitinho...”.
A conversa terminou por ali mesmo, sem que houvesse mais o que mais dizer, ou seja, Marilisa parecendo sob efeito de um flix paralizante, colocava “barbarella” numa dimensão que envolvia um misto de melancolia, nostalgia, delegacia..., com trânsito em dimensões estelares azuis, o que fez com que eu tivesse que guardar as minhas armas.
A proposta de reforma disciplinar:
Por volta das dezessete horas estava consultando a Lei Complementar (SC) n. 417/2008 que havia aumentado o efetivo da Polícia Militar catarinense quando constatei que o pulo havia sido grande, ou seja, de 13.713 PMs passaram para 20.308. Enquanto isso, as três forças que comandavam a Polícia Civil, ou seja, cúpula (todos os cargos de direção, incluídos principalmente os Delegado Neves e Ricardo Feijó) davam a impressão que passavam ao largo desses projetos. Obviamente que não queriam ser incomodados e apenas queriam tratar de seus interesses pessoais...
Por volta das dezoito horas e trinta minutos o Delegado Nilton Andrade (Corregedor da Polícia Civil) veio até minha sala ao lado e argumentou que tinha examinado o projeto de reforma do sistema disciplinar que havia proposto, com alterações ao Estatuto da Polícia Civil (havia repassado para ele o projeto de lei complementar no final da semana passada). Nilton Andrade comentou que havia proposto algumas alterações e fomos para sua sala rever suas sugestões. Durante o curso da conversa Nilton revelou mais uma vez porque estava acima da média dos seus pares, a começar por sua humildade e habilidade no trato... Também, o que me chamou a atenção foi a sua receptividade ao projeto, além da vontade de contribuir para aperfeiçoar a proposta apresentando novas idéias.
Data: 01.10.08. Horário: 10:00h. O Delegado Nilton Andrade retornou até minha sala para conversar sobre o projeto de reforma disciplinar e estatutária. Mais uma vez fiquei impressionado com a humildade de Nilton e ao mesmo tempo sua preocupação em dar retorno sobre o que discutimos anteriormente sobre a matéria. Acabamos na sala de Nilton porque havia argumentado que não recebi seu e-mail com suas sugestões. Depois descobrimos que Nilton havia mandado o material para um e-mail que estava desativado. Após abrir o arquivo Nilton fez algumas considerações sobre minha proposta, sugerindo algumas alterações (especialmente na quantidade de dias de suspensão para as infrações relativas à suspensão disciplinar) e me questionando sobre outras situações. Depois que terminamos a conversa me comprometi a rever a matéria e de lhe repassar o mais breve possível minhas considerações. E assim foi feito, pois no correr da semana mandei várias propostas e o anteprojeto que tinha poucos artigos e parágrafos acabou ganhando corpo e complexidade.