DELEGADA MARIA ELISA (PARTE CXII): “ DESAFIO PARA O DELEGADO DJALMA ALCÂNTARA? BRASÍLIA ONDE TUDO ACONTECE? IRÃO AO FUTURO GOVERNADOR LEONEL PAVAN (HAVERIA ‘ONDAS’ GALVANIZANTES E ASPIRAÇÕES HISTÓRICAS...?)?”
Por Felipe Genovez | 25/04/2019 | HistóriaO encontro com o Delegado Djalma Alcântara:
No dia 19.10.07, horário: nove horas e cinqüenta minutos, estava na Corregedoria pronta para iniciar uma audiência de oitiva do Delegado Djalma Alcântara (casado com a Delegada Fedhra), que atuava no “Serviço Aerotático”, juntamente com os Delegados Jonas e Senna. Depois que encerrei coleta do depoimento conversamos a respeito da importância dos Delegados se conscientizarem que o nosso grande momento seria quando o Vice-
Governador Leonel Pavan viesse a assumir o governo do Estado. Aproveitei para fazer alguns comentários sobre a proposta de Emenda Constitucional que pretendia criar a “Procuradoria-Geral de Polícia”. Logo depois que entreguei cópia da proposta de Emenda Constitucional, Djalma dobrou o documento para guardá-lo, entretanto, sem que fizesse alguma leitura. A seguir, Djalma me perguntou sobre como estavam as “promoções”. Interrompi:
- “Primeiro lê a proposta de Emenda. É para tu leres, se tiveres alguma dúvida, pergunte agora, temos que a qualquer custo gerar uma ‘onda’, temos que cristalizar isso como aspiração histórica, isso é urgente...”.
Djalma tentou argumentar alguma coisa utilizando um verbo o que me fez intervir de forma indefectível logo após ele afirmar que a “...gente adécqua...”, e por isso tive que sair em seu socorro quando ao uso da nossa língua portuguesa para advertir que tomasse cuidado com o uso dos “defectivos”. Djalma de início deu a impressão que não tinha entendido o que me fez demorar para dar as explicações. Depois dessa conversa meu interlocutor teve grande humildade para agradecer:
- “Que bom, apreendi mais uma!”
Argumentei:
- “Sim, com os Delegados a gente tem essa liberdade, imagina um colega nossa dando entrevista e falando ‘eu adécquo’, fica feio para a classe...”.
Djalma concordou e, finalmente, baixou a cabeça e passou a ler a proposta de emenda. Depois disso, demonstrando certa atenção comentou:
- “Puxa, isso é muito bom. Quer dizer que a gente traz de volta a perícia para a Polícia Civil?”
Respondi:
- “Não é isso, o que nós estamos propondo é criar a nossa perícia. O IGP faz as perícias gerais para o Estado e quando requisitadas pela Justiça. Já nós propomos a criação da nossa perícia para atender a nossa demanda, é isso que nós queremos, dar agilidade, facilitar os nossos trabalhos...”.
A seguir, fiz alguns comentários sobre a idéia “Procuradoria-Geral de Polícia”, o segundo grau na carreira de Delegado de Polícia. Pedi para Djalma que levasse para frente a idéia, que difundisse, que ajudasse a gerar aquela “onda” e ele fez o seguinte comentário:
- “Eu não tinha pensado, mas realmente nós temos que aproveitar o momento em que o Pavan vier a assumir o governo, vai ser muito importante...”.
Vamos todos para Brasília?
Concordei com seu raciocínio, pois era justamente isso que eu estava tentando lhe dizer. Aproveitei para falar das três vias políticas principais para que pudéssemos fazer as coisas acontecerem na instituição (primeiro a cúpula, depois os Delegados Regionais e as lideranças classistas) e da necessidade de pressionamos essas três “vias” para que promovessem nossas melhorias. Argumentei que se conseguíssemos naquele governo Pavan criar um órgão independente, no próximo conseguiríamos buscar um tratamento melhor para os policiais, um plano de carreira, o que também seria bom para todos os policiais, pois poderíamos reivindicar melhorias gerais, ao contrário da situação em que nos encontrávamos, todos “abraçadinhos”, sem perspectivas... Falamos também dos “projetos” da Presidente da Adpesc (Delegada Sonêa) e Djalma argumentou que já havia um consenso entre os Delegados que a “Pec 549” era inviável porque os governadores já haviam declarado que iriam intervir contra no Senado Federal. Aproveitei para comentar que no ano de 1998 já havia sido revogado o art. 241 da CF, no governo “FHC”, por meio da EC 18/98 e que isso ocorreu justamente porque os Estados pobres não tinham como pagar isonomia salarial com Promotores de Justiça. Fiz questão de frisar que queria muito bem a pessoa da Delegada Sonêa e que minhas restrições eram especificamente com relação a sua condição de “Presidente da Associação dos Delegados - Adpesc”. Também, fiz um relato sobre minhas idas e vindas à cidade de Rio do Sul onde realizei audiências e conversei com os Delegados sobre nossos projetos, inclusive, que numa certa ocasião a “Presidente” Sonêa havia viajado com a Delegada Karla Bastos e o Delegado Roberto Schulze à Brasília para fazer lobbies com a bancada de parlamentares catarinenses no Congresso Nacional (PC 549). Relatei que posteriormente Sonêa, Karla e Roberto apareceram sorridentes em fotos (sítio da Adpesc) circulando pelos gabinetes de parlamentares em Brasília. Depois, relatei minhas viagens à Itajaí, quando conversei com o Delegado Regionais Sílvio Gomes e Gilberto Cervi e Silva (Balneário Camboriú), fazendo o repasse da nossa proposta de Emenda Constitucional (Procuradoria-Geral de Polícia) e sobre o projeto de Lei sobre o “Fundo de Aposentadoria dos Policiais Civis” que estava sendo defendido também pela Delegada Marilisa Bohem. Relatei que logo em seguida o Delegado-Geral Maurício foi a Itajaí e convocou todos os Delegados daquela região (incluindo Balneário Camboriú) para dizer que aquelas reivindicações (projetos) não eram bem assim, sob o argumento que a PM não tinha nada de “fundo”... e que tratassem de trabalhar. Depois de ouvir esse relato Djalma lamentou o fato e comentou que daquele jeito o pessoal estaria mesmo sem rumo, perdido, ninguém acreditaria em mais nada. Contraditei, dizendo que a ordem era lutar, resistir, participar, contestar... e que deveríamos ser capazes de gerar uma onda para cobrar daquelas “três vias” atitude, postura classista, iniciativa, projetos e resultados. No final da conversa pedi para que Djalma levasse as nossas idéias para frente e que ajudasse a gerar aquela “onda” e no processo de cristalização de nossas aspirações históricas.