Um estranho convite e o questionamento de Patrícia Angélica:

Data: 25.08.08. Horário: 13:40h. Estava viajando de Ascurra para Barra do Sul, juntamente com a policial Patrícia Angélica (e com o motorista Dílson Pacheco), quando já próximo da BR 101, ela resolveu fazer um questionamento:

- “...Eu quero ver a cara da..., quando ela receber a portaria de acareação...”.

Ouvi atentamente e imaginei que Patrícia Angélica quisesse me sondar também para saber qual seria a minha reação já que essa “testemunha” havia pedido noutra audiência o meu número de celular porque queria sair comigo na noite... Procurei ser bem convicto ao tratar o assunto com minha secretária e respondi que quando ela me pediu o número do meu celular eu dei o número errado (na verdade não foi bem assim, eu dei um número de celular em desuso, desativado que havia pertencido ao meu “chacreiro” em São Francisco do Sul e que era completamente inacessível...). Patrícia Angélica argumentou:

- “Aquela é famosa. E além do mais ela gosta de aparecer, depois que sai com a pessoa fica dizendo prá todo mundo...”.

Interrompi:

- “Pode deixar Patrícia, tudo bem, eu até poderia ter saído com ela, mas noutras circunstâncias, digamos que nós todos fôssemos jantar juntos...”.

Patrícia Angélica deu a impressão que entendeu o que eu estava querendo lhe dizer, afinal, se tratava de uma advogada, ex-policial, fazendo a seguinte observação:

- “Ah, sim, aí sim, aí tudo bem, mas acho...”.

Continuei:

- “...Ou, então, digamos que ela tivesse algum problema e precisasse dos nossos conselhos, sim, nesse caso valeria a pena a gente tentar ajudar, mas como as intenções dela poderiam ser bem ser outras aí ficariabem complicado...”.

Depois dessa conversa fiquei pensando em silêncio: “Ela pode ser uma pessoa boa, mas também pode ser uma baita encrenca..., talvez quisesse me sondar ou tivesse outras intenções. Afinal, por que será que ela estaria dando encima do “Corregedor”? Estaria movida por algum outro desígnio oculto? Poderia ser só para me sondar ou a mando de alguém? Também poderia apenas querer ficar próxima de mim para ter acesso a informações privilegiadas? Esse caso ‘Marcucci’ continua repercutindo e são tantos osquestionamentos que é melhor superar, até porque estava bem imunizado e porque poderia ser mais um caso de alma perdida e pobre...”.

Seria um processo de desencantamento de Marilisa ou...?

Por volta das quinze horas estava ainda me dirigindo para a Delegacia de Polícia de Barra do Sul e aproveitei para comentar com Patrícia Angélica o que já havia dito antes sobre a viagem para São Paulo na segunda quinzena de setembro/2008, afirmando que   Marilisa deveria ser sondada se teria mudado de idéia e se participaria da viagem considerando a sua condição de vogal. Comentei novamente que tempos atrás Marilisa havia me solicitado para ficar de fora, inclusive, e que não pretendia mais participar de comissões disciplinares. Além disso, como Patrícia Angélica não poderia participar dessa viagem em razão da sua faculdade, então, que seria mais importante que a Escrivã Ana Balestrim da DRP de Joinville (também vogal no mesmo procedimento disciplinar) assumisse esse compromisso. Durante o curso dessa conversa Patrícia Angélica e Dílson Pacheco relataram que quando conversaram com Marilisa na semana passada sobre a viagem à São Paulo a mesma parecia ter  ficado bastante empolgada e que poderiam contar com ela, o que me deixou feliz, especialmente, porque isso lhe traria motivação, nos aproximaria, sem contar o fato de   contribuir para que adotasse prazerosamente  os cuidados com os seus cabelos, unhas, roupas..., enfim, para as mudanças de ares e para prolongar nossos contatos.

Também, aproveitei para solicitar que conversassem com Marilisa e, com jeitinho, sondassem ela sobre a viagem até para que não desse a impressão que estaria sendo descartada com a proposta de substituição. A bem da verdade a questão era de fundo, Marilisa – a exemplo do “Zico” (motorista da Corregedoria da Polícia Civil), às vezes parecia muito sugadora de energia, porém, de uma forma de “encapsulamento involuntário”, e o melhor seria ficar cada vez mais invisível, menos tópico, inatingível no plano pessoal..., se bem que ainda tínhamos estrada pela nosso frente, especialmente, por conta do nosso “projeto da indenização aposentatória para os policiais”.

Mas Marilisa pelo menos tinha um quê de super importância na minha vida presente e que ela contribuiu em muito para que pudéssemos juntar forças para um objetivo maior: revelar a vida institucional por dentro..., se bem que ela desconhecia esse viés, era parte interessada nos resultados... (como eu, mas pensar assim seria muito pequeno, um lugar comum...).

Quando batem as horas de “suspiros” e “revoltos”:

Além disso, existia aquela outra sindicância que iria presidir para apurar responsabilidades do Delegado Zulmar Valverde e da própria Marilisa...  Passei a antever a hora que Patrícia Angélica fosse mandar a cópia da portaria procedimental em cujo procedimento Marilisa estaria sob suspeita, certamente que iria inventar algum pretexto para me ligar, como nas outras vezes em que estava presidindo sindicâncias, quando ela ou policiais da sua repartição estariam sendo intimados na condição de  testemunhas e investigados. Sim, era verdade que Marilisa era estressada, nervosa quando chamada para figurar nesse polo...  e nessas circunstâncias, até como mecanismo de sobrevivência, acendia uma luz e parece que  percebiaa importância da proximidade comigo (O corregedor!), pois poderia estar presente essa figura reverencial, o seria muito lastimável no nosso caso. Mas era assim mesmoe lamentei muito a nossa viagem juntos porque estaria me expondo, seria uma forma de estar bem visível..., mas também, todos temos nossas horas para o suspiro e o “revolto” (Ave Marilisa!).

Relações tempestuosas entre Delegados (Dirceu Silveira x Marilisa):

No dia 26.08.08, por volta das nove horas e trinta minutos, estávamos viajando para a cidade de Itapoá, quando Dílson Pacheco que estava na direção da viatura argumentou:

- “...A doutora Marilisa está empolgada para viajar com gente, conversamos ontem com ela, está muito empolgada...”.

Patrícia Angélica completou:

- “Nossa, ela está super a fim de viajar. Eu ontem conversei com ela, doutor, daquele jeito que o senhor pediu. Eu comentei com ela que o senhor... Ela disse que o doutor Dirceu está pegando muito no pé dela... Ela afirmou que quer sair um pouco da reta do doutor Dirceu...”.

Mares revoltos ou suportes e contrafortes?

Em seguida argumentei:

- “...Bom, ah se eu tivesse um clone para ir nessa viagem a São Paulo...”.

Patrícia Angélica parece que ficou curiosa e perguntou:

- “Ué, doutor, por que o senhor está dizendo isso?”

Respondi:

- “Ah, Patrícia, imagina uma viagem dessas? É super cansativo... Bom, e tem aquele problema que o ‘Zico’ apresenta, vocês conhecem, não é? O ‘Zico’ com aquela sua alugação de cabeça, sabe como é um ‘encosto’, e a gente acaba servindo de cobaia... A Marilisa também tem os seus problemas e nessa fuga a gente acaba tendo que catalisar as energias delas, mas tudo bem, ela é uma excelente pessoa, o convívio tem as suas compensações. Mas está tudo bem, está tudo definido, vamos viajar sim, mas, ah, se eu tivesse um “clone” para dividir um pouco de tudo isso...”.

Por volta das vinte e duas horas, estava em São Francisco do sul e voltei meus pensamentos para Marilisa, lembrando que ficou muito difícil os nossos contatos telefônicos, pois meu celular havia danificado e ela também desconhecia meu novo número. Então, de certa forma isso contribuiria um pouco para nossa invisibilidade, apesar da grande viagem pela frente (provavelmente a última), e acabei voltando meus pensamentos para o meu “clone” impossível e que teria que ser eu mesmo com toda a intensidade.

Apesar de tudo, acreditava que Marilisa iria deixar aquele gostinho de saudade, desde os nossos sonhos, imaginações, desejos, trocas, complementos, dores, sofrimentos, lamentos, frustrações, traições..., mas que serviriam como alicerce para nossas vidas, histórias... e marcariam nossas trajetórias existenciais.