“Dreans”?

Data: 08.08.08, não passava ainda das vinte horas, estava em minha casa em São Francisco do Sul e fui ver e rever o DVD com a velha balada “Dreans”, com vocal da veterana Steve Nicks (“Fleetwood Mac”), o que me fez imaginar a dança dos oito apropriada para aquele final de dia especial. Procurei repassar os acontecimentos do dia apreciando um bom vinho e pensando no nosso projeto do “Fundo de Aposentadoria” para os policiais e como isso contribuiria para melhorar a vida do pessoal que após anos de dedicação à sociedade, poderia ter assegurado um início de inatividade com algumas reservas que poderiam fazer a diferença em termos de dignidade e qualidade de vida. Também, como não poderia deixar de ser, lembrei da energia poderosa de Marilisa, apesar dela não ter a dimensão da importância de todos os nossos movimentos, da profundidade da nossa amizade e ligação profissional e afetiva. “Steve Nicks” de preto mandando ver na solidão a as possibilidade de ocorrência de “sonhos...” e eu sobrevoando de branco o “Ninho do Pássaro” lá em Pequim, imaginando que o comitê que organizou os jogos olímpicos havia convidado única e exclusivamente “Fleetwoody” para encerrar o show com a apresentação especial dessa banda, cuja música era mais longa do que o normal, cujos protagonistas pareciam viver uma experiência transcendental, como se suas vidas, seus erros, loucuras... tudo emergisse do nada, sem que pudessem parar de cantar para o mundo que os assistia e dizer que trovoadas só ocorrem quando há chuva, dia cinzento... Na sua frente todo o público se transformava em anjos de branco, vibravam uma energia contagiante para todo o mundo... Eles não podiam parar de tocar pois sabiam que que algo muito superior e poderoso, além das suas imaginações estivesse sendo repercutido para o universo... E a letra retornava várias vezes ao que ao essencial nas nossas vidas, o que não se poderia perder seguindo a batida de nossos corações... Com a inconfundível rouquidão no vocal,   os acordes impecáveis da guitarra, a “batida” inaudita do líder do “Fleetwood” e suas caretas de “batera” experiente, os toques impecáveis do baixo, e dos dedos de anjo sobre o teclado..., mirei o teto do meu quarto e me imaginei viajar além das estrelas e ao mesmo tempo percebendo toda a minha pequenez diante do meu universo interior, das minhas tolices frente a civilização que se fez, do que nos é imposto em termos de força cultural civilizatória, modular, setorial... e da minha missão de vida terrena.  O “Ninho do Pássaro” acabou se transformando num lugar único e que cabia na palma da minha mão, aliás, todo o nosso “mundinho”, como se a energia do cosmos estivesse concentrada naquele espaço de forma quântica... e o fim de tudo terminariam como na gênese com o “big-bang” invertido, e que na verdade nunca foi, pelo menos do jeito que as pessoas imaginam.

Moinhos de vento feito pó: 

Depois da última conversa com Marilisa, logo após desligar o telefone, fiquei repassando partes em que mencionei as velhas táticas dos políticos e pessoas “espertas” que quando querem dispensar alguém “muito chato”, “inoportuno”, “inconveniente”, “pidão”, “inexpressivo”, “insípido”, etc., ao final, se despediam sempre com frases agradáveis aos olhos e aos ouvidos, falavam aquilo que o interlocutor gostaria de ouvir... ou então concordam com o que foi dito, perguntado, solicitado...   Estava me referindo aos políticos, especialmente, no caso do nosso “projeto”, pois Marilisa comentou que procuraria novamente o Deputado Darci de Matos para pressionar seu colega de parlamento Juarez Ponticelli e argumentei que o momento era inoportuno, pois estavam todos em campanha eleitoral em seus municípios e se ela fosse cobrar alguma coisa eles são iriam vão concordar porque o momento exigia outra energia, como os políticos sabiam encarnar muito bem, empurrando com a barriga quaisquer cobranças inoportunas, o que me fez argumentar que com isso ela só queimaria o filme, muito embora assegurasse visibilidade... Mas o inusitado disso tudo não foi a questão política, os “noves-fora”, isto sim, a forma como Marilisa se despediu de mim, bem rápida, dizendo que tinha um aniversário para ir (talvez tenha acreditado que fosse verdade, mas pensando na dimensão de “sonhos”, grandezas...), deu a impressão que houve exaurimento dos assuntos, das energias... e, passo seguinte, já seríamos inconvenientes..., mas talvez tudo isso fosse pura bobagem em se tratando de um mero telefonema. Sim, porque quando Marilisa me disse que ligaria no dia seguinte (que seria sábado), logo pensei: “Bom, isso deve ser outro balão dela, como os políticos fazem quando querem dispensar alguém com um determinado grau de “submissão” seja no campo político, ideológico, reverencial, afetuoso, amoroso, cultural, científico... No seu caso a saída mais fácil poderia ter dito: ligo daqui a pouco, ligo depois, ligo logo em seguida, ligo amanhã... e eu já conhecia aqueles balões de Marilisa, tão intrépida, sagaz, às vezes tão na superfície e ao mesmo tempo frágil, impulsiva, refém de seu próprio cotidiano e de tantas coisas sem utilidade no campo real de nossas vidas, tendo que sobreviver numa instituição pávida, fenecente, que carece..., adormece..., tudo isso para o bem e para o mal. Talvez nós tivéssemos muitas responsabilidades em termos de futuro, mas o fato era a falta de consciência de classe a partir dos planos individual e coletivo. Mas o pior era a impressão que Marilisa calcou sua vida encima desses valores que a colocavam nos extremos, entre o ser e o estar, o fazer e o não fazer, o transitar e entrar em transe..., e depois como reclamar daqueles momentos negros na vida? Então, seria: ‘Pobre Marilisa’ digladiando com seus moinhos de vento feito pó!” Acabei me detendo a um outro questionamento derradeiro: “Será mesmo que ela vai me surpreender e ligar amanhã? Acho que vou esperar só para conferir, mas pra dizer o quê, fazer o quê, estar com quem...?”.  Depois fiquei me perguntando onde andaria  o Delegado Alves, completamente desaparecido. Lembrei também do Delegado Luiz Carlos dos Santos (aposentado há muitos anos) e completamente desaparecido,  de Jorge César Xavier (ex-Delegado-Geral, completamente desaparecido), do “Pedrão” (ex-Delegado-Geral), também, em estado amorfo há muitos anos, do Heitor Sché (ex-Deputado, ex-Secretário da Segurança, ex-Delegado-Geral, Delegado aposentado, tão poderoso no passado, e agora...), e tantos outros..., pobre de mim, também nesse barco.

Patrícia Angélica: 

No dia 18.08.08, por volta das quinze horas, estava na Corregedoria da Polícia Civil e a policial Patrícia Angélica veio me avisar sobre uma viagem que estava agendada para o mês de setembro (segunda quinzena) quando teria que ir ao Estado de São Paulo. Patrícia Angélica me informou que não poderia me acompanhar nessa empreitada porque teria provas na faculdade de Direito e que já havia feito contato com a Delegada Marilisa avisando da viagem e, segundo pareceu, ficou bastante contente e que estaria preparada. Tentei argumentar que Marilisa já tinha pedido para não viajar mais, pois se encontrava sozinha na Delegacia da Mulher de Joinville, com muitas responsabilidades e cobranças, especialmente, do “DRP” Dirceu Silveira. Patrícia Angélica reiterou:

- “Mas doutor, eu conversei com ela e me pareceu que ficou empolgada, disse que se prepararia para a viagem, arrumaria o cabelo e as roupas, mas se o senhor quiser eu ligo para ela...”.

Interrompi:

- “Não, Patrícia, agora não, deixa assim”.

Depois que deixei o cartório fiquei pensando: “Puxa, que desânimo, mas pudera, a Marilisa parece que está sem noção e perdeu o encanto, mas que bom que resolveu voltar atrás”.  Antes, quando a Corregedoria era aquele ‘bicho-papão’, ela era animada, empolgada, se emocionava, delirava, mas agora que passou a penetrar nas entranhas do órgão correcional parece despida dos antigos temores e reverências carreadas de formalismos, mas que bom, achei que havia mudado, seria a mais senhora de si? Poderia parecer um favor muito grande...?Estava diante de recorrentes súplicas, sem desconsiderar que talvez estivesse enfrentando problemas no plano pessoal.

De certa forma, observei nos últimos tempos que Patrícia Angélica também perdeu o brilho de secretariar o Corregedor que a acolheu em momentos péssimos, especialmente, quando sofreu agruras nas mãos do Corregedor Sérgio Maus. Se antes viajava e se empolgada com as demandas correcionais, também, se esmerava muito, entretanto, isso mudou, uma ‘estorinha’ aqui outra ali, mais outra lá e vai se somando um rosário. Exemplos? Bom, no ano passado houve o caso das férias, Patrícia Angélica, durante as suas férias, havia viajado para terra dos seus familiares (Governador Valadares – MG), só que segundo pude depurar ela teria aumentado uma semana por sua conta. Quando reassumiu justificou que havia pego uma “dengue”, o que fez com que ‘Zico’ pegasse no seu pé, pois a ‘dengue’ não se curava em uma semana... Houve também aquele pedido reiterado de contato com a ‘Karla’ (envolvida numa ocorrência disciplinar) e pedi várias vezes para Patrícia Angélica realizar uma diligência e ela sempre saía com evasivas que não conseguia localizar a policial, até que um dia fiquei passado e peguei o número do telefone que estava na ocorrência, fiz a primeira ligação na frente da Patrícia Angélica e não demorou duas ou três chamadas que Karla atendeu. Patrícia Angélica pareceu perder o rebolado e meio amarelada comentou:

- “Ah, doutor, eu tinha tentando várias vezes e nunca consegui ligação, como é que o senhor conseguiu?”

Ainda, no corrente ano Patrícia Angélica tinha jurado várias vezes que viajaria de férias apenas duas semanas até Governador Valadares, só que depois que se foi fiquei sabendo que na verdade seria um mês. Tinha solicitado que Patrícia Angélica agendasse várias ouvidas durante o curso das duas semanas, para não ficar parado, mas qual não foi a minha surpresa? Fiquei quase que um mês com os procedimentos estagnados, ou seja, fiz algumas audiências sozinho na primeira semana e nas que se seguiram fiquei simplesmente remando, remando...  Há poucos dias, pedi que Patrícia Angélica fizesse uma diligência na 2ª DP/Saco dos Limões com um colombiano (Ovídio), asilado político por envolvimento com a guerrilha naquele país, e depois de alguns dias ela veio me dizer que foi até àquela unidade policial, no entanto, não se fez acompanhar do estrangeiro porque não conseguiu falar com o mesmo por meio de telefone... Imediatamente lembrei do caso da Karla e a minha vontade foi novamente pegar o telefone na sua presença e ligar, mas aí pareceria muita “pegação” de pé. Ontem, novamente Patrícia Angélica parece que tentou me dar uma rasteira numa diligência que há dias estava cobrando. Era um deslocamento até um clube localizado no município de São José, com a finalidade de confirmar uma informação a respeito de um policial que se encontrava fazendo segurança no estabelecimento, com autorização do Delegado Pedro Fernandes Pereira Filho (3ª DP/Estreito). Patrícia Angélica veio me dizer que naquele dia que agendei (manhã do dia seguinte) o motorista Zeferino faria a diligência. Olhei para ela e comentei:

- Mas, Patrícia, eu não disse que você tem que estar junto? Imagina, mandar o Zeferino que não sabe de nada...”.

Patrícia Angélica me interrompeu dizendo que tinha expedido uma ordem de serviço onde formulou três perguntas, o que me fez argumentar:

- “Mas, Patrícia, isso envolve um Delegado de Polícia, não dá para mandar o Zeferino sozinho lá, pode haver desdobramentos, imagina?”

Formulei algumas perguntas que poderiam ocorrer na hora e Patrícia Angélica se comprometeu a realizar pessoalmente a diligência. Bom, no caso da Patrícia outras coisas mais poderiam ser anotadas mais recentemente, como por exemplo a falta de um controle de testemunhas durante as viagens, sendo que como não pedem confirmação, muitas não comparecem as audiências, ou ela marca poucas testemunhas para serem ouvidas no dia, e cai a produtividade... Êta Patrícia Angélica, um misto de anjo mistral e cabalístico?