A virada e um sopro de vida?

Data: 31.07.08. Horário: 15:00h. Mandei um torpedo para Marilisa dizendo para tomar cuidado com a estrada à noite já que considerava que estaria com o pé na estrada. Na verdade estava meio que duvidando que ela realmente tivesse ido à noite, mas tudo era possível, ainda mais que dava a impressão que dirigia bem, além do fato de estar descompromissada com os seus serviços profissionais. 

No dia 01.08.08, por volta das dezesseis horas, tomei conhecimento que a chapa liderada pelo atual presidente do "Sintrasp" (ex-Fecapoc), Escrivão João Batista, há dezesseis anos ininterruptos na direção daquela entidade, conseguiu mais uma vez se reeleger por mais dois anos, com uma margem a cem votos contra a chapa de oposição que teve que entrar na Justiça para obter o direito de concorrer. Sim, era um dia muito triste, um dia lamentável, o que me fez perguntar como os policiais permitiram mais essa "monstruosidade" que vai de encontro aquilo que deixei no passado, ou seja, o fim da "perpetuação" de lideranças impostas sob artimanhas internas, favorecimentos, jogos de interesses, manipulações ou falta de ética, moral, princípios..., enfim, seriam mais anos de retrocessos, atrasos... , enquanto eu me pus a repensar sobre um desejo antigo de ruptura na minha vida profissional, uma virada de página...e buscar um novo sopro de vida.

Sinais crepusculares? 

Do outro lado a Adpesc (Associação dos Delegados de Polícia), sob direção da Delegada Sonêa (e de seu marido "Secretário Adjunto da Pasta da Segurança Pública" presidente de fato e que blindaram o governo contra quaisquer embates...). E, pensei: "Se os policiais têm essa visão histórico-policial, se são capazes de se deixarem facilmente serem enganados, se estão satisfeitos com a situação político-institucional em que se encontram... seria a hora de me tornar invisível, havia chegado a hora de me calar, de me retrair, a de me retirar de cena, de esquecer o passado...?" Lembrei de Marilisa, do nosso projeto, do último tento, nenhum outro mais, seria sinais crepusculares. Naquele momento a grande decepção não seria mais tanto com aqueles que se "apoderaram" de uma entidade que lutamos para edificar e resistir, mas com os próprios policiais que se deixavam levar..., que permitiam o "avesso do avesso" institucional.

No dia 05.08.08, por volta das dezesseis horas, liguei para o policial "Marquinhos" (Setor de  da "GEARH - SSP"), com o objetivo de conseguir algumas informações e meu fiel escudeiro logo foi relatando que nas últimas eleições para o "Sintrasp" fez campanha para o candidato Escrivão "Paulinho" (da chapa de oposição ao Escrivão João Batista), no entanto, como esse pessoal era apoiado pela cúpula da instituição e grande parte dos policiais naquele momento estava alimentando verdadeiro ódio ao casal ?N? e ?S? que davam as cartas na Polícia Civil, acabaram mudando de voto e optando por manter a chapa de João Batista por mais alguns anos frente ao "Sintrasp". Pensei comigo: "Como é lamentável esse quadro classista, tudo isso é cheira a uma grande m....". Dei meus parabéns para "Marquito" porque que acabou se neutralizando, ou seja, retrocedeu na sua campanha para seu amigo afim "Paulinho" porque estava encontrando muitas resistências entre colegas de trabalho e policiais. "Marquinhos" ainda comentou:

- Ainda bem que a eleição foi democrática, pelo menos isso.

Interrompi:

- Dá licença, né Marquinhos. Os caras estão há dezesseis anos no poder, permaneceram com a máquina nas mãos durante todo esse tempo, controlaram todo todo esse processo eleitoral, a chapa de oposição só conseguiu concorrer porque entrou na Justiça..., dá licença, Marquinhos, e você chama isso de democracia?

Na verdade, neste caso a minha visão sobre democracia era bem outra, e naquele momento com o resultado, considerando o princípio do "utilitarismo" ("quero estar bem com quem ganhou") e, considerando o contexto, claro que valeria como "argumento para o novo, o que deveria estar porvir?. Prossegui nas minhasopiniões e Marquinhos passou a dar ênfase ao fato dos policiais não estarem mais suportando os desmandos dos Delegados casal "N." e "S." na Polícia Civil. Acabei tendo que concordar em parte e lembrei da conversa que tive com a Delegada Sandra Andreata, quando estávamos viajando de Canoinhas para Mafra e ela me disse que o pessoal da chapa do Paulinho estaria sendo apoiado pela cúpula da Polícia Civil, leia-se "Delegados Maurício Eskudlark  e Ademir Serafim", com quem estavam em rota de colisão e foi nesse momento que achei que todos estariam perdidos, havia zonas de conflitos e atritos, jogos de interesses, razão porque preferi me calar naquele momento até por que o "casal-vinte" viveria a tantas tempestades, jogos de interesses pela frente...

Deputado Jurarez Ponticelli seria um aliado?

Por volta das dezoito horas e dez minutos fui dar uma olhada no "site" da Assembleia Legislativa do Estado e constatei que o projeto da "indenização aposentatória" tinha um requerimento subscrito pelo Deputado Juarez Ponticelli (Tubarão), da Comissão de Constituição e Justiça, de cujo momento constava a manifestação pela realização de audiências públicas e por manifestações das lideranças classistas que integram a Segurança Pública do Estado. Imediatamente liguei para o Delegado Regional de Tubarão (Renato Poeta) e repassei essas informações. Deixei a minha indignação de lado por ele estar alheio, guardei comigo as minhas cobras e lagartos contra as lideranças classistas (em especial à direção da Adpesc) e me comprometi a lhe mandar um e-mail detalhando o assunto para que fizesse contatos com os policiais da sua região e procurasse o deputado Ponticelli para que o mesmo ajudasse na aprovação da matéria. O DRP Poeta me surpreendeu ao afirmar que estava apoiando o candidato a vice-prefeito de Tubarão e que também era apoiado pelo parlamentar, inclusive que adotaria todas as providências necessárias para o caso. Logo em seguida, depois de extrair cópia do projeto e do requerimento parlamentar, mandei o e-mail para Poeta, com o pedido de força para aprovação da matéria. Especifiquei que se tratava de um projeto de iniciativa minha e da Delegada Marilisa Boehm: "E por falar nela, onde será que andaria a flor de todos os meus dias?" pensei. 

Delegado Renato Poeta e o projeto do "Fundo de Aposentadoria (PC)":

Data: 06.08.08. Horário: 15:00h. Encontrava-se na minha sala na "Corregedoria da Polícia Civil" e recebi um recado que o Delegado Regional de Tubarão havia me ligado pois queria conversar comigo. Retornei a ligação e Poeta foi relatando que conversou com o Deputado Ponticelli e que o mesmo relatou que estava tudo certo, que apoiaria o nosso projeto, sendo que a partir de setembro a Assembléia Legislativa voltaria a funcionar... Agradeci o retorno de Poeta e pedi que ele desse notícia do projeto para o pessoal da região e pedisse que fizessem contatos com os parlamentares da região pedindo apoio, porque a vigilância é permanente até a aprovação final. Poeta, meio que na retranca, dando a impressão que não faria mais do que já tinha feito, concordou e enquanto reiterei mais uma vez os meus agradecimentos.

A dança dos ?oito??

No dia 08.08.08, por volta das dezoito horas resolvi ligar para Marilisa. Na verdade queria celebrar a dança dos ?oito?, já que o alinhamento dos sete nunca mais outra vez, isso em clima de abertura dos jogos Olímpicos de Pequim (China), mas certamente que Marisa nem sonharia com isso... Antes tinha lembrado do sete do sete de dois mil e sete, quando estávamos juntos em Balneário Camboriú, parecia ontem, passou rápido demais. O telefone tocou e Marilisa não atendeu, então, pensei: "Bom, o que eu vou imaginar que estaria fazendo?. O que eu vou dizer? Talvez esteja ainda em Concórdia...? Acho meio difícil, ou então está em algum lugar ou com alguém, talvez, com seu namorado, e achou melhor não atender a ligação, dentro daquela perspectiva: depois eu ligo...?.

Por volta das dezenove horas e trinta e nove minutos, Marilisa me ligou e eu estava saindo de uma gripe daquelas..., ela parecia bem e perguntei:

- Sabe que dia é hoje?

Ela deu um riso daqueles bem típico de quem poderia estar bem "fria" e respondeu com inteligência e boa "sacada":

- Sei, é oito de oito de dois mil e oito. Ah, hoje de manhã eu lembrei, pensei em ligar, estaria lá...?.

Achei engraçado e não entendi onde ela estaria, se era num salão de beleza ou coisa do gênero, e argumentei:

- É dia da abertura dos jogos olímpicos, visse! Os chineses não são nada bobos, acreditam na numerologia, nos oito...

Deputados Darci e Tebaldi: Haveria jogo de traições?

Eu estava muito ruim e com a garganta em pandarecos, não podia falar muito que entrava ar e eu começava a tossir, razão porque deixei Marilisa com o monopólio da palavra e parece que ela estava bem à vontade. Ela aproveitou para fazer um relato:

- Ah, conversei com o Akira. Ele me disse como é que foi a assembleia lá em Itajaí com a "S.". O Akira disse que ela está acompanhando a tramitação do nosso projeto. Ela disse que o projeto tem vício de origem e que o Deputado Ponticelli apresentou um requerimento para que o nosso projeto seja estendido para todos os servidores públicos, bom aí não vai dar, né! Eu telefonei para o Darci imediatamente e cobrei dele. Eu disse para o Darci que é para ele conversar com esse Ponticelli e pedir para tirar esse requerimento, porque do contrário não vai passar nada. O Darci se dá bem com esse Ponticelli, eu não te contei, mas uma noite o Darci e o Tebaldi ficaram até quase de madrugada pedindo que eu traísse o "Xuxo" e saísse candidata à prefeita de Joinville. Eu não aceitei. Imagina, eu trair o "Xuxo"? (risos) Eu disse para o Tebaldi que não aceitava, mas eles insistiram, insistiram. Eu precisava ter gravado, tu não irias acreditar, foi engraçado. O Tebaldi dizia que se eu fosse candidata eu seria a mulher mais conhecida em Joinville, seria uma estrela. (risos)

Interrompi para comentar:

- Mas tu já és uma estrela (comecei a tossir feio e tive que silenciar...).

Marilisa continuou com sua "alegre alegria", enquanto eu me esforçava para tossir longe do telefone:

- Imagina, eu disse para o Tebaldi que não aceitava ser candidata, uma hora eu te conto tudo, tu vais rir, deixa a gente fazer uma viagem que eu te conto tudo.

Continuei a tossir e já não dava mais para disfarçar, o que fez ela me questionar:

- Ué, o que é que tu tens? Estais com aquela gripe novamente. (risos)

Respondi:

- Sim, estou saindo, vou falar dela lentamente.

Marilisa do outro lado:

- Sim, tu estais a??

Respondi:

- Sim, estou em São Francisco.

Marilisa interrompeu:

- Estais sozinho?

Respondi que sim e argumentei:

- Pois é, o Ponticelli apresentou um requerimento na Constituição de Justiça, pedindo que fossem realizadas diligências. O Ponticelli quis que fossem consultadas todas as demais entidades representativas de servidores da Segurança Pública, para saber o que acham do nossa proposta. A questão é se o governo deu para os policiais militares e ninguém foi consultado porque agora querem consultar? Por que não fizeram isso quando tramitou o projeto dos militares? Dá licença, quando foi para dar para estender aos "PMs" aquilo que nós conquistamos, tudo bem! Agora, quando é o inverso aí criam um monte de dificuldades. Mas eu conversei com o Poeta, é o Delegado Regional lá de Tubarão, ele e me disse que já fez contato com o Ponticelli e que se comprometeu a apoiar a nossa proposta...

Marilisa me interrompeu:

- Bom, o que disseram lá para o Akira é que o Ponticelli que estender o nosso projeto para todos os servidores, mas aí não vai dar certo, não é?

Concordei que essa estratégia viraria bagunça e que esse não era o espírito da nossa proposta, pelo menos naquele momento. Marilisa comentou que voltaria a conversar com o Deputado Darci de Matos para cobrar um contato com Ponticelli já que pareciam tão amigos... Aproveitei para lamentar que nossos Delegados novos eram fáceis de serem manipulados, enganados, levados na conversa... Segundo o Delegado Akira, a Presidente da Adpesc havia comentado que no próximo mês de outubro nós iríamos ter uma surpresa na nossa folha de pagamento, só que ela não poderia revelar nada naquele momento. Argumentei que aquilo parecia brincadeira e que a Delegada Sonêaera muito vivaz, sabia levar todo mundo na conversa aplicando a máxima da semeadura de sonhos, esperanças...  e que aquela seria uma forma de pegar os Delegados novos e manterem os mesmos bem "abobalhados", "esperançosos", "entrouxados", "embasbacados"... Comecei a me sentir mal, minha garganta estava muito afetada e tive que interromper Marilisa para perguntar como poderia ligar para ela dentro de uns dez ou vinte minutos e ela respondeu:

- Eu estou saindo agora, estou indo a um aniversário e já estou de saída. Vou um aniversário!

Interrompi:

- Não, eu já te ligo em seguida, sério!

Marilisa argumentou:

- Tudo bem, mas eu já estou de saída para o aniversário. 

Argumentei:

- Então tá, tudo bem.

Marilisa interrompeu:

- Deixa que eu te ligo amanhã. Amanhã tu vais estar aí?

Respondi que sim e ela reiterou:

- Então eu ligo pra ti amanhã.

A tosse era tanta que não deu para retrucar muito,, apenas disse:

- Isso não é um balão? (risos)

É que já conhecia Marilisa e quando diz que liga depois, ou amanhã ela quer dizer que é daqui a muito tempo, tempo, tempo..., tipo o jogo dos "oito", cuja dimensão é bem outra, porém, com as esperanças renovadas.