Delegado Renato Hendges pronto para o ataque?

Data: 07.02.11. Articulações do Presidente da Adepol-SC: A fixação da “carreira jurídica” e um projeto para abrir uma estrada para o futuro?

“Presidente da Adepol  de SC visita Secretário de Articulação Política pela aprovação da PEC dos Delegados de Polícia - Na tarde desta quinta-feira (03/02/2011), o presidente da ADEPOL-SC, Delegado Renato Hendges visitou o Secretário de Estado de Coordenação e Articulação Política, Sr. Antônio Ceron, com o propósito de apresentar e dar seguimento ao projeto de Emenda Constitucional que trata da carreira jurídica dos Delegados de Polícia no Estado de Santa Catarina. A visita foi motivada pelo fato da PEC ter sido arquivada na Alesc, pois segundo o artigo 181 do Regimento Interno, no fim da legislatura todas as propostas em andamento que não foram a votação são automaticamente arquivadas.  Desta forma, na data de ontem o presidente da Adepol requisitou uma audiência de urgência com o Secretário de articulação Política do Atual Governo sendo que tal solicitação foi atendida em menos de 24 horas. Na reunião, o Delegado Renato Hendges cobrou um posicionamento do novo governo à cerca da aprovação da matéria, tendo em vista se tratar de direito iminente da carreira dos Delegados de Polícia Judiciária. No encontro estavam presentes além do presidente, o Deputado Estadual Mauricio Eskudlark, os Delegados de Polícia, Dr. Valerio Alves de brito (Delegado-Geral Adjunto) , Dr. Marlus Malinverini, Dr. Carlos Diego, Dra. Juliana Renda Gomes e Dra. Monica Coimbra, os quais compareceram a fim de dar apoio ao projeto e demonstrar a vontade da classe no Estado. Por sua vez, O Secretário Antônio Ceron se declarou favorável ao projeto, assumindo o compromisso de já nas próximas semanas articular com o governo para que a PEC dos Delegados possa ser desarquivada e aprovada junto à Assembleia Legislativa, o que gerou boa expectativa por parte dos Delegados presentes na reunião. O presidente ainda afirmou que a luta não para por aqui, sendo que no decorrer da semana, ainda se reunirá com todos os demais representantes do Grupo Gestor, e não descansará em quanto a PEC dos Delegados não for aprovada. Ratificamos que tal objetivo só se concretizará com o apoio e união de toda a classe, evidenciando assim a força e o mister da nobre e imprescindível carreira de Delegado de Polícia” (Adepol-SC, 07.02.11).

Por volta das dezessete horas e vinte minutos, estava na minha sala na Corregedoria da Polícia Civil quando recebi uma ligação do Delegado “Renatão”. Logo que atendi a ligação confirmei que era ele na linha que nem chegou a se identificar, e foi falando de forma quase que impositiva num monólogo tipo na “lata”. Logo de início interrompi a ligação para uma saudação:

- E aí Renato, é você?”

Renato retribuiu ao cumprimento e continuou:

- “...Você sabe que eu sempre tive o maior respeito por ti... eu li a tua nota, não vou ficar respondendo na rede, não me presto para isso. Fiquei ofendido com o que tu escrevesses. Tu não sabes dos bastidores, eu quero saber se tu és contra a ‘carreira jurídica’, tu és contra? Eu já estou de saco cheio com isso aqui, vou pegar as minhas coisas e vou embora, pode assumir a Adepol, pode assumir que eu vou sumir daqui...”.

Interrompi:

- “Não faça isso, Renato, nem pense nisso. Você não pode agir emocionalmente assim, espera aí, amigo, esfria a cabeça. Isso faz parte de um jogo democrático. É importante saber conviver com a oposição, mostre grandeza nesta hora, fica frio...”.

Renato, parecendo não menos irado, continuou:

- “Não, não, não quero mais saber de nada, chega! Tu me ofendesses, quisesses me ridicularizar, o pessoal agora está gozando por aí. Tu escrevesses que ‘parece que estamos sem norte...’. Então, eu quero saber se tu és contra a carreira jurídica para os Delegados, me diga, porque eu vou colocar isso na rede...”.

Interrompi:

- “Sim, só que então você não entendeu o meu artigo...”.

Renato me interrompeu:

- “Sim senhor, claro que entendi muito bem, da forma como você colocou você é contra. Tudo bem, então apresenta alguma sugestão...”.

Interrompi:

- “Renato, eu escrevi que sou contra o projeto como foi formatado e se encontra na Assembleia...”.

Renato me interrompeu:

- “Que Assembleia? Que Assembleia, me diga? Não tem projeto nenhum na Assembleia. Foi arquivado. Agora o trabalho é para desarquivar. Nós estamos trabalhando agora é para isso, é para desarquivar o projeto que já tinha sido aprovado...”.

Interrompi:

- “Bom, se foi arquivado melhor, né Renato? Eu sugiro para o amigo: Olha bem Renato, vou sugerir que você coloque isso na ordem do dia, que convoque os Delegados para uma assembleia extraordinária e volte a discutir esse projeto como está ou então solicite sugestões via rede...”.

Renatão me interrompeu não menos irado:

- “Que rede? Que Assembeia? Isso já foi aprovado na assembleia de Treze Tílias pelos Delegados, não tem mais o que discutir, isso não tem mais volta Genovez!”

Interrompi: 

- “Renato, pelo amor de Deus, tu não dissesses que o projeto foi arquivado na Assembleia?”

Renatão respondeu no bate-rebate:

- “Sim, foi, e daí?”

Continuei:

- “Bom, tu não vais querer que uma Assembleia lá em Treze Tilias, contabilizando setenta Delegados, a maioria todos recém egressos da Academia, que esse pessoal tivesse condições de deliberar um assunto dessa relevância, por favor, você não vai me convencer...”.

Renatão:

- “Espera aí, meu filho, meu filho, isso já foi deliberado lá na Assembleia de Treze Tílias, não vou voltar atrás, isso já tá decidido e eu vou cumprir à letra!”

Interrompi:

- “Renato, a gente tem amizade há tanto anos, vou sugerir como amigo, olha bem, preste atenção, escuta, esse projeto aí pode ser um ‘ovo da serpente’, colocar Oficiais como carreira jurídica, pensa bem, claro que eles vão copiar, esse não é o caminho, tudo que a gente reivindica de bom eles copiam, mas quando eles fazem, é tudo no silêncio, olha o caso da ‘indenização aposentatória’ que eu e a Marilisa estamos batalhando...”. \

Renato me interrompeu:

- “Felipe, escuta bem, o nosso projeto não tem nada ver com Oficiais da PM, nada a ver, esquece isso, é independente, é só nosso, não tem para mais ninguém, já tudo acertado...”.

Interrompi:

- “Bom, tu queres dizer que os Oficiais não irão buscar o mesmo objetivo sabendo desse nosso projeto, tu       queres me convencer que eles já não estão negociando pelos bastidores, tu queres me dizer que eles não possuem um projeto na Assembleia nesse mesmo sentido, aproveitando os bons ventos?”.

Renato interrompeu:

- “Tu não sabes, quando a gente conversar pessoalmente eu te conto tudo. Logo que for aprovado o projeto da carreira jurídica eu entro com uma ‘Adin’ pedindo a inconstitucionalidade da ‘PEC’ dos Oficiais, já tenho decisão do Supremo, tu já tens a decisão da ‘Fename’, tens?”.

Interrompi:

- “Ah, então tá, como é que eles não estão se mobilizando? Eu sei, eu sei, mas tá vendo como eu já te disse que esse projeto é um ‘ovo da serpente’, só vai abrir caminho para o projeto deles que são militares”.

“Renatão” sempre fazendo o contraponto, continuou:

- “Não, não senhor, depois que for aprovada a carreira jurídica eu vou pedir subsídios para os Delegados, tu vais ver, esse nosso projeto da ‘carreira jurídica’ é o primeiro passo, depois eu entro com o outro projeto...”.

Interrompi:

- “Renato, Renato, espera aí, tu achas que é assim mesmo, tu achas que é simples assim?”.

Nesse momento pensei no teto salarial, pensei nas mobilizações dos Oficiais, de todas as carreiras que integram o universo da segurança pública, mas preferi ficar ouvindo o monólogo “Ren/Atum”:

- “Bom, eu fui atacado, ofendido. Que moral tem aquela Sandra Andreatta, foi presa furtando vazo de flor, uma vergonha para nós. O Natal foi escrever que eu fui lá para Miami com o Pavan, fazer ‘tour’... Eu falei com ele, me senti ofendido também, perguntei a ele se fosse convidado se também não aceitaria ir para Miami? Eu perguntei: ‘Natal, eu duvido que se você fosse convidado se você não aceitaria, com tudo pago, é o sonho de todo mundo fazer curso nos Estados Unidos’. Eu duvido Felipe que se você fosse convidado se você também não aceitaria, claro que sim!”

Interrompi no ato:

- “Não, não, de jeito nenhum aceitaria! Nem pretendo viajar para os Estados Unidos tão cedo”.

Quando a conversa foi chegando ao seu fim, Renato propôs:

- “Eu acho que se você sutilmente fosse na rede e se... dá sugestões, coloque se você é contra a carreira jurídica, faça isso...”.

Interrompi:

- “Olha, Renato, o meu artigo foi contra o projeto como foi formatado, não contra o projeto original que eu sei que é o que você sempre defendeu...”.

Renato:

- “Eu tenho culpa se o André lá no gabinete resolveu... Os Delegados lá em Treze Tílias aprovaram a proposta, eu fui voto vencido, eu fui voto vencido!”

Interrompi:

- “Eu sei disso tudo, por isso te peço, aproveite o momento até para te fortalecer, convoque uma assembleia geral extraordinária ou então coloque o assunto em discussão na rede...”.

Renato me interrompeu:

- “Não vou fazer isso, não vou, isso já foi aprovado!”

Interrompi:

- “Bom, se essa é a tua decisão...”.

A conversa se encerrou sem que conseguíssemos chegar a uma conclusão, como eu já esperava e Renato finalizou: “

- Bom, tu podes ter certeza que eu não vou para a rede responder, te atacar, já pensou? Eu não vou fazer isso, tu sabes que eu te considero, por isso resolvi te telefonar, mas vou preparar uma nota...”.

Argumentei:

- “Bom, tu tens o ‘site’ da Adepol para escrever à vontade, tá na tua mão, podes te manifestar, então faça isso...!”

Renato me interrompeu:

- “O ‘site’ está a disposição de todos os sócios, você também pode mandar sugestões...”.

Antes de responder, lembrei das sugestões que já havia mandado e que até hoje não obtive resposta alguma... Em seguida conclui:

- “Bom, eu leio diariamente o ‘Diário Catarinense’, e lá tem a ‘coluna do leitor’ que quase ninguém lê, então tu queres que eu mande sugestões para o ‘site’ da Adepol, tipo, lá numa coluna do leitor, onde ninguém lê, dá licença...”.  

Após encerrar a ligação fiquei repassando o conteúdo dessa nossa conversa e me perguntei se Renato Hendges não teria um projeto político para o futuro, caso tivesse êxito nessas suas empreitadas (carreira jurídica e subsidios)? Só o tempo...