Uma injustiça praticada de forma invisível?

Data: 13.11.08. Horário: 16:00h. Estava ainda na DRP de Itajaí e fui ouvir o Investigador Jorge que havia sido removido para DPCo/Garuva. “Jorginho” chegou nervoso e logo foi relatando:

- “A gente não pode trabalhar, tá vendo, eu estava aqui em Itajaí e me mandaram lá para Garuva de castigo porque estava investigando os proprietários de ‘Caça Níqueis’ aqui na região. Eles me colocaram de castigo, não querem que investiguem nada, a coisa aqui tá correndo solta...”.

.Fiquei curioso e indaguei:

- “Mas do que você está falando, quer dizer que te mandaram lá para Garuva por causa dos ‘caça-níqueis?”

Jorginho respondeu:

- “Sim, o senhor sabe como é. O homem me chamou ali no gabinete dele e foi dizendo: ‘Jorginho, o teu lugar não é mais aqui!’ Esse foi o prêmio que me deram por querer trabalhar, pode? Me jogaram lá em Garuva, eu com mulher doente, filhos...”.

Pensei no “Doutor Sílvio Gomes Filho”, nos seus CDs espírita e argumentei:

- “Sim, quer dizer que o doutor Sílvio te chamou para dizer isso, que o teu lugar não era mais aqui em Itajaí, sem dizer o por quê?”

Jorginho confirmou:

“Sim, doutor, ele me chamou e disse que era para eu me apresentar lá em Garuva, que não trabalhava mais na região dele, o senhor sabe que ele tem acesso direto com o Delegado-Geral. Aqui na região ninguém pode investigar nada, eles é que mandam em tudo, sempre estão fazendo churrascos lá na Diretoria de Polícia do Litoral com o doutor Colatto, eles é que decidem tudo, agora o senhor vê a minha situação!”

Orientei minha secretária – Escrivã Silvane a mapear ‘Jorginho’ para ser ouvido na sindicância que investigava “Caça Níqueis” na região de Itajaí, em especial, a turma do Delegado Rui. Perguntei para testemunha se havia muita gente envolvida com exploração de máquinas caça-níqueis na região de Itajaí e ele foi direto:

- “Doutor, é a região que mais tem no Estado, mas eles não querem que mexam com nada, aqui é assim, uma verdadeira caixa-preta, o senhor sabe como é que é!”

Acabei relembrando a prisão da Delegada Jurema Wolf de Jaraguá do Sul, da minha decepção com ela por não ter me ouvido, mas de outra parte botando fé no trabalho do Ministério Público e na importância de “Promotores de Justiça” fazerem esse trabalho de assepsia já que nossa Corregedoria era totalmente dominada e amordaçada, impossível fazer uma devassa a partir dos escalões superiores, dentro do próprio governo, então, que venham os “Promotores de Justiça”, mesmo que fosse para fazer um meia-boca, posar de vitrine prendendo policiais vulneráveis...

Uma nota de repúdio?

Acredite quem quiser, mas a Presidente da Associação dos Delegados de Santa Catarina - Adpesc deveria estar desesperada, alucinada, ou quem sabe mudou a estratégia e passou a assumir um discurso oposicionista depois de tanto tempo, talvez seja porque estaria vendo o final do ano chegar e aquelas promessas históricas que tanto alardeou, viagens a Brasília que não deram em nada, tudo agora estaria sendo pulverizado e ela poderia estar sentido que o período de bajulação se foi, também, desapareceram aqueles em quem confiava e faziam às vezes de fiéis escudeiros. Mas o lamentável era que havia gente que acabava acreditando neste tipo de nota:

NOTA DE REPÚDIO (13/11/2008 às 15:18:00) - A Associação dos Delegados de Santa Catarina –ADEPOL-SC, vem a público manifestar desagrado ao Secretário de Estado da Segurança Pública, Ronaldo Benedet, pela desconsideração e desrespeito para com a categoria dos DELEGADOS DE POLÍCIA DE SANTA CATARINA, pois marcada uma reunião para discutir a questão salarial da Segurança Pública, para o dia 13 do corrente, na sua sala, sede da SSP, convidou representantes das entidades de classe, Comandantes da PM, Bombeiros, Delegado-Geral da Polícia Civil, IGP e ESQUECEU de convidar a ADEPOL-SC, que só tomou conhecimento do fato por acaso, quando se dirigia a PGE para uma reunião pré – agendada. Lamentavelmente, uma categoria ordeira e cumpridora de seu dever, que vem demonstrando parceria com a Administração atual, foi “esquecida” para discussão de tão alta relevância. Talvez isto se explique pelo fato de que a ADEPOL-SC não tenha vindo até então por meio de publicidade gritar aos quatro ventos a insatisfação com a defasagem salarial, com o “jus enrolandi” no envio dos projetos de Plano de Carreira, Organização Básica, Efetivo e Promoções da Polícia Civil, que desde o ano de 2006 encontra-se em viagens intermináveis  de um caminho para outro com o propósito de não efetivar a promessa do Governador Luiz Henrique que em mais de uma oportunidade determinou o seu encaminhamento à Assembleia Legislativa e neste particular, também ele sendo ludibriado. A leitura deste “ESQUECIMENTO E DESCONSIDERAÇÃO” da Secretaria da Segurança para com os Delegados de Polícia, é de que dos inimigos não se podem esquecer jamais, deve-se atendê-los com prioridade e desmerecer aqueles que sempre demonstraram parceria e  confiança na sua administração. Causa estranheza a ADEPOL-SC este “esquecimento”, pois o Senhor Secretário tem se mostrado amigo, parceiro e buscado junto ao Governador a solução dos pleitos da categoria. A falha certamente se deve à sua assessoria que provocou esse constrangedor episódio. Porém, a categoria dos Delegados de Polícia, continua com a esperança de ver os seus pleitos atendidos pois busca o atendimento de sua prerrogativa legal de salário justo, reconhecido pelo próprio Secretário, assim como pelo Governador Luiz Henrique da Silveira, quem tem recebido a ADEPOL-SC como bom Administrador  que é. Florianópolis, 13 de novembro de 2008. Sonêa Ventura Neves - Presidente da ADEPOL-SC - http://www.adpesc.org.br/editoria.php?cod_editoria=712&editoria=6”.