Hotel Marambaia (Balneário Camboriú):

Local do Encontro: Hotel Marambaia – Balneário Camboriú – de 31.10.2008 a 02.11.2008 – o encontro dos Delegados de Polícia para fechar o ano. Muita gente faltou à grande festa, como Dirceu Silveira, Lipinski, Thomé, Mário Martins, Ilson Silva, Jorge Xavier, Lúcia Stafanovich, Heitor Sché, Júlio Teixeira, Lourival Matos, Jaceguay Marques Trilha, Alberto Freitas, Antonio Abelardo Bado, Luiz Bahia Bittencourt, Marilisa Bohem, Zulmar Valverde, Wilmar Domingues, Flares do Rosar, Pedro Benedeck Bardio..., além de muitos outros, como Jurema Wulf, José Antonio Peixoto, Paulo Freyslebem...,  também eu e meu pai. 

As palmas do Delegado Ademar Rezende:

Data: 10.11.08. Horário: 14:40h. Da minha sala na Corregedoria/PC constatei que o Delegado Ademar Rezende  estava transitando pelos gabinetes dos Delegados Douglas Marreiros e Jefferson Guilhão de Paula. Logo que encerrou sua visitação Ademar veio me cumprimentar (e como de costume usar meu banheiro). Antes disso fiz uma   brincadeira:

- “Ah, vi a tua foto no ‘site’ da 'Adpesc', quer dizer que tu estavas batendo palmas lá para o pessoal?”

Ademar fez uma expressão que denotava “horripiläncia” querendo talvez externar com sua feição deformada que o encontro tinha sido pura  “balela”, chamando minha atenção que aqueles seus aplausos foram dirigidos somente para o discurso do Presidente da Associação dos Delegados de São Paulo. Perguntei para Ademar se ele sentiu firmeza em alguma “promessa” da diretoria da Adpesc e ele respondeu  baixinho:

- “Olha, Felipe, o que vai acontecer é que a partir de janeiro o teto vai aumentar. Mas isso não é por que a Adpesc quer, isso é pressão de outras classes. Bom, tu sabes que a emenda constitucional dos Fiscais da Fazenda está para cair, é inconstitucional, já tem uma ‘Adin’, então a pressão é de outras classes como dos Oficiais da PM, dos Procuradores, o resto é cascata...”.

Interrompi:

- “Sim, mas tu queres dizer que não prometeram nada? A Sonêa não trouxe novidade alguma?”

Ademar continuou com aquela sua feição que  denotava   pitadas de ‘deboche’ que mediavam entre o discreto  agridoce invernal  e  a “ranzinzinice” verbal. A seguir verberou:

- “Que nada, não tem nada! Eles querem criar a gratificação para cursos, como doutorado, mestrado...”.

Interrompi:

- “Mas isso não é coisa do Thomé, do Batista? Esse pessoal saiu para fazer doutorado, mestrado... e agora estão  pressionando para aprovar  gratificação para atender  interesses deles, enquanto que os policiais que não têm tempo sequer para fazer cursos aqui vão ter que trabalhar duro para cobrir a falta de pessoal. Aliás, Ademar, esse negócio de gratificação para curso vai virar uma esculhambação, a cada governo os privilegiados vão fazer cursos e os outros vão ter que segurar as pontas, podes escrever. Depois eles voltam dos cursos e se aposentam, vão tocar seus negócios e a pergunta que fica no ar é que vantagem isso trouxe para a instituição?”

Ademar fez um gesto com a mão direita querendo dizer: “Passa a manhã, são uns espertalhões” e eu completei:

- “A gente sabe que isso ocorreu noutras instituições e só se transformou em privilégios para alguns, enquanto aqueles que realmente seguram o serviço público vão ter que trabalhar redobrado...”.

Depois dessa conversa com Ademar Rezende fiquei olhando as fotos da “festança” no Hotel Marambaia e me perguntei: “Tão festejando o quê? As fotos falam por si, como dizia Oscar Wilde, valem por mil palavras e o futuro a quem pertence? Como tinha dito o próprio Ademar numa daquelas nossas viagens pelo interior do Estado, referindo-se a um ditado chinês: ‘apenas mistério...’”.  Nos finalmente, conversamos sobre o teto salarial, especificamente, que existiam Delegados que agregaram a gratificação de responsáveis por Delegacias Municipais (cem por cento sobre o vencimento básico) quando estavam ainda em carreiras inferiores, turbinando seus vencimentos, elevando ao  patamar de cerca de dezesseis mil reais, o que se constituía um absurdo moral porque esse plus salarial referia-se à função que desempenharam noutras épocas quando ainda não haviam ingressado na carreira de Delegado de Polícia. Ademar se queixou porque já havia ocupado vários cargos de direção superior na Polícia Civil e que percebia cerca de onze mil reais, portanto, aquém daqueles privilegiados mais novos e menos graduados que conseguiram incorporar essas vantagens pretéritas revogadas. Concordei que essa era uma distorção que tinha que ser corrigida até para que houvesse justiça salarial e funcional.

Por volta das dezessete horas, a Escrivã Silvane veio me avisar que estava na hora do bolo de aniversário da Delegada Isabel Bez Batti e que o pessoal já se encontrava reunido na cozinha... Pensei: “Festejar o quê? Não quero ser amargo, nem baixo astral, mas sinceramente, não tenho clima para isso..., em que pese que navegar é preciso!”.