Deixa-me Falar-te

Por Maria Cristina Galvão de Moura Lacerda | 16/09/2006 | Poesias

Como eu gostaria (de te falar) se a Humanidade mo permitisse.

Deixa-me começar pedindo-te algo deveras difícil. Fá-lo por mim.

Peço-te que transcendas o ego. Não pela vida toda.

Só enquanto leres estas minhas palavras.
As outras que lestes até aqui foram ditadas pela minha personalidade hominal e por isso não me dirigi direta e inteiramente a ti.

Havia uma barreira de carnes entre nós. Éramos homens.

Os homens não sabem sentir amor, coesão, pureza, os homens não sabem abrir-se totalmente, francamente; não sabem dar-se inteiramente e receber tudo de outrem.

Os homens gostam de se contender e se não há motivo, criam algum.

Assim, esquece-te que és ser humano, esquece que és homem ou mulher, esquece o que sou também.

Só assim poderás receber também esta mensagem, pois ela é de amor, de mim para ti.

Quem escreve não tem sexo. Ama-te com intensidade...

Tu experimenta um pouco deste sentimento espiritual e inegoísta.

O ser humano precisa de afeto.

Embora hostil, suplica desesperadamente por esse afeto.

Já - com a tua ajuda - não é o homem que ouve. É uma voz, só. Uma vibração anônima

e indistinta que paira no espaço e vai, sem polaridade, ao teu coração para que tocá-lo lá no fundo, para dar-te muita ternura e compreensão. Sente comigo, vibra comigo!

Sente - como eu - os olhos úmidos de emoção. Sente o meu amor, pois o sinto por ti sinceramente.

Tentas livrar-te dos tabus, dogmas e condicionamentos sociais e ama-me um pouco.

Verás como é subtil este sentimento.

Como é repousante e suave. Como refaz as energias do corpo e do espírito para suportar as vicissitudes do dia-a-dia.

Experimenta, pelo menos uma vez, sentir um amor intenso, arrebatador, inegoísta.

Sente-o por mim, sente-o comigo.

Ama profundamente e sinceramente, sem reservas, sem receios, sem preconceitos.

Nada temas: eu também sinto por ti e não me acanho em dizê-lo.

Ouve: eu te amo intensamente.

Amo a tua alma e sei que ela é luminosa como a aurora, amo o teu corpo e creio com convicção que ele é puro e sem máculas.

Aceita-me. Olha: eu te ofereço o meu coração que palpita de paixão desinteressada

por ti, com calor da vida transmiti uma mensagem de amor incondicional.

Descontrai os teus sentimentos antes que atrofiem.

Deixa que teu peito palpite e que os teus olhos sorriam de inefável regozijo.

Sente a ternura da criança que sorri: ama-a de todo o coração. Aspira a meiguice da flor que te agradece o amor total que tens por ela (tens, não tens?).

Não te envergonhes de compadecer o mendigo ancião ou de respeitar os vassalos de tua casa.

Abre-te a mim, tal como eu me abro a ti.

Sente-me, como sinto a ti.

Sinto-te, ó Criatura, e contigo me identifico.

Sou una com a tua alma a ponto de te sentir a carne, pois, ó Ente Puríssimo...

Vejo Deus em ti!"