RADICAL AO EXTREMO

Você pode provar uma hipótese pela lógica, mas será que a lógica pode ser provada? Uma lógica não pode provar a si mesma, pois quando eu uso uma lógica para provar a ela mesma eu estou partindo do preconceito de que ela é capaz de provar, pois ela só poderia provar a si mesma se fosse capaz de provar. Por outro lado se para provar a verdade de uma lógica for necessário recorrer a outras, então seria impossível chegar a uma prova final. Portanto as lógicas só podem ser provadas se seus fundamentos mais radicais forrem evidentes. Se houvessem fundamentos comuns a todas as lógicas, então nenhuma lógica poderia negar esses fundamentos, pois para negar esses fundamentos elas teriam que negar a si mesmas. Para buscarmos os fundamentos universais da lógica devemos examinar os filósofos simplificando ao máximo suas ideias. Em seguida devemos comparar os fundamentos das suas lógicas e verificar se existe ou não um princípio universal para elas. Mesmo que eu encontrasse fundamentos comuns a todas as lógicas e esses fundamentos não pudessem ser negados por nenhuma delas eu não estaria provando nada, pois apesar desses fundamentos não poderem ser negados por nenhuma lógica, eles também não poderiam ser provados por nenhuma delas, pois se eu usasse qualquer lógica para provar esses fundamentos eu já estaria partindo do preconceito de que eles seriam verdadeiros, pois uma lógica só pode provar alguma coisa se seus fundamentos forem verdadeiros. Por isso só será possível provar a lógica quando ela for reduzida a fundamentos que são claramente verdadeiros e que não precisam ser provados por nenhuma lógica.

A DECOMPOSIÇÃO DOS FUNDAMENTOS DOS NOSSOS RACIOCÍNIOS TEM UM FIM

É possível chegar aos princípios da lógica, pois os fundamentos dos nossos raciocínios são finitos, porquanto nosso conhecimento é finito. Por isso a decomposição dos fundamentos dos nossos raciocínios chega a um fim, logo eles são formados por partes que não podem ser decompostas. Essas partes são os princípios ou evidências da lógica.

A LÓGICA NÂO PODE PROVAR QUE NÂO É CAPAZ DE PROVAR

Eu não posso provar através da lógica que a lógica não é capaz de provar, pois minha conclusão (a lógica não é capaz de provar) negaria meu método (a lógica) e ao negar o meu método (a lógica) eu negaria minha conclusão (a lógica não é capa de provar), pois se a lógica não é capaz de provar, então eu não posso provar que ela não pode provar. Portanto a lógica não pode negar a si mesma. Se eu tentar provar através da lógica que a lógica é capaz de provar, então eu já estarei pressupondo que a lógica é capaz de provar, pois quando eu uso a lógica para provar alguma coisa eu estou partindo do principio que ela é capaz de provar.

VERIFICANDO TODAS AS POSSIBILIDADES

1 Se eu tentasse provar que a lógica não é capaz de provar partindo do principio de que a lógica é capaz de provar, então eu me contradiria, pois é impossível provar que a lógica não é capaz de provar, pois para provar alguma coisa seria preciso que a lógica fosse capaz de provar.

2 Se eu tentasse provar que a lógica não é capaz de provar partindo do principio de que a lógica não é capaz de provar, então eu me contradiria, pois se a lógica não fosse capaz de provar, então ela nada poderia provar.

3 Se eu tentasse provar que a lógica é capaz de provar partindo do principio de que a lógica não é capaz de provar, então eu me contradiria, pois se a lógica não fosse capaz de provar, então ela nunca poderia provar nada.

4 Se eu tentasse provar que a lógica é capaz de provar partindo do principio de que ela é capaz de provar, então eu seria coerente, pois só é possível provar alguma coisa se a lógica for capaz de provar e ao provar algo a lógica está provando que é capaz de provar.

DÚVIDA METÓDICA

Se eu duvido de tudo, então é verdade que duvido, logo não posso duvidar da verdade.

A VERDADE NÂO PODE SER NEGADA RACIONALMENTE

Eu não posso pretender está dizendo a verdade quando afirmo que não existe verdade, pois se não existe verdade, então a afirmação de que não existe verdade não é verdadeira. Se eu disser que não existem verdades eternas, então estarei me contradizendo novamente, pois estou fazendo uma afirmação que pretende ser universal e eterna, pois dizer que não existem verdades eternas é o mesmo que dizer que toda verdade é sempre provisória, mas como é possível provar que isso é verdade se o conhecimento Humano é limitado?

A REALIDADE EM SI E A REALIDADE SUBJETIVA

A realidade em si não está totalmente fora do pensamento, pois o pensamento faz parte da realidade em si. Se o espaço e o tempo não existissem na realidade em si, então eles também não existiriam na minha mente, pois a minha mente faz parte da realidade em si e não há nada em mim que não tenha vindo da realidade em si, pois eu fui formado dela. A própria subjetividade em si é uma objetividade, pois o homem e seu pensamento não são uma realidade separada das outras, mas o homem e seu pensamento fazem parte do concreto. Como o pensamento é formado da realidade em si podemos afirmar que ele atinge a verdade pelo menos parcialmente. Se o pensamento atinge a verdade pelo menos de forma parcial podemos saber que existe uma maneira certa de pensar a realidade e por isso existe a verdade, pois mesmo que a realidade em si fosse totalmente transitória a transitoriedade da realidade em si seria uma verdade eterna e universal.

A REALIDADE VAI ALÉM DA PERCEPÇÃO

Se só é real aquilo que percebemos e nós só percebemos a nossa consciência, então só é real a nossa consciência. Portanto o mundo, partes dos nossos corpos e algumas de nossas faculdades mentais não são reais. Porem como vimos acima a própria subjetividade em si é uma objetividade, pois o homem e seu pensamento não são uma realidade separada das outras, mas o homem e seu pensamento fazem parte do concreto e tudo que há neles veio da realidade em si. Portanto a realidade da subjetividade veio da realidade da coisa em si.

Observação: abaixo temos uma tentativa de descrever a realidade.

NADA PODE SE DISTINGUIR COMPLRTAMENTE DE NADA

Se várias coisas se distinguissem completamente umas das outras, então elas não teriam nada em comum entre si, mas tudo que uma possuísse as outras não poderiam possuir. Portanto se uma delas possuísse diferença do Nada as outras não poderiam possuir diferença dele, logo somente uma dessas coisas poderia possuir diferença do Nada, mas como tudo possui diferença do Nada, nenhuma coisa pode se distinguir completamente das outras e por isso todas as coisas possuem uma interseção. Tudo que as coisas possuem em comum está na interseção delas, logo o que não está na interseção das coisas não possui nada em comum com elas, mas como todas as coisas possuem algo em comum, nada pode está fora dessa interseção. Todas as coisas possuem interseção e nada está fora dessa interseção, logo tudo faz parte da mesma interseção ou todas as coisas estão contidas na mesma interseção. Evidentemente todas as coisas possuem diferenças, logo a interseção entre todas as coisas não significa igualdade entre os estados das coisas, mas igualdade naquilo que permanece em todas as coisas, por mais que elas mudem, pois tudo corresponde a variações da mesma coisa e tudo se constitui da mesma coisa ou se não as coisas não estariam contidas numa mesma interseção. Aquilo que forma todas as coisas deve tornar possível às diferenças sem perder nunca a identidade. Como, por exemplo, um poder que possui como identidade exatamente a capacidade de tornar possíveis diversas coisas.

REFUTAÇÃO DO MECANICISMO

Todas as possibilidades vêm da mesma causa e ela permanece sempre, logo todas as possibilidades permanecem sempre. Isso significa que o Movimento tem muitas possibilidades e por isso poderia acontecer de forma diferente, logo o Movimento não acontece por necessidade, mas por escolha.

A CAUSA DE TUDO POSSUE CRITÉRIO

Se a causa de tudo não tivesse critério, então ela não poderia fazer distinção entre as coisas e por isso não teria preferências nem escolha, mas como ela faz escolhas ela tem critério e por isso suas ações têm restrições.

A CAUSA DE TUDO NÃO TEM PRINCIPIO

Se todo principio vem de uma mudança, então a causa de tudo não teve principio, pois o movimento não pode ocorrer antes de sua causa.

O CONJUNTO DE TUDO NÃO TEM FIM

O conceito de fim corresponde a não continuação de uma coisa. Portanto o fim de uma coisa não faz parte dela, pois tudo que faz parte de uma coisa corresponde à sua continuação. Assim sendo o fim de tudo significa o Nada, pois o que não faz parte de tudo não corresponde a nada. O conceito de Nada não corresponde a algo real, logo o fim de tudo não significa uma realidade. Consequentemente o conjunto de tudo não tem fim.