As obras escolhidas para este estudo são Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco e O dia do curinga de Jostein Gaarder. O título sustenta que o ponto de partida é o bardo imortal William Shakespeare, pois mesmo não pertencendo à escola ora em questão, apresentou características em suas peças e sonetos que podemos apontar como recorrentes a obra o escritor português. Eram a emoção e o sentimento que comandavam ambos os artistas. A impossibilidade de concretização do amor por influência da família mostrada, em ambas as obras leva-nos a crer que Camilo Castelo Branco tenha sido influenciado pelo escritor inglês.

Nesta escola, o que era claro no arcadismo, deu lugar à imprecisão; a objetividade clássica foi trocada pela subjetividade.

As influências desta escola em escritores contemporâneos é visível. "A literatura gótica é cria do movimento romântico, com sua queda pelo macabro e pelo grotesco que ainda hoje tem seu público e faz sucesso[1]."

Castelo Branco escreve com a recorrência do enredo de Romeu e Julieta, porém com sutileza: na conclusão, a carta de Tereza para Simão, anunciando seu desejo de morte para o possível encontro de ambos na eternidade não aponta o desfecho trágico visto na obra do escritor inglês. O contra-ponto com obras contemporâneas pode ser mostrado por artistas góticos: o gosto pela escuridão, solidão e sombras. É uma viagem interior que pode ser observada na música, como em Marilyn Mason[2].Citamos ainda a obra de Jostein Gaarder, O dia do Curinga, em que a viagem interior pode causar a separação, fazer com que uma história de amor que se concretiza passe à impossibilidade, pois um procura encontrar-se, mas para isso precisar viver a própria vida. Não podemos deixar de citar que o romantismo da atualidade – a obra de Gaarder é de 1999 – é um misto de pragmatismo e idealismo, pois a praticidade da realização contrapõe-se ao romantismo do amor.

Embora seja uma obra filosófica, o autor norueguês narra a história do protagonista e de sua luta pela amada, como nos dias da escola romântica. A diferença está na luta, na presença da criança, fazendo do amor um fato já consumado. O abandono da amada à procura de si pode ser comparado à busca existencial do romântico, à solidão. Mas a obra de Gaarder não acaba em morte, mas em vida: o casal reata e, como no início do romance, o menino conta a história que viveu com o pai, resolvendo escrevê-la ria que viveu com o pai, resolvendo escrevta e, como no ins da escola romver a prnglm caracterpara não esquecer, enquanto "uma garotinha brinca lá fora, amassando com os pés as folhas e as castanhas que caem das árvores por entre as cercas do jardim[3]", denotando a continuidade do relacionamento e, ainda, da vida.

Podemos concluir, após o estudo, que a época pode mudar, as escolas literárias, o estilo, a maneira como se mostram os sentimentos, mas o amor e o romantismo estarão sempre presentes, numa recorrência temperada pela adição ou retirada de diferentes características. A morte vista nas primeiras obras, o desejo de morte visto em Camilo Castelo Branco opõe-se ao pragmatismo atual mostrado por Gaarder: românticos, sim, mas lutando para realizar seus desejos e não desistindo para entregar-se nos braços da morte. O amor é um sentimento imune ao tempo e seus elementos e agentes.



[1] Idem, ibidem, p.219

[2] Idem, ibidem, p.219

[3] GAARDER, Jostein.O Dia do Curinga: São Paulo, Cia das Letras, 1999, p. 11