De quem é a vaga

 

Creio que todo empregador já se deparou com estes dois tipos de funcionários: um que está sempre pronto e disponível; outro que mal faz aquilo que é seu estrito dever e nunca se pré dispõe a inovar nem colabora com nada além daquilo que é específico de sua função.

Acredito, também, que você já viu, conviveu ou trabalha com pessoas que apresentam essas duas características. Aqueles que sempre prontos, prestativos, dinâmicos, inovadores. Pessoas com as quais sempre podemos contar... E outros que “não vai nem amarrado”. São um poço de mau humor e um abismo de negligência; tipos tão negativos que a gente até se sente mal em sua presença. De um lado os que estão sempre dispostos a reconstruir o mundo e do outro aqueles que estão esperando o “mundo terminar em barranco pra morrer encostado”.

E, se você já observou, deve ter notado que somente aqueles que mantém uma postura proativa, colaborativa e inovadora são capazes de grandes realizações. Isso por um motivo simples: sempre acham que é possível dar um passo a mais; ir um pouco além. Eles sabem que a felicidade e a realização estão logo ali, naquele pontinho em que o olhar encontra o horizonte e, por isso, querem chegar lá... Dessa forma, por serem persistentes e se manterem em atitude constante de busca, encontram, realizam, inovam, recriam, superam as dificuldades...

Da mesma forma, você já deve ter notado que muitos daqueles que “só vivem para reclamar”, nunca saem do lugar, não progridem. Isso, também, por um motivo simples: gastam sua energia apontando as dificuldades em vez de usar o potencial para encontrar soluções.

Já disse alguém que a única diferença entre aqueles que “nasceram para a vitória” e o que cultivam a derrota é o fato de que “o otimista vê oportunidades nas dificuldades e o pessimista vê dificuldade nas oportunidades”. Não sei quem disse isso, mas, assim me parece, trata-se de uma afirmação repleta de verdade.

Evidentemente não somos ingênuos de imaginar que somente a boa vontade ou o otimismo resolvem os problemas. A questão é a postura diante da situação. É o estudante otimista que faz sua oração dizendo: “que Deus me ilumine enquanto estudo, para que eu possa aprender bem, ir bem na prova e conseguir vencer”; o estudante pessimista ou acomodado já reza reclamando: “ai, meu Deus, tomara que a prova seja fácil”. Não existe prova difícil para quem se prepara. Deus não faz milagre em terreno que não está cultivado.

Esses dois tipos de estudantes se transformarão nos dois tipos de profissionais. Um que vê o trabalho como oportunidade de realização e o outro que vê o trabalho como tempo de sofrimento; um vê o emprego e o patrão como oportunidade oferecida por um parceiro; o outro vê o emprego e o patrão como exploração feita por um carrasco.

Não sei qual estudante-trabalhador você é. Por isso para estimular sua reflexão vou ilustrar as duas posturas com esta história, que também não sei quem é o autor.

Havia numa empresa um funcionário que já estava ali havia vários anos. Como a empresa estava crescendo o proprietário contratou mais gente. Um desses novatos depois de dois meses recebeu aumento e foi promovido. Aquele que trabalhava ali há vários anos reclamou: 'já fazem anos que trabalho aqui e nunca recebi aumento nem promoção e esse novato mal entrou e já virou chefe'. Ouvindo isso o patrão o chamou e disse: 'hoje à noite é aniversário de minha filha. Pretendo servir salada de frutas. Faça-me o favor de ir ao mercado do outro lado da rua e me traga dois abacaxis para a salada de frutas'. Mau humorado o trabalhador saiu, pensando: 'que sujeito insensível. Falo de minha insatisfação e ele me manda fazer compras'. E foi ao mercado. Poucos instantes depois voltou: 'patrão, não tinha abacaxi no mercado'.

Imediatamente o empresário chama o novato e lhe dá a mesma ordem: comprar abacaxi no mercado do outro lado da rua. O rapaz sai e demora a voltar. E o insatisfeito observando e olhando no relógio: 'Além disso é um aproveitador. Em vez de ir e voltar logo para o serviço, fica enrolando tempo'. Nisso chega o novato: 'Patrão, no mercado da frente não tinha abacaxi. Por isso fui nos outros e fiz uma lista de produtos que podem substituir o abacaxi. Aqui está a lista, o preço de cada produto e o telefone. É só ligar que eles entregam'

O empresário agradece, dispensa o funcionário e e diz para o antigo: 'você é uma excelente pessoa, e inteligente. Deve ter percebido porque ele foi promovido e teve aumento'.

A questão, agora, é saber qual dos trabalhadores somos cada um de nós. E neste universo de muitos desafios e poucas oportunidades, de quem é a vaga?

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura-RO