Giliardi Dorn[1]

 

DE PAULO AOS GÁLATAS

INTRODUÇÃO

A saudação inicial de Paulo é uma oração por graça, que significa “favor imerecido” e “paz”, uma sensação de bem-estar advinha de um relacionamento pessoal com Deus, independente das circunstâncias da vida. Paulo queria que seus irmãos na fé, da Galácia experimentassem a presença de Deus no seu dia-a-dia. A redenção de Cristo triunfa sobre os poderes de Satanás e liberta o cristão do castigo pelo pecado, que é a morte. O livramento final do fiel vem com a morte física e o retorno de Cristo Jesus.

1 – EPÍSTOLA DE PAULO AOS GÁLATAS

Paulo estava decepcionado porque muitos dos novos convertidos estavam seguindo falsos mestres que ensinavam “outro” evangelho, que significa “outro, de um tipo diferente”. Os judaizantes que, que formavam um grupo judaico legalista dentro da Igreja Primitiva, tentavam combinar a mensagem da salvação em Cristo ao contexto da Lei mosaica. Os cristãos imaturos acreditavam nessa visão distorcida que exigia muito mais do que a justificação tão somente pela fé.

O apóstolo Paulo respondeu com firmeza à pergunta acusadora dos judaizantes: De quem é o evangelho que pregas? Seu testemunho pessoal explicou a origem divina de sua mensagem e confirmou seu orgulho na herança judaica. A mão de Deus guiou Paulo desde seu nascimento e através da vida até seu ministério. Muitos observadores se maravilharam diante da mudança na vida de Paulo, pois Saulo que havia perseguido os cristãos, tornou-se Paulo, que pregava a mensagem do evangelho. Embora suas ações não o tenham salvado, a mudança em seu estilo de vida trouxe glória a Deus.

Paulo não rejeitava a lei. Pelo contrário, ele dizia que o mandamento era “santo, e justo, e bom”. A lei protege e convence do pecado e leva a Cristo, assim a lei não justifica, mas orienta a vida cristã diária. Paulo declarou que uma pessoa não é justificada pela lei, mas pela fé em Jesus, e que ninguém jamais será justificados por suas obras. Ele descreveu o fiel justificado como tendo sido “crucificado com Cristo”, em novidade de espírito, como tendo Cristo vivo nele, vivendo uma vida de fé e sabendo quem tornou essa vida possível. Então Paulo comentou que a justificação através das obras é diametralmente oposta à justificação pela graça mediante a fé. Abraão acreditava pela fé e tornou-se um filho de Deus, assim os gentios, como Abraão, recebem a salvação através da fé pessoal.

Todo aquele que comtempla apenas suas obras em louvor a Deus, na verdade está debaixo de maldição. Aqueles que confiam nas obras totalmente acreditam que tem a habilidade dentro deles mesmos de fazer aquilo que Deus ordena. No entanto, não existe maneira humanamente possível de obedecer à lei o tempo todo. A lei não pode justificar ou salvas, ela pode apenas condenar. Deus deu a promessa da justificação pela fé a Abraão e a lei para uma vida integra a Moisés. As mesmas promessas de aliança feitas a Abraão para sua justificação foram feitas a todos das gerações seguintes que acreditam pela fé. A lei de Deus nunca teve o propósito de justificar os pecadores.

Em Cristo todos são um. Não existe distinção de raça, classe ou sexo ao pé da cruz. Deus é imparcial. A única linha fundamental que divide as pessoas é a condição da alma individual. Paulo lembrou seus leitores que os cristãos, que antes estavam sob a lei, ora estavam sob a graça. Na redenção, os indivíduos se tornam filho de Deus, adotados em sua família. Muitos dos novos cristãos da Galácia tinham retornado a falsas doutrinas e perdido a alegria da própria salvação. Bastante consternado, Paulo chamou os fiéis gálatas de seus filhos e, comparou o relacionamento que tinha com eles com o de uma mãe com dores do parto que anseia pelo nascimento do seu filho. Paulo labutou por seus “filhos” para que nascessem na plenitude de Cristo.

Jerusalém é comparada a uma viúva sem filhos sentada a porta, vestida com pano de saco e coberta de cinzas. Ela fora privada de seu marido levado ao cativeiro e não tinha filhos que cuidassem dela. Contudo Deus a admoestou para que ficasse alegre e exultante. Abraão tinha dois filhos, Ismael representa a aliança de escravidão dada a Moisés através da lei; Isaque, a aliança da promessa dada a Abraão através de Cristo, assim os cristãos são os filhos da aliança da promessa. Mais uma vez Paulo desafiou seus amigos da Galácia a permanecerem firmes em sua fé e a não voltarem à escravidão da lei. Cristo morreu para libertar, enquanto a lei continua a escravizar. A lei é um pesado jugo, ou seja, um fardo diário para aqueles que vivem na escravidão. Entretanto, para o fiel, o jugo de Cristo “é suave” e o seu “fardo é leve”. Existe grande liberdade em Cristo!

A justificação pela fé não requer obras, porém resulta numa vida santificada. Paulo também acreditava que “a fé sem obras é inoperante”. No entanto ele viu exemplos extremos nos cristãos gálatas. De um lado, alguns gálatas eram legalistas demais, por outro lado, outros eram totalmente distantes da lei. A liberdade em Cristo é a liberdade de escolher o que é certo. Paulo afirma que a coisa certa a ser feita é amar s servir uns aos outros. A fé cristã não é uma lista de “não faça”, mas de “faça”. Quando os fiéis andam “no Espírito”, evitam as coisas da carne e praticam as coisas do Espírito. O objetivo não é cumprir a letra da lei mas seguir no amor de Jesus Cristo, assim o fruto do Espírito é evidente em todos os cristãos que vivem sua fé. A responsabilidade da salvação é pessoal e outra responsabilidade cristã é ajudar às pessoas quando são oprimidas pelo pecado ou por problemas.

Paulo usou o exemplo da semeadura para explicar os resultados do pecado e da integridade. Semear para a própria carne leva para uma vida de pecado e corrupção. Semear para o Espírito leva a uma vida de integridade e santidade. O fiel que semeia para a própria carne não perde o Espírito, mas perde o fruto do Espírito. No entanto, o fiel que semeia para o Espírito aproveita uma colheita de integridade e paz. Os cristão muito ocupados, ficam cansados, mas não devem desfalecer. Existe muito trabalho a ser feito. Paulo incentivou os cristãos a perseverarem, eles não devem relaxar seus padrões ou deixar de fazer o bem que aprenderam.

CONCLUSÃO

O presente da graça de Deus através da fé é a garantia de que não podemos depender das obras para obter a salvação. Se as boas obras fossem o caminho para a justificação, poderíamos nos gabar de integridade pessoal como fizeram os judaizantes. Contudo, Cristo removeu essa disposição quando morreu na cruz para nos dar a justificação. Agora os cristãos devem se gloriar em Cristo, que morreu para justificar todos aqueles que nele creem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada com reflexões de Lutero. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2012.

BIBLIA. Português. A Bíblia da Mulher: leitura, devocional, estudo. Tradução de João Ferreira de Almeida. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2009.

FEE, Gordon D. Entendes o que lês? – um guia para entender a Bíblia com auxílio da exegese e da hermenêutica. 3º Ed. São Paulo: Vida Nova, 2011.

FÓRUM ULBRA DE TEOLOGIA. Lutero, o pastor. Organização Leopoldo Heimann. Canoas, RS: Ulbra, 2006.

SCHMIDT, Werner H. A fé do antigo testamento. Tradução de Vilmar Schneider. São Leopoldo, RS:Sinodal, 2004.

LIVRO DE CONCÓRDIA. Português. Livro de concórdia: as confissões da igreja evangélica luterana. Editado por Darci Drehmer. Traduzido por Arnaldo Shüler. 5.ed. – São Leopoldo: Sinodal; Canoas; Porto Alegre; Concórdia, 2006.



[1] Cursando o Mestrado em Administração e Mestrado em Teologia, Bacharel em Administração com Habilitação em Relações Internacionais, Bacharel em Teologia. MBA em Gestão Estratégica de Negócios, Especialista em Ciência Política e Relações Internacionais. Membro da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB).