Sou educadora e há bastante tempo venho pesquisando as práticas docentes na escola contemporânea. Hoje pela manhã chamou-me a atenção um termo utilizado por uma radialista em um programa matinal "assistir aula".

Essa expressão não mais deveria ser utilizada nos tempos modernos pois é advinda de práticas docentes antigas onde o professor era o detentor de todo o conhecimento e o aluno, mero expectador. Daí o termo "assistir aula". O professor planejava aulas expositivas, utilizava-as em diferentes turmas de alunos desconsiderando suas particularidades e possíveis questionamentos ou imprevistos.

Os planejamentos eram guardados como tesouros junto a modelos de atividades objetivando facilitar a vida do professor nos anos subsequentes. Esse equívoco foi prática comum durante um longo período nas escolas do nosso país.

Comparemos essas aulas agora a uma ida ao cinema: sabemos o nome do filme (disciplina); temos noção do enredo (conteúdo); podemos gostar ou não, porém jamais nos será permitido fazer qualquer alteração no desenrolar e no desfecho da história. Nos resta apenas a opção de assisti-lo até o final ou desistir antes do fim.

Assim ficava caracterizado o papel do aluno naquela época: Mero expectador. Vale lembrar que eu também já exerci a função docente desta maneira. Não por má fé ou comodismo e sim, por falta de conhecimento e também por ter aprendido e observado outros colegas trabalhando dessa forma. Na verdade, acreditava mesmo que assim era o correto.

Mas, diante de um mundo globalizado em que as informações chegam com rapidez e em quantidades surpreendentes e onde nenhum setor cresceu tanto como o da comunicação, inevitavelmente, a escola também mudou. O aluno agora deve ser o protagonista de sua aprendizagem e o professor, um mediador do conhecimento. Hoje, ele não "assiste aula" mas sim, participa ativamente dela buscando e trocando conhecimentos, construindo conceitos por meio da vivência, da pesquisa.

Com isso o desenrolar e o desfecho dessa história não é tão previsível pois tudo pode ser questionado, ampliado, compartilhado e construído por meio das relações e das interações. Ou pelo menos, deveria ser...

Nerli de Lourdes Cesarino Vieira [email protected]