O mundo está em déficit de integridade entre os homens. Vivemos em um contexto onde as pessoas não confiam mais umas nas outras, por falta de integridade em todos os segmentos, na política, na segurança pública, e lamentavelmente, no contexto religioso.

            Mas a Bíblia ressalta que existiram homens que detinham integridade em meio a depravação, o que falar de Enoque, um homem justo e piedoso em meio a corrupção humana, Enoque andou no caminho do Senhor. “E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou”.

Moisés liderou mais de quatro milhões de pessoas no deserto, muitas delas se corromperam, porém Moisés manteve-se firme em seu vigor, “os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor”. Em toda história jamais se levantou homem como Moisés. “E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o Senhor conhecera face a face”.

            Jó, um dos homens mais ricos da terra de Uz, viveu entre pessoas ímpias, mas isso não alterou seu caráter, ele manteve-se íntegro, justo, piedoso, desviava-se do mal existente em sua  época.

            O profeta Daniel estava inserido em contexto de homens corruptos, mas  decidiu não se corromper com os infiéis. Ele esteve na corte com Nabucodonosor durante quarenta e cinco anos do seu reinado, depois com o rei Belsazar. O império babilônico caiu em desgraça no ano 538 a.C. diante do exército Medo e Persa, o então Dario ocupou o cargo com idade de sessenta e dois anos.

            De acordo com Lopes (2016) Dario tinha uma árdua tarefa pela frente, tentar sanar o problema da corrupção existente na corte, para isso delegou sobre o seu “reino cento e vinte príncipes, que estivessem sobre todo o reino. E sobre eles três presidentes, dos quais um era Daniel”. Mas Daniel se distinguia entre os demais presidentes porque era perceptível aos olhos de todos a sua integridade, o qual o rei cogitou nomeá-lo sobre todo o reino (v.3). A honestidade de Daniel era notável diante de toda aquela geração corrompida, os adversários de Daniel traçaram um plano maquiavélico para o exterminarem, mas não achavam nenhuma falha nele (v.4).

 

A CONSPIRAÇÃO CONTRA DANIEL

 

            Os opositores de Daniel tentaram achar algum tipo de dolo em sua vida, mas não obtiveram êxito, porque Daniel era um homem íntegro. Então estes perceberam que só seria possível encontrar algo contra Daniel referente a obediência à lei do Senhor. Eles convenceram o rei a fazer um decreto que no período de trinta dias ninguém poderia orar a nenhum deus, senão somente ao rei, sob pena de morte.

            Daniel tomou conhecimento do edito do rei, mas continuou sua rotina diária de orações, abriu as janelas na direção de Jerusalém e, como de costume, dobrava seus joelhos e dava graças ao Senhor, três vezes ao dia. Daniel preferia morrer a  violar o Decálogo onde está escrito:

Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.

Eu sou o Senhor; este é o meu nome; a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura.

 

            Daniel poderia tentar achar desculpas para salvar sua vida, mas pelo contrário, persistiu em seu vigor, mesmo sendo um idoso de oitenta anos, mas sua fé era a mesma de quando decidiu firmemente não se contaminar com os manjares do rei. Ele demonstra para nós, os cristãos desses últimos dias, que não há desculpa para não servir ao Senhor, Daniel começou servir ao Senhor ainda jovem e agora, já com a idade avançada, o seu vigor continua o mesmo, é assim que nós devemos nos comportar diante das adversidades que vão surgindo na trajetória rumo as mansões celestes.

 

 

 

DANIEL NA COVA DOS LEÕES

 

            Daniel foi pego no seu momento íntimo com o Senhor, no quarto orando. Os cento e vinte governadores e os dois presidentes foram imediatamente falar com o rei Dario (v.12). Então o rei percebeu o verdadeiro significado daquele edito, que não era apenas para agradar o rei e sim uma conspiração para destruir Daniel. O rei Dario ficou aterrorizado com tamanha maleficência dos seus correligionários. Olyott comenta esse ocorrido assim:

Dario, preso na teia de sua própria lei, sendo manipulado por seus cortesãos e conselheiros. O rei do império tornou-se um tolo.

Assinou algo a respeito do que pensava seriamente. Estava agora experimentando o remorso, mas nada podia fazer. Seu dilema era terrível. Sua própria lei condenava Daniel porém em seu coração, desejava salvá-lo. Em sua própria estupidez, assinou um decreto que condenava um homem de Deus [...]

Sem dúvida, os conspiradores se regozijaram ao voltar para suas casas, mas não o rei. Diante dele estava uma noite de insônia [...]

           

            O rei, preso aos protocolos existentes na corte, não teve opção a não ser fazer cumprir a lei e ordenou que lançassem Daniel na cova dos leões.  Porém, o testemunho de Daniel era notável diante de todos. O rei falou para Daniel que o Deus a quem ele continuamente servia poderia salvá-lo dos leões (v.16).

 

             

DEUS PÔDE LIVRÁ-LO DOS LEÕES

 

            O rei selou a cova com seu anel deixando nítido que era irreversível a sentença, foi para seu quarto e ficou em jejum por saber que Daniel era inocente. Porém, ao raiar da aura, o rei saiu apressadamente até a cova aonde lançara outrora Daniel e chamou com voz muito triste e disse: “Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões?”.

            Daniel, por manter sua fidelidade, foi salvo, pois o Senhor saiu em seu auxílio, enviando seu “Anjo” (esse anjo é uma teofonia de Jesus) para fechar as bocas dos leões, este saiu sem nenhuma lesão porque creu que o Senhor poderia fazer o impossível (v.

 

 

23). Grandes lições podemos desfrutar desse texto. Foi o próprio rei quem deu testemunho a respeito de Daniel, assim deve ser conosco, os cristãos desses últimos dias que antecedem a volta gloriosa do nosso salvador Jesus. Os ímpios devem ver em nós a luz de Cristo e glorificar a Deus por isso. Assim, encerramos essa parte histórica do livro do profeta Daniel com a convicção de que fomos imparciais com o conteúdo aqui apresentado. Que a graça salvadora do Senhor Jesus, o amor de Deus pai, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém.

 

Gênesis, 5:24

Deuteronômio, 34:7-10

Jó, 1:1

Rodrigues, P. 153-155

Contri, 2002, P. 57

Daniel, 5:31

Daniel, 6:1-2

Daniel, 6:5

Êxodo, 20:3-5 e Isaías, 42:8

Wiersbe, 2009, p.614

Olyott, 2011, P. 98-99

Daniel, 6:20