Da primeira à quarta REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: a geo-história da técnica da humanidade
Por Cândido Edmundo Alberto Comissário | 27/02/2020 | GeografiaCândido Edmundo Alberto Comissário
Assur Felizardo Mutete Mobeliua[1]
RESUMO
A Revolução Industrial deu-se inicialmente na Inglaterra na segunda metade do século XVIII. Esta estende-se mais tarde pelo resto da europa e pelo mundo a partir do século XIX. Essencialmente, esta consiste em transformações profundas nos modos de produção Artesanais á Manufactura e emprego de máquinas simples na produção industrial. As características básicas das revoluções que se sucederam centram-se na constante substituição do trabalho braçal pelo trabalho mecanizado, facto que vem ao longo do tempo deixando rastos de grandes massas de desempregados, problemas ambientais e de outra ordem socioeconómica e urbanos. Com o tema “Da primeira à quarta REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: a geo-história da técnica da humanidade”, procura-se neste artigo, discutir em torno do que fora causado pelas transformações decorrentes da revolução industrial desde a primeira até a sua quarta fase, que também é chamada de Manufactura Avançada em muitos dos acervos bibliográficos contemporâneas referentes a esta temática. De ressaltar que nossa pesquisa é essencialmente bibliográfica.
Palavras-chave: revolução industrial, manufactura avançada, fases da revolução industrial, divisão do trabalho.
[1]Trabalho de carácter avaliativo, apresentado sub forma de seminário, na disciplina de Geografia da Industria, ministrada no curso de Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitação em Turismo, na Universidade Pedagógica, Delegação de Nampula. Departamento de Ciências da Terra e Ambiente, Faculdade de Ciências da Terra e Ambiente, 2018.
Introdução
A Revolução Industrial representou a lenta e inevitável evolução do capitalismo que, em última instância, substituiu a força motriz humana pelas máquinas, com profundas consequências económicas, políticas, sociais e culturais. Geograficamente esta situa-se na Inglaterra a partir dos meados do século XVIII, podendo-se, com isso, afirmar-se que esta seria a então fase da maturidade do capitalismo que ia se desenvolvendo na europa, ou seja, podemos ainda afirmar que foi a consolidação do capitalismo e da burguesia.
A produção manual é que antecede à Revolução Industrial e esta conheceu duas etapas bem definidas, dentro do processo de desenvolvimento do capitalismo: primeiro o artesanato, foi a forma de produção industrial característica da Baixa Idade Média, durante o renascimento urbano e comercial, sendo representado por uma produção de carácter familiar, com a particularidade de não existência de especialização ou divisão de trabalho para a confecção de um produto; e uma segunda fase em que se introduz a divisão do trabalho e a especialização. Nesse momento, já ocorre um aumento na produtividade do trabalho, devido à divisão social da produção, onde cada trabalhador realizava uma etapa na confecção de um único produto. Outra característica desse período foi a interferência do capitalista no processo produtivo, passando a comprar a matéria-prima e a determinar o ritmo de produção. A substituição das ferramentas pelas máquinas, da energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema fabril constituiu a Revolução Industrial; revolução, em função do enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num processo de transformação acompanhado por uma notável evolução tecnológica. Com o tema “Da primeira à quarta REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: a geo-história da técnica da humanidade”, procura-se neste artigo, discutir em torno do que fora causado pelas transformações decorrentes da revolução industrial desde a primeira até a sua quarta fase, que também é chamada de Manufactura Avançada em muitos dos acervos bibliográficos contemporâneas referentes a esta temática, nesta que é, essencialmente uma revisão bibliográfica em torno das fases da Revolução Industrial. A evolução da actividade industrial Ao longo dos tempos a necessidade de produção sempre esteve junto ao homem. Primitivamente tal necessidade pode ser considerada latente no homem primitivo. Do homem nómade ao homem sedentário tal latenticidade acaba sendo superada de forma mais evidente com o seu desenvolvimento técnico-científico e económico. O primeiro modo de produção de acordo com Mendonça (2011), era a actividade artesanal, que em tempos passados (anteriores a manufactura e a Revolução Industrial) constitui-se na única forma que o homem conhecia para transformar materiais em novos produtos. O autor ainda refere-se a temática evolutiva da actividade industrial numa perspectiva estrutural do modo de produção em que circunscreve não só o modo de produção, como também a sua evolução temporal ou periódica onde se estabelece que, O produto era feito por uma única pessoa, o artesão, que realizava sozinho todo o processo de transformação. A produção era feita na própria casa do artesão ou em pequenas oficinas que reuniam alguns trabalhadores manuais. Os produtos feitos eram destinados para o uso da família ou para vender. Esta prevaleceu até meados do século XVII, mas sobrevive nos dias atuais. Sua principal característica é a produção individual, que desenvolve todas as fases de produção e comercialização do produto, sem divisão de tarefas e apenas com o uso de ferramentas simples (MENDONÇA, 2011, P. 5). Ao longo de sua evolução a humanidade vem assistindo uma transformação na capacidade do homem em produzir, evoluindo de forma continua até aos dias de hoje. O homem desenvolveu novas técnicas, usou cada vez mais novos produtos, o que lhe permitiu uma maior quantidade e variedade de produtos. Para que isso acontecesse, várias transformações foram necessárias na forma de produzir (MENDONÇA, 2011, p. 5). As necessidades de maximização da capacidade produtiva das instâncias produtoras sempre foram marcadas pelo aumento do consumo, pois este gera uma crescente procura por determinados produtos. Contudo, não se deve desconsiderar o facto de que a rede de produção é complexa e possui diversos segmentos de conexão com graus de dependência e interdependência entre as partes envolvidas no fenómeno naturalmente social que é a busca pelo progresso. Segundo Mendonça (2011, p. 5), Com o tempo, houve a necessidade de aumentar a produção dessas oficinas e consequentemente o número de trabalhadores empregados. Os donos das oficinas perceberam que dividindo a tarefa entre os trabalhadores, a produção tornava-se mais rápida e maior e com isso os lucros aumentariam. Surgiu assim a manufactura, isto é, em vez de uma pessoa sozinha fabricar o produto inteiro, esse trabalho passou a ser dividido entre várias pessoas, cada uma fazendo uma parte do produto. Esse tipo de indústria, que surgiu nos séculos XVII e XVIII, representou os primórdios do sistema capitalista. Suas características principais são a divisão de tarefas e o uso de ferramentas e máquinas simples. Instituiu a figura do dono dos meios de produção (o patrão) e o trabalhador assalariado (o empregado). Estes acabam, sem dúvidas, sendo os marcos do início de um a indústria moderna e de novas relações de trabalho entre os homens, onde visava-se a maximização da produção, ou seja, uma que pauta pela produtividade da actividade produtiva e fabril. Com base no que é descrito por Mendonça (2011) pode-se entender que a indústria moderna substitui as ferramentas e as máquinas simples pelas máquinas mais potentes e velozes, movidas por novas fontes de energia e não mais pela força do trabalhador, aumentando assim a capacidade de produção. Esta marca-se com a Revolução Industrial e compreende o actual estágio de desenvolvimento industrial, caracterizando-se principalmente pelo uso intensivo de máquinas, das mais simples às mais sofisticadas; diversificação das fontes de energia e a produção em larga escala. As formas de gerenciamento promovem a divisão de tarefas, a automação industrial e a especialização da produção e do trabalho.