Da Palmatória Visível à Palmatória Invisível
Por Luz Mary Padilha Dias | 17/11/2006 | Educação
A necessidade de um disciplinamento dos corpos sustentou durante muito tempo a violência explícita do uso da palmatória. A palmatória era o reflexo do comportamento dentro de uma escola. Se o estudante chegasse em casa com algum vestígio de castigo seus responsáveis logo se deparavam com a conclusão de que algo havia acontecido de intransigente por ele no seu local de estudo.
Feita geralmente de madeira formada por um círculo e uma haste, era um artefato indispensável aos professores. Seu uso era nas mãos dos indisciplinados. Era como se fosse uma tortura, uma condenação pelos seus atos. Uma prisão que estava sempre beirando os atos das pessoas, onde qualquer deslize era imediatamente restabelecida.
Os pais acostumados com essa forma de aquietação e inserção dos filhos aos ambientes sociais, não problematizavam o uso dessa forma de punição. Acreditava-se que através desse sacrifício (dor) se conseguiria todo tipo de resultados positivos e jamais questionara-se tal procedimento.
Novos tempos foram chegando e com isso alguns questionamentos foram aflorando em razão do porquê do uso de tal maneira de disciplinamento tão violenta e domesticadora. Começou-se a pensar que haviam outras maneiras de educar.
Surgiram estudos em educação onde estabeleceram-se diversas dinâmicas de aprendizagem por vezes mais centradas na felicidade do aluno e não mais naquele tipo de tratamento coercitivo.
Preocupações foram surgindo também na formação de professores, levando-os a refletir um pouco mais sobre a sua prática, na tentativa de levar mais prazer para a sala de aula e conseqüentemente não geradora de tanta indisciplina.
Foram percebidas também as questões relativas ao currículo de tal formação, que nem sempre tem uma capacitação para tornar-se um professor apaixonante, aquele professor com algo mais, pensante nos seus atos e nas suas contribuições a curto e a longo prazo. Aquele professor que pensa mesmo antes de falar, que reflete humildemente sua prática e sempre planeja o melhor para seu aluno. O que existe, na verdade, é uma capacitação conteudística que ensina o professor a ser ensinante, sem perspectivas de uma visão mais holística da escola, como porta de caminhos, como horizonte direcionador.
A partir desses questionamentos, fico pensando que esse grande porém é de extrema importância para uma carreira de magistério onde, dependendo o que se diz hoje pode provocar problemas no futuro do aluno.
A grande violência pode não ser física, ela pode ser verbal. E chega de uma maneira tão arrasadora que o educador não tem idéia da semente que está plantando. Falta-lhe discernimento para perceber o que tem nas mãos e o prazer que ele mesmo pode ter ao ver aquela semente crescer para um bom caminho.
Percebe-se que ainda existem professores violentando seus alunos verbalmente, então não existe mais a palmatória visível mas a invisível, aquela que pode deixar marcas profundas para sempre na pessoa, tão mais profunda que uma marca na pele.
Talvez, ainda internalizados culturalmente pelos nossos ancestrais, não nos demos conta que por motivo algum se deve desrespeitar uma pessoa que está ali sob nossa responsabilidade. Muitas vezes ela está apenas necessitando de uma palavra de abre caminhos para o conhecimento e o educador simplesmente abafa com suas palavras impensadas e torturantes toda a perspectiva de crescimento do aluno.
Impensadamente, por outro lado, alguns pais acolhem essa forma de violência, inclusive deixando que seus filhos sejam acometidos de palavras de baixo-escalão na sala de aula pelos professores. Quando ficam sabendo do ocorrido não fazem nada. Ficam no silêncio do consentimento. Simplesmente acham que o professor tem autoridade para fazer o que quiser para educar seus filhos.
No meu entendimento a atitude de violentar as pessoas tanto a nível físico quanto mental deveria ser visto sob um patamar diferente do que é visto, gerando inclusive processos de revisitação da alma do profissional que trabalha somente levando punição para sala de aula. Certamente algo de muito negativo e escuro se presenciará.
Palavras não são nada mais do que palavras - contradizendo um ditado popular. As palavras podem gerar uma decadência na pessoa, por isso exige responsabilidade, talento e principalmente respeito.
Para isso é necessário urgentemente pensar-se muito mais na formação de professores, principalmente a nível de área de conhecimento. Carece de uma maior interiorização de pedagogias, mais vivências, mais disciplinas terapêuticas e relações humanas e ambientais, objetivando uma visão maior do ser humano não somente como captador de conteúdos/conhecimentos e sim como uma pessoa com vida pulsante, necessitada de uma orientação apaixonada, responsável e equilibrada para seguir sua viagem.
A responsabilidade dessa abertura de portas de visão é muito grande, tanto a nível dos educadores quanto a nível dos pais dos alunos submersos a essa problematização.
Cabe-nos então, finalmente, surpreender essa violentação e essa palmatória invisível reconstruindo nossa vida de valores por si só e não mais abaixo de sofrimento!
Feita geralmente de madeira formada por um círculo e uma haste, era um artefato indispensável aos professores. Seu uso era nas mãos dos indisciplinados. Era como se fosse uma tortura, uma condenação pelos seus atos. Uma prisão que estava sempre beirando os atos das pessoas, onde qualquer deslize era imediatamente restabelecida.
Os pais acostumados com essa forma de aquietação e inserção dos filhos aos ambientes sociais, não problematizavam o uso dessa forma de punição. Acreditava-se que através desse sacrifício (dor) se conseguiria todo tipo de resultados positivos e jamais questionara-se tal procedimento.
Novos tempos foram chegando e com isso alguns questionamentos foram aflorando em razão do porquê do uso de tal maneira de disciplinamento tão violenta e domesticadora. Começou-se a pensar que haviam outras maneiras de educar.
Surgiram estudos em educação onde estabeleceram-se diversas dinâmicas de aprendizagem por vezes mais centradas na felicidade do aluno e não mais naquele tipo de tratamento coercitivo.
Preocupações foram surgindo também na formação de professores, levando-os a refletir um pouco mais sobre a sua prática, na tentativa de levar mais prazer para a sala de aula e conseqüentemente não geradora de tanta indisciplina.
Foram percebidas também as questões relativas ao currículo de tal formação, que nem sempre tem uma capacitação para tornar-se um professor apaixonante, aquele professor com algo mais, pensante nos seus atos e nas suas contribuições a curto e a longo prazo. Aquele professor que pensa mesmo antes de falar, que reflete humildemente sua prática e sempre planeja o melhor para seu aluno. O que existe, na verdade, é uma capacitação conteudística que ensina o professor a ser ensinante, sem perspectivas de uma visão mais holística da escola, como porta de caminhos, como horizonte direcionador.
A partir desses questionamentos, fico pensando que esse grande porém é de extrema importância para uma carreira de magistério onde, dependendo o que se diz hoje pode provocar problemas no futuro do aluno.
A grande violência pode não ser física, ela pode ser verbal. E chega de uma maneira tão arrasadora que o educador não tem idéia da semente que está plantando. Falta-lhe discernimento para perceber o que tem nas mãos e o prazer que ele mesmo pode ter ao ver aquela semente crescer para um bom caminho.
Percebe-se que ainda existem professores violentando seus alunos verbalmente, então não existe mais a palmatória visível mas a invisível, aquela que pode deixar marcas profundas para sempre na pessoa, tão mais profunda que uma marca na pele.
Talvez, ainda internalizados culturalmente pelos nossos ancestrais, não nos demos conta que por motivo algum se deve desrespeitar uma pessoa que está ali sob nossa responsabilidade. Muitas vezes ela está apenas necessitando de uma palavra de abre caminhos para o conhecimento e o educador simplesmente abafa com suas palavras impensadas e torturantes toda a perspectiva de crescimento do aluno.
Impensadamente, por outro lado, alguns pais acolhem essa forma de violência, inclusive deixando que seus filhos sejam acometidos de palavras de baixo-escalão na sala de aula pelos professores. Quando ficam sabendo do ocorrido não fazem nada. Ficam no silêncio do consentimento. Simplesmente acham que o professor tem autoridade para fazer o que quiser para educar seus filhos.
No meu entendimento a atitude de violentar as pessoas tanto a nível físico quanto mental deveria ser visto sob um patamar diferente do que é visto, gerando inclusive processos de revisitação da alma do profissional que trabalha somente levando punição para sala de aula. Certamente algo de muito negativo e escuro se presenciará.
Palavras não são nada mais do que palavras - contradizendo um ditado popular. As palavras podem gerar uma decadência na pessoa, por isso exige responsabilidade, talento e principalmente respeito.
Para isso é necessário urgentemente pensar-se muito mais na formação de professores, principalmente a nível de área de conhecimento. Carece de uma maior interiorização de pedagogias, mais vivências, mais disciplinas terapêuticas e relações humanas e ambientais, objetivando uma visão maior do ser humano não somente como captador de conteúdos/conhecimentos e sim como uma pessoa com vida pulsante, necessitada de uma orientação apaixonada, responsável e equilibrada para seguir sua viagem.
A responsabilidade dessa abertura de portas de visão é muito grande, tanto a nível dos educadores quanto a nível dos pais dos alunos submersos a essa problematização.
Cabe-nos então, finalmente, surpreender essa violentação e essa palmatória invisível reconstruindo nossa vida de valores por si só e não mais abaixo de sofrimento!