RESENHA POR CLARISSA MACIEL CAVALCANTE  

Adriana Regina de Jesus  

O texto traz os conceitos dos diferentes tipos de currículo. Para tanto, se faz necessária a compreensão da evolução do pensamento pedagógico brasileiro e a influência deste na ação docente. A autora traz enfaticamente que o currículo "é um campo permeado de ideologia, cultura e relações de poder", que seriam os pilares e o contexto de construção do currículo. 

A ideologia do mais forte - estado e detentores do capital – molda a base de instituição do currículo.  A cultura como parte da essência dos indivíduos inseridos no contexto social. E a relação de poder se relacionam através das relações de poder. 

A autora cita Moreira e Silva (1997, p 23)1, que afirmam que "o currículo é um terreno de produção e de política cultural, no qual os materiais existente funcionam como matéria-prima de criação e recriação e, sobretudo, de contestação e transgressão". A formação do aluno é direta ou indiretamente influenciada pelo currículo, onde se percebe que a ideologia, cultura e poder exercem influência no resultado educacional produzido sobre ele. Enfatiza-se que o "currículo se refere a uma realidade histórica, cultural e socialmente determinada". 

O currículo, por tanto, constitui o elemento central de projeto pedagógico, que se apresenta em vários níveis, o formal, o real e o oculto. 

Currículo formal é apresentado como o currículo dos sistemas de ensino, expresso em diretrizes curriculares, com base no PCN. Já o currículo real, é o que ocorre dentro da sala de aula, na relação entre professor e aluno, no desenvolvimento das práticas pedagógicas. E por fim, o currículo oculto se apresenta como as influências externas, sociais e familiares que constituem a identidade do indivíduo e afetam a educação no seu contexto escolar, e é chamado oculto, por não aparecer no planejamento do professor. 

Por tanto, o currículo não é um elemento neutro de transmissão do conhecimento social, não surge do nada, mas de uma necessidade social e principalmente econômica. 

A autora traz, através de McNeil (2001a; 2001b; 2001c; 2001d), quatro abordagens distintas do currículo: Acadêmico, Humanista, Tecnológico e Reconstrucionista.  

O Currículo Acadêmico é o que possui maior tradição histórica, se mostra como o currículo cujo o elemento irredutível é o conhecimento. Trata-se do currículo advindo do conteudismo, das disciplinas clássicas de natureza intelectual consagradas pela ciência. A finalidade, neste caso, é a "transmissão dos conhecimentos vistos pela humanidade como algo inquestionável e, principalmente, como verdade absoluta".  

O Currículo Humanístico traz a atenção do conteúdo disciplinar voltado para o indivíduo. Percebe o aluno como ser individual, dotado de peculiaridades e características pessoais, uma identidade que precisa ser descoberta. A autorrealização constitui o cerne do currículo humanístico. O educando deverá "vivenciar situações que lhe possibilitem realizar e vivenciar sua própria individualidade, agindo e experimentando, errando, avaliando, reordenando e expressando". 

O Currículo Tecnológico tem sua base sólida na tendência tecnicista. Tem como função "identificar meios eficientes, programas e materiais, com a finalidade de alcançar resultados pré-determinados". Traz o professor como detentor do conhecimento e os alunos como seres passivos, num fluxo de único sentido e hierárquico. 

O Currículo Reconstrucionista Social tem como objetivo principal a transformação social e a formação ética do sujeito. Compreende a educação como uma promotora da consciência crítica do indivíduo, que inserido em um contexto social, econômico e cultural, se percebe como sujeito de transformação do meio. "É um processo de promoção que objetiva a intervenção consciente e libertadora sobre si e a realidade, de modo a alterar a ordem social". Nesse contexto, a educação se torna um agente promotor de mudança, acreditando na capacidade do homem em "conduzir seu próprio destino da direção desejada, e na formação de uma sociedade mais justa e equânime". 

A autora finaliza, afirmando que o "currículo tradicional não tem mais espaço na atual conjuntura" e traz o formato reconstrucionista como o modelo mais coerente contextualmente. Porém acredito que a união das quatro vertentes de currículo é que podem possibilitar uma formação realmente integral e integrada, principalmente em, se tratando de fomação básica integrada à profissional, onde o método não pode ser ignorado, mas correlatado com a percepção de um indivíduo dotado de potencialidade, inclusive para, a partir daí perceber, criticar e mudar a sociedade ao seu redor.