O artigo propõe elencar algumas considerações a cerca do currículo, considerando a criança como sujeito de direitos, analisar o perfil do educador frente a esse modelo de sociedade em que cotidianamente os meios de comunicações tentam a todo custo ditar um modelo de infância, uma infância do consumo descaracterizando a essência infantil, a singularidade, a especificidade da criança. Por ser o pesquisador também um professor em que vivencia o cotidiano dos espaços de educação infantil, partiu-se então de sua experiência como primeiro foco da pesquisa. Assim, A escolha do tema se deu por considerar urgente que os espaços de educação infantil busquem inovar cotidianamente a prática pedagógica, em que resgate essa infância, e que o brincar, o lúdico retome seu lugar nos planejamentos diários e que o currículo possa contemplar o brincar, o imaginário como a essência da infância. Que as propostas atenda a essa “infância”, que respeita as individualidades, as especificidades de cada um, proporcionar uma aprendizagem significativa. Dentre vários recursos, a literatura é uma ferramenta que além de proporcionar prazer, oportuniza a formação do sujeito autônomo, critico.

Palavras-chave: currículo; infância; literatura.

INTRODUÇÃO

O texto objetiva abordar questões relevantes a cerca do currículo na Educação Infantil, e suas práticas pedagógicas, o que traz as Diretrizes Curriculares Nacionais percorrendo pela historia, analisar como se deu o processo de democratização do Ensino Infantil o que garante o direito e acesso a educação gratuita, publica e de qualidade nas redes municipais de ensino. Para tal faz-se necessário conhecer as propostas pedagógicas, e romper com os modelos que ao longo dos anos foram impostos em nome de uma cultura ocidental pautado num saber cientifico em que prioriza o saber da classe dominante em detrimento do saber cultural do povo, sobretudo do pobre, do negro, e moradores de regiões rurais e periféricas. Ideia essa, preconceituosa que só reforça a superioridade de um sobre o outro. A proposta pedagógica deve estar embasada em garantir o direito á criança a ter acesso a novas aprendizagens. De acordo com os objetivos da proposta pedagógica das Diretrizes Curriculares, as instituições de educação infantil deve ter como objetivo.

...garantir á criança acesso a processos de apropriação, renovação e articulação de conhecimentos e aprendizagens de diferentes linguagens, assim, como o direito á proteção, a saúde, a liberdade, a confiança, ao respeito, a dignidade, a brincadeira, a convivência e a interação com outas crianças. (Resolução n 5, de 17 dezembro de 2009) Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil.

Assim, quais os desafios que cotidianamente o professor precisa enfrentar, tendo em vista, que os tempos são outros, e que e esse modelo de ensino pautado na dominação já não cabe nesse novo panorama da educação infantil. Contudo, é preciso (re) significar e transformar a práxis, buscar formação continuada pautada no respeito ao ritmo de cada criança, concebendo esse educando como sujeito de direitos e possibilidades numa perspectiva de contribuir em sua proposta pedagógica, comprometendo-se a desenvolver ações que atenda as especificidades de cada educando, redescobrir o verdadeiro sentido do que é ser criança valorizando as experiências da infância e do adulto/ criança. Assim, com base nas experiências podemos nos apropriar de situações cotidianas reinterpretar, reelaborar, construir e reinventar  contrapondo a realidade e a fantasia, a imaginação é nato do ser humano e um importante processo psicológico que se inicia na infância que permite ao homem o processo de  conhecimento e desenvolvimento reinterpretando o mundo,   dando novos saberes e significados as coisas. Com base nos estudos bibliográficos juntamente com as experiências adquiridas ao longo dos anos, fica claro que para uma pratica significativa, é imprescindível a formação continuada, que o professor busque inovar cotidianamente sua práxis que possa reconhecer e valorizar o pluralismo de culturas permitirem-se ultrapassar as barreiras do monoculturalismo. Considerar a identidade do povo brasileiro se desligar desse modelo dominante que durante anos reproduziu seus interesses comprometendo os interesses  das classes menos favorecidas.

O grande desafio é atender a criança em sua singularidade, especificidade assegurando-lhe o direito de ser reconhecida e respeitada em suas diferenças, combatendo as desigualdades, garantindo-lhe sua identidade reconhecer a dimensão dessa infância nos aspectos social, históricos e cultural.

Assim, a esse novo modelo de educação cabe uma postura critica e inventiva, no perfil desse professor que não se contenta com o que é imposto, e sim busca incessantemente inovar, propor, instigar e estimular novos saberes. Uma vez que esse educador reconhece a necessidade de buscar e aprimorar seus saberes unindo a pratica a teoria compreendendo que a aprendizagem é dinâmica e perpassa o saber cientifico e no cotidiano das salas de aula, rompe com conceito historicamente construído e criticado por Paulo Freire em seu Livro Pedagogia do Oprimido no que diz que

O educador é o sujeito que conduz os educandos a memorização mecânica do conteúdo narrado. Mais ainda, a narração transforma em vasilhas, em recipientes a serem enchidos pelo educador. Quanto mais vá enchendo os recipientes com seus depósitos, tanto melhor educador será. Quanto mais se deixem docilmente encher, tento melhores educandos serão.

Esse tipo de educação não condiz com a nova geração é emergente que o educador passa a se deleitar em uma pratica coletiva em que o aluno assumi o papel de autor da aprendizagem reconhece suas máximas possibilidades e é estimulado pelo professor naquilo que se considera incapaz e busca a cada dia (re)significar sua aprendizagem. Nessa relação, o aluno se torna o ponto de partida para qualquer proposta pedagógica. A pesquisa possibilita ao professor mais embasamento, fundamentação para uma pratica comprometida pautada na formação e transformação do ser humano para uma sociedade mais justa e plena de direitos, deveres e autonomia.

Nesse sentido, cabe ao educador se inserir nesse novo contexto de educação para transformação, buscar a cada dia inovar sua pratica pautada na relação de respeito desafiando cotidianamente o saber do educando permitir-lhe que seja reconhecido como cidadão, assumir o real papel de ser professor, responsável no cenário da sociedade, opor-se a qualquer tipo de injustiça, pois, o ato de educar é estar aberto a novos saberes. Para a formação de professor, exige quebra de paradigma, preconceitos, reconhecer que o saber não é estanque e acabado, permitir-se a indagar, dialogar, resinificar, sentir e agir com intenção de até mesmo conhecer seus limites e possibilidades para conseguir ir além.

De acordo com a Resolução CNE/CEB 5/2009. Diário Oficial da União, Brasília, 18 de dezembro de 2009, Seção 1, p. 18.

Art. 9 as práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e brincadeira. Garantindo experiências que:

I- promovam o conhecimento de si e do mundo por meio da ampliação de experiências sensoriais, expressivas, corporais que possibilitem movimentação ampla, expressão da individualidade e respeito pelos ritmos e desejos da criança;

Assim, dentro dessa concepção de currículo, sendo a criança, como centro do planejamento, sujeito de direitos, conclui-se que a proposta curricular precisa contemplar e vê o aluno nas suas potencialidades inventado e reinventado a práxis, atendendo as especificidades de cada um. Portanto, é preciso refletir cotidianamente a cerca do currículo, ou seja, pensar num currículo que emerge da criança, para que possamos garantir um aprendizado significativo aos nossos alunos. Vale ressaltar, que o currículo deve priorizar a cultura, pois, cada um trás muitas historia, muitos saberes, jeito único de ser e estar no mundo e é a sua subjetividade que o torna singular.  Conclui-se que a proposta curricular embasada no aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal, social e cultural, desenvolvendo o individuo num todo.  Cabe o professor a responsabilidade da concretização de propostas educativas mais atraentes, dinâmicas, democrática, que seja capaz de reconhecer a saberes trazido pelos alunos, e que o aprendizado esteja focado na realidade de cada um.

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