REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

CANDAU, A.F.B., MOREIRA, V.M. Currículo, Conhecimento e Cultura. Indagações sobre o currículo. Ministério da Educação. P. 17 a 48, Brasília, 2007.

SÍNTESE DA OBRA

    O livro é constituído de duas partes, ambas sob a responsabilidade de um autor, traduzindo sua experiência e fundamentação sobre as indagações e concepções curriculares, em abordagens que se complementam.

    Na primeira parte, na introdução, Moreira e Candau apresenta, em três subtítulos , o resumo da obra levantando assim as indagações e reflexões sobre as concepções curriculares e afirmando que os capítulos posteriores irão trazer além das reflexões sobre o tema respostas a questões postas pela sociedade escolar.

   A segunda parte “Currículo, Conhecimento e Cultura” está subdividida em quatro capítulos que irão prioritariamente expor elementos que serão base de reflexão e discussão sobre o tema central.

   No capítulo um, o autor inicia com algumas discussões sobre a necessidade ou não da preocupação sobre a concepção dos currículos, para isso há um esclarecimento sobre o entendimento da palavra currículo, onde os mesmos dizem que o currículo é associado a diversas concepções e diferentes fatores socioeconômicos, políticos, e culturais.

   O segundo capítulo traz questionamentos sobre nosso entendimento sobre o “conhecimento escolar” que é definido pelo autor como um dos elementos centrais do currículo e que sua aprendizagem constitui condição indispensável para que os conhecimentos socialmente produzidos possam ser aprendidos, criticados e reconstruídos por todos (as) estudantes do pais. Daí o motivo do autor enfatizar a necessidade de inclusão no currículo de conhecimentos relevantes e significativos que levem ao aluno uma compreensão afinada da realidade que está inserido sem deixar de permitir a ampliação de seu universo cultura. Durante a leitura deste capitulo fica claro que a visão do autor é que os docentes e gestores não devam permitir que conhecimentos ensinados na escola não sejam cópias exatas de conhecimentos construídos, ou seja, é necessários incluir nas salas de aula os saberes e práticas que contextualizam a origem dos alunos. Em seguida, faz uma critica sobre o processo de descontextualização onde acredita que essa metodologia para a criação de conhecimento escolar seja ineficiente e não atende de forma significativa os alunos visto que segundo o autor “o estudante acaba aprendendo, simplesmente, o produto, o resultado de um longo trajeto, cuja complexidade também se perde.

    No terceiro capitulo existem vários questionamentos sobre a origem dos conceitos e diferentes sentidos dado ao termo cultura, onde o autor deixa claro sua perspectiva sobre o tema quando relaciona os sentidos dados a cultura em diferentes épocas e sua desvalorização no ambiente escolar. Após a reflexão dos cincos diferentes conceitos dados à cultura pelo autor, o mesmo define resumidamente a cultura como “um conjunto de práticas significativas!”. Ao qual devo, dessa forma relacionar com a ideia construída pelo autor no capitulo sobre a necessidade de inserir conhecimentos relevantes e significativos ao currículo. Na frase “ O currículo não é um veiculo que transporta algo a ser transmitido e absorvido, mas sim um lugar em que ativamente, em meios a tensões, se produz e se reproduz a cultura” fica claro a necessidade e importância da percepção e inclusão da cultura nos currículos, nunca deixando de considerar as experiências vividas pelos nossos alunos em outros ambientes socioeducativos.

   O quarto capítulo é subdividido em sete subitens onde todos irão os princípios para a construção de currículos multiculturalmente orientados. O primeiro relata a necessidade de nova postura, em especial a do professor, onde segundo o autor é indispensável o fim do que ele chama de “daltonismo cultural” que significa a falta de percepção da diversidade cultural na sala de aula, onde não percebem a riqueza de conhecimento e diferentes habilidades que estão a sua frente. No segundo subitem, é perceptível o quanto o autor chama a atenção para o fato da necessidade de se reescrever o conhecimento escolar, ou seja, ele pede que os interesses ocultos nos ensinamentos prontos sejam identificados e evidenciados com a ressalva que não troquemos um conceito pelo outro, dessa forma sugeri que “se explorem e se confrontem as perspectivas, enfoques e intenções, para que possam vir à tona propósitos, escolhas, disputas, relações de poder, repressões, silenciamentos, exclusões”. O terceiro tem relação ao subitem anterior, porém a discussão central aqui é a criação de um espaço onde se possa questionar sobre a construção de um determinado conceito, ou seja, entender em quais circunstâncias ocorreu ou não as discussões daquele determinado tema. Neste sentido os autores salientam que tal fato se faz necessário a fim de evitar que raízes históricas e culturais sejam eventualmente esquecidas. No quarto capitulo percebe-se a preocupação do autor com a pouca consciência que temos sobre a nossa própria identidade cultural, o que segundo ele pode nos levar a uma visão homogeneizadora e estereotipada de nós mesmos de nossos alunos e alunas, por isso ele trata como fundamental que tornemo-nos conscientes de nossas raízes culturais, dos processos em que se misturam ou se silenciam determinados pertencimentos culturais, bem como sermos capazes de reconhecê-los, nomeá-los e trabalha-los. O quinto fala sobre a representatividade dos outros na construção do currículo, de como percebemos os outros e relata algumas vezes que nos sempre tendemos a uma visão binária, n os que consideramos bons (os cultos, civilizados, os verdadeiros e outros) e os outros (os maus, falsos, bárbaros, ignorantes e outros) o que nos leva a perceber o quanto somos separatistas e classificadores. Tal fato é conforme o autor um ponto negativo na construção de um currículo, pois conforme a citação de Taylor (2001) inserida pelo autor é importante é que construamos os procedimentos educacionais que identifique e desconstrua nossas suposições implícitas, que não nos permitem um aproximação aberta  e empática da realidade dos outros. O sexto subitem está relacionado a ideia de torna o currículo um espaço de critica cultural, onde todos os artefatos culturais desempenham papel fundamental na construção do currículo, ou seja, devemos criar um espaço onde todas as manifestações culturais possam participar ativamente da construção do currículo. O sétimo traz uma abordagem sobre  a criação de um espaço de desenvolvimento de pesquisas em nossas escolas, através do comprometimento dos profissionais da educação em relação aos problemas econômicos, sócio-políticos, culturais e ambientais que hoje nos desafiam e que não respeitam fronteiras entre nações ou entre classes sociais. O autor traz esse tema como um desafio que precisamos enfrentar, mas que para isso devemos nos tornar pesquisadores dos saberes, valores e práticas que ensinamos e desenvolvemos, centrando nosso ensino na pesquisa.  

   O artigo estudado fornece subsídios necessários para a complementação do tema “Concepções do Currículo Profissional”, nos reportando esclarecimentos necessários sobre o desenvolvimento, preocupações e conhecimento escolar e a inclusão da cultura nas concepções curriculares.

   Com estilo claro e objetivo, os autores traçam uma metodologia de questionamentos próprios e em seguida esclarecem com citações de estudiosos e/ou afirmações e sugestões próprias enriquecendo dessa forma o texto e a compreensão.

  Dessa forma, entendo que os autores foram esclarecedores no que tange aos conceitos, desenvolvimento e construção do currículo, através de suas reflexões e críticas a alguns métodos utilizados. 

 

   

Resenhista: Naum Pestana Collins

Curso: Especialização em Docência para a Educação, Técnica, Tecnológica e Científica. 

Instituição: Instituto Federal do Pará – Campus Itaituba

Data: 16/02/2017          

Disciplina: Concepções de Currículo Profissional