No Brasil, imperou-se a família patriarcal com o desenvolvimento da urbanização, que resultou o crescimento dos meios de comunicação social, o que atraiu várias áreas rurais para a esfera de influência das cidades, e por isso, acarretou desequilíbrio social que permaneceu até os dias de hoje.

Há um predomínio de vontades particulares em ambiente próprio em círculos fechados e pouco acessíveis a uma ordenação impessoal. A família, por sua vez, expressa com maior força e desenvoltura em nossa sociedade como contato primário e modelo obrigatório de qualquer composição social.

A civilização da cordialidade é o traço do caráter brasileiro de que teve como influência ancestral o padrão do convívio humano pelo meio rural e patriarcal – legitimidade de fundo emotivo transbordante.

O indivíduo consegue manter sua supremacia ante o social com a polidez de presença contínua, e a libertação do pavor que sente consigo mesmo.

Na linguística, o emprego dos diminutivos serve para familiarizar pessoas e objetos. O catolicismo, então, provém da cultura amável de forma humana e singela. Em contrapartida, a aversão de sentimento religioso é profunda e consciente.

Os intelectuais brasileiros tiveram tal aversão que são advogados, médicos, engenheiros, jornalistas, professores e funcionários públicos, porque todas essas categorias querem cargos rendosos para assim exercer.

A aristocracia do pensamento brasileiro foi marcada na história pelo positivismo e reformadora sentimental na devoção dos livros. Tal expressão aristocrática pode ser observada, historicamente, por Dom Pedro II, o qual transformou o conhecimento intelectual social de modo mais digno na erudição formal.

A concepção do mundo intelectual foi simplificada por causa do raciocínio preguiçoso, o que destoou o pensamento de hipóteses espantosas do Brasil para chegar a grande potência de alfabetização, quando a aristocracia intelectual assim imperou no país.

A estrutura da sociedade colonial teve sua base fora dos meios urbanos, como contraponto o que foi o pensamento cultural e social agrário brasileiro. O Brasil pode ser considerado uma civilização de raízes rurais que teve sua ruptura em 1888 com a abolição da escravatura.

Na monarquia imperial, os fazendeiros escravocratas monopolizaram a política e elegiam seus candidatos. E no regime republicano, os fazendeiros escravocratas ficaram endividados e precisaram dos recursos de créditos dos centros urbanos.

No Brasil, o poder do governo não foi conciliável com as ideias geralmente aceitas, e por isso, as instituições deveriam se consagrar pelo costume opinião. A regra de que a prosperidade dos meios urbanos se fez às custas da produção agrícola, deixou de ser ressentida, após períodos de ditaduras, além de que o crescimento urbano se desenvolveu de forma prematura e anormal.

REFERÊNCIAS

HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade. Rio de Janeiro: Digital Source, 2006.

PRADO JR, Caio. Formação do Brasil Contemporâneo. São Paulo:  Brasiliense, 1994.