Tamazight componente da diversidade cultural do norte da África

Os berberes ou Amazigh (Amazigh no singular), povos autóctones  habitantes do Norte da África celebram a passagem no mês passado de janeiro, 13 de janeiro de 2016 correspondente ao  ano gregoriano junto com os occidentais que comemoram o ano novo 2016.

 Este povo amazigh, formado por um povo gradualmente fragmentado por uma história ao mesmo tempo  rica, complexa,  decorre das dinastias dos berberes que reinaram no Magrebe ao século XVI.

 Uma das caracteristicas dos defensores do árabe-islâmico é a marginalização dos berberes convertidos ao Islã inscrito de forma irreversível  na área político-cultural do arabismo.

Na década de 50, a revista Al Maghrib foi tão longe quando escreveu que  não podem entrar no Céu se eles  não fazem parte da linhagem dos árabes.

 Actualmente, os líderes árabo- islâmicos do norte da Africa devem fazer face ao renascimento do movimento  Berbere, fortemente expressado em 2004 por Mohammed Chafik, pesquisador universitário. Pergunta e resposta:

Porque o Magrebe Árabe não consegue se formar?  É precisamente porque ele não é árabe.  Quem então são os berberes? Qual é a sua origem? Como foram islamizados? Qual é a sua longa história? Como se faz hoje o renascimento do Berbere/amazigh? Pode ser uma alternativa ao fundamentalismo islâmico?

 Nesta ocasião aproveitamos aproximar esta cultura amazigh e african que é comemorada  sob a bandeira "Obrigada Mãe Terra".

Uma das características deste povo que habita Marrocos, país excêntrico limitado pelo mar e atravessado por enormes cadeias de montanhas é de fazer parte da história dos invasores Romanos, Vândalos e Bizantinos, antes do ressurgimento dos reinos berberes, formados por composições étnicas baseadas da cultura berbere.

Essas diversas culturas e civilizações decorrem dos períodos das colonizações e das conquistas (fenícias, romanas, bizantinas, vândalos, árabes, francesas, espanhoís) fortaleceram a identidade multiculturalismo e o multilinguismo deste povo berbere que foi até então esquecido ou quasi marginalizado pelo ocidente e oriente.

Tal contexto revela uma requiza inegável ​​ de um país tolerante  e do respeito dos direitos humanos, notadamente no período da ascensão do rei Mohammed VI, ao trono de seus antepassados. As instituições e os Organismos representativos como o Conselho Consultivo dos Direitos Humanos, a Instáncia Equidade e Reconciliação, e o Conselho Real dos Assuntos  Sarauís e culturais amazigh instituídos em 2003 - 2006, são também uma forma da promoção desta cultura com laços na história da humanidade.

Além dos preconceitos e marginalização contra esses povos autóctonos do norte da África, esta cultura comemorada e festejada, bem como divulgada resta o meio pelo qual persiste esta tradição transmitida na cultrua dos países da África, da Europa e da America do sul.

Sem esquecer o rol do Islã influenciador do povo amazigh, da cultura e da variedade das línguas faladas no norte constituindo o factor multilinguismo e multiculturalismo.  

Qual é a história deste povo, um terço da população do norte da Africa?

História

Os primeiros pessoas que povoaram o Norte e Leste da Africa foram da época do Neolítico. Sejam povos de diferentes formações "Berberes", amazigh, termos atribuídos pelos Árabes, navegadores ocidentais e romanos.

Marrocos parte ocidental do norte da Africa terra dos autóctonos amazigh, quase metade da população fala a língua amazight dentro da qual se distinguem três subgrupos: Tarifit (Rif), Tamazight (Médio Atlas) e Tachelhit (Alto, Anti-Atlas e Souss).

A maioria dos historiadores explicam portanto que os conquistadores árabes do século VIII não foram outros povos a não  ser tribos de origem amazigh.

Esses povos são berberofones forçosados a ser arabizadas, notadamente ao longo da costa atlântica, encontrados na província do Chefchaouen e das tribos: El Akhmas, Ghomara, Sanhaja, Ghzaoua, Bni Msara e Arhouna.

Para quantificar o número destas tribos compostas da população amazigh não é fácil devido a complexidade da identificar a origem exacta  e dos primeiros árabes do Oriente Médio chagados no final do século VII. Eles trouxeram o Islão, a língua e a civilização árabe, um dos componenete mais avançado para convertir o povo amazigh.

No XI, a obra da propagação do Islão constitui um instrumento engajado pela dinastia Idrissids traduzida pelos historiadores a título do primeiro Estado islâmico no país, origem dos principais actores da arabização.

Hoje em dia, os árabes do Marrocos conforme o departamento do ministério de planejamento são entre 20 e 50% da população. Tal rol das minorias como raça judaica desempenhou em Marrocos um papel importante como uma étnia da história deste país. Mas a criação do Estado de Israel, no XX levou milhares de judeus marroquinos a deixar seu país natal para Israel. Do memso muitos outros deixaram de viver em França, Canadá e os Estados Unidos da América.

Os judeus marroquinos foram protegidos por dinastias berberes em 210 antes da nossa era. Ainda hoje há bairros judeus chamados do Mellah nas cidades imperiais, como Fez, Meknes, Rabat, Casablanca, Marrakech e Essaouira. As sinagogas espalhadas em todo o país denotam traduzindo os laços existentes entres essas culturas e esses rituais religiosos. Sob todas as dinastias marroquinas, os judeus em geral tiveram também uma liberdade de culto ao longo dos séculos. Os Reis Mohammed V e Hassan II apoiaram a comunidade judaica, hoje ela é cerca de 5.000 pessoas.

Além disso, a colonização francesa (1912-1956) mudou os dados culturais e linguísticos de Marrocos, diferentemente de outros lugares do norte da África. Os franceses e espanhoís tentaram de utilizar essas cultura para manter seus interesses e dominação.

A história colonial francês tentou, por outro lado defender muitas críticas e de forma desigual face ás línguas nacionais, notadamente o árabe clássico e amazight, marginalizado durante o período colonial.

Um dos problemas que hoje persiste no quadro escolar é em relação ao árabe clássico, ensinado como uma língua secundária em particular em algumas escolas das cidades imperiais como Fez, Rabat e Casablanca. Enquanto isso só algumas escolas franco-amazight, o francês predomina como um vector da cultura e da história espiritual e ritual, em detrimento desta cultura e povo, isso é por quase meio século depois da independência.

As autoridades coloniais francesas e as elites do país desde a independência adoptaram um sistema educativo e cultural ocidental ao encontro da realidade das populações. Os primeiros modelos afastaram as culturas das línguas árabe e amazight, e os segundos subvalorizaram os cidadãos perante ás línguas maternas.

Por fim as línguas estrangeiras o francês e o Inglês se tornaram apesar de tudo inacessíveis a não ser para uma maioria deste povo, seja 50% do povo e das étnias marginalizadas permanece condenado a ser analfabetizado.

Línguas correntes em Marrocos

Em Marrocos, as pessoas podem usar até seis línguas e dialetos diferentes como: o amazight, o árabe marroquino, o árabe padrão, o árabe clássico, o Francês, o Espanhol e  o inglês. Isso exige do país novas infraestruturas e bases para integração das minorias na cultrua e no âmbito da comunicação  e abre o país sobre o occidente. A bordo da avião por exemplo se distingui entre as línguas nacionais (o amazight, o árabes marroquino, o árabe padrão, o árabe clássico) face ás demais línguas estrangeiras (o Francês, o Espanhol e o Inglês). São introduzidas pelo colonizador francés e espanhol e o Inglês após a independência e acordos bilaterais.

Amazigh

O Berber termo é frequentemente usado na tradição ocidental como pejorativo para indicar um povo salvagem Tamazight ou Amazigh. Trata-se de Zonas berberes descontínuos nas montanhas do Alto Atlas, em muitas vezes as aldeias arabofones são incluídas por falar as duas línguas consideradas improdutivas politicamente e economicamente.

Embora a linguagem Amazigh a mais antiga do Magrebe, os interesses dos ocidentais  continuam a ameaçar o equilíbrio desta civilização antiga, bem como da cultura defendida por vários historiadores e filósofos como Vycichl (1988) que considera a história dos Berberes antiga e rementa a mais de 5000 anos.  Assim os Berberes se distinguem em pelo menos três dialetos: Tarifit, Tamazight e Tachelhit.

Tarifit é falada no norte do país, nas montanhas de Rif na região de Tânger, de Tetouan, de Nador, de Al Hoceima e Aknoul. Tarifit é também praticado pela comunidade de Rif como pelos residentes na Alemanha e na Holanda.

Tamazight é também falado no centro do país nas montanhas do Atlas Médio, em particular nas regiões de Boulemane, de Midelt, de Errachidia, de Khenifra, de Azrou, de Beni Mellal, de Khemisset, etc. Tamazight é fortemente influenciado pelo contato com o dialeto árabe.

Contrariamente aos usuários de outros dialetos berberes, o grupo Tamazight é mais flexível na utilização de outras línguas, daí a notável influência do árabe sobre esta variedade Berbere. Tachelhit, por sua vez, é falado no sul de Marrocos nas montanhas de Atlas e no Alto Atlas. Como as regiões de Marrakech, de Agadir, de Tiznit, de Ouarzazate, de Essaouira, etc. Tachelhit por fim é falado nas grandes cidades de Marrocos, tais como Casablanca, Rabat, Fez, Tânger envolendo os mercearias de origem soussie, região do Agadir. Alem de uma forte comunidade soussie que promove esta cultura nos países de emigração como França, Holanda e Bélgica.

Árabe

A língua árabe foi introduzido em Marrocos, em primeiro lugar, no século VII durante a primeira onda de conquistadores árabes, fortaleceu-se no século IX e durante as outras fases de conquista muçulmana e no século XII, com a chegada das tribos Hilali no século XV e o retorno maciço dos andaluzes instalados em grandes cidades como Fez, Rabat, Sale e Tetouan. Mas um dos factores da arabização da população de língua berbere é por motivo do islão.

É essencial estabelecer uma relação sobre essas diferentes variedades árabes que os pesquisadores  (Fergusson 1972, Youssi 1983, Ennaji 1991, 1994) identificaram no seio do árabe, uma vertente como alta (árabe clássico) e a outra baixa (árabe dialeto). Daí o multiculturalismo inspirado graças a estas vertentes da cultura  árabe, do amazigh e do berbere.

Multiculturalismo

O Berber e o árabe dialeto formam a cultura popular, uma vez que o árabe clássico difere da cultura amazigh, do francês e do Islã que exige rituais definidos pelo líder ou comandante dos fieis. Neste contexto  do multilinguismo, do multiculturalismo e da legitimidade do Estado que estabelece algums principais conceitos contra a cultura amazigh que não tem outra alternativa a não ser  integrar e  transformar seus hábitos.

Desde a independência, Marrocos oscila entre a modernidade e o conservadorismo. Nos anos 1960, 1970 e 1980, o país optou para a primeira tendência, sob a influência da cultura francesa, e a cultura amazigh, uma das manifestações e protestos das comunidades da década de 90, ficou uma saída do povo que exige o respeito de seus valores culturais no ámbito do conservadorismo e do aumento do fundamentalismo muçulmano.

Durante os primeiros anos da independência, a elite governante adotou o bilinguismo árabe-francês como uma opção da política no contexto de seus esforços para modernizar o país.

Mas hoje, a tensão entre as comunidades interpela o Estado para buscar alternativas na cultura e não só na crítica, nos rituais e nos conceitos do ocidente, bem como nas crenças árabo-muçulmanas que consideram os berberes e amazigh um componenete segundário na formação da cultura árabo-amazigh.

Os conflitos de interesses e as tensões ideológicas da luta pelo poder em diferentes níveis devem ser alterados no contexto atual de guerra e conflitos religiosos. A situação sociolinguística não deve ser estática, a migração e a formação de novas entidades revelam a evolução da questão amazigh na cena regional e continental.

A após a independência, a cultura amazigh se tornou  um modelo desta estrutura, a marginalização dessas línguas nativas não devem ser em detrimento do amazigh e dos dialetos, atribuídas geralmente as mulheres analfabetas e á migração maciça dos homens para as cidades.

A preservação das línguas e culturas nacionais deve fazer parte dos direitos humanos, o mundo a partir da década de 1990 mudou de fisionomia muitas reivindicações da emanicipação das mulheres, consequências que influenciaram os fluxos migratórios de famílias inteiras á destino da Europa.

A divulgação dessa cultura, através das redes e meios de comunicação obriga a reforma do Estado marroquino principalmente nas décadas 60 e 70, tornando a prioridade a escolha do árabe clássico, como a língua oficial e da religião e o francês como a língua dos negócios e  da administração.

Mas a preocupação persiste das vozes das mulheres levantadas contra á descriminação racial, alfabetização das crianças diante das instituições e organizações oficiais.

Para o árabe dialetal e berbere, relegados aos domínios domísticos, ao lar e a casa, preocupa o domínio do ensino, notadamente o domínio privado, onde as mulheres estão presentes ainda mais que os homens. hoje, o árabe padrão promovido como uma língua designada "macho" contra á língua berbere designada como"femea", uma atitude que visa este povo marginalizar e a cultura amazigh.

Denunciar este comportamento decorre da proteção dos direitos linguísticos e das mulheres. o árabe padrão protegido não deve levar a uma ascensão do fundamentalismo islâmico.

Porque a cultura de um povo deve ser medida por valores  e história  e não por um conceito"velado" sob considerações raciais e ocidentais. A promoção do Berbere e da mulher como transmitidora para as gerações deve ser acompanhado por reivindicações do secularismo, notadamente da posição da mulher na tomada de decisão.

O multiculturalismo é preservado mais uma vez graças á mulher e ás gerações que lutam para conscientizar e defender as estruturas sociais, e o rol das instituições no sentido da diversidade cultural e do fluxo imigratório e a cohabitação das diferentes culturas.

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário