RESUMO

Por a hemodiálise ser um procedimento que demanda muito da pessoa que passa pelo tratamento, é necessário que haja alguém que mantenha, ou ao menos, tente melhorar o estado de ânimo de quem passa pela hemodiálise. Devido a isto, notou-se uma preocupação de bem-estar para com os acompanhantes/cuidadores desses pacientes, já que a atenção dos médicos e enfermeiros vai, em grande parte, para os pacientes. O objetivo da proposta de intervenção foi de proporcionar um espaço para os familiares/acompanhantes no qual pudessem se expressar acerca do processo em que se encontram enquanto cuidadores de pacientes do setor de hemodiálise do hospital de ensino referência na região norte do Ceará. Proporcionando aos mesmos, um momento de acolhida e um espaço de escuta aos cuidadores, por meio de técnicas de processos grupais. A abordagem que foi utilizada na intervenção se deu de maneira qualitativa, e se trata de um relato de experiências a partir das impressões dos acompanhantes dos pacientes da hemodiálise. O que foi percebido é que há uma grande demanda dos participantes em serem ouvidos, pois os mesmos, embora não se encontrem no lugar/papel de pacientes, também são afetados tanto ou até mesmo, muito mais pelas mudanças que o IRC traz a quem está em tratamento.

Palavras-chave: Psicologia da Saúde; Hemodiálise; Intervenção.

1. INTRODUÇÃO

Os rins são órgãos fundamentais à vida humana, segundo Garcia (2004) eles são responsáveis pelo balanço sadio da química interna do organismo. Quando há ineficiência em seu funcionamento, em que o sujeito não consegue mais secretar a urina suficiente para preservação da homeostase, instala-se o que se chama de Insuficiência Renal, podendo ser ela aguda ou crônica. Devido ao funcionamento inadequado dos rins, a hemodiálise surge como uma opção de tratamento que permite remover as toxinas e o excesso de água do seu organismo. A hemodiálise consiste num processo no qual o sangue é limpo de substâncias que em excesso, fazem mal ao corpo, como ureia, potássio, sódio e água. Em virtude disso, o paciente que passa por esse tratamento segue uma dieta e deve evitar ao máximo alimentos que antes eram habituais. Bem como seguir uma dieta rigorosa, a quebra da rotina muda toda a dinâmica da família ou, havendo contrariedade, há uma maior probabilidade de redução na expectativa de vida do paciente. Conforme Resende (2007) há muitos comprometimentos na vida do paciente renal crônico, pois estes envolvem questões biopsicossociais. A hemodiálise ocorre três vezes por semana, durante 4 horas cada sessão. Com isso, a nova rotina do sujeito a qual está inserido, terá de se adaptar, o que implicará mudanças em fatores que vão além da doença, pois inclui fatores como questões emocionais, familiares e sociais, segundo afirmam Freitas e Cosmo (2010). Nesse momento de “espera” é notável o impacto causado não só no paciente, mas também no acompanhante/cuidador que na sua grande maioria, é algum familiar. De acordo com Brito (2009) o adoecimento de um membro da família desencadeia mudança em toda a estrutura familiar, incluindo o ato de cuidar que muda a dinâmica entre os membros. Muitas vezes os acompanhantes ficam à espera do paciente sem fazer nada, pois a equipe multiprofissional está com a atenção e cuidado voltados principalmente para o paciente, muitas vezes sem se dar conta de que o acompanhante também está em um processo de sofrimento. Para Santos (2009) é preciso levar em consideração a família do doente para que se tenha um tratamento mais eficaz. Outro autor defende que “O suporte familiar, as competências de cada membro da família, o nível de esclarecimento e a qualidade da comunicação com a equipe de saúde influenciam sobremaneira o manejo da doença pelo paciente” (FERNANDES, 2007, p. 133). Contudo, este trabalho foi de fundamental importância, uma vez que mostrou que além do paciente, existe um outro sujeito que também está em processo de sofrimento e que deve receber amparo. O objetivo da proposta de intervenção foi de proporcionar um espaço para os familiares/acompanhantes no qual pudessem se expressar acerca do processo em que se encontram enquanto cuidadores de pacientes do setor de hemodiálise do hospital de ensino referência na região norte do Ceará. Proporcionando aos mesmos, um momento de acolhida e um espaço de escuta aos cuidadores, por meio de técnicas de processos grupais.

2. METODOLOGIA

A intervenção foi realizada no setor de hemodiálise hospital de ensino referência na região norte do Ceará, tendo como público alvo os acompanhantes dos pacientes que fazem o tratamento, visto que alguns deles passavam o período das seções de hemodiálise na recepção aguardando o horário em que o processo se encerre e possam retornar para suas casas. A abordagem que foi utilizada na intervenção se deu de maneira qualitativa, e se trata de um relato de experiências a partir das impressões dos acompanhantes dos pacientes da hemodiálise, pois os mesmos têm muito a contribuir, tendo em vista que de maneira direta ou indireta eles também têm sua rotina modificada em função da Insuficiência Renal Crônica – IRC. Os participantes da oficina foram os acompanhantes que se encontram na recepção do setor de hemodiálise, tendo em vista que muitos deles ficam neste local desde o momento que o paciente entra no setor de tratamento, até o horário de saída, que chega a ser em média umas 4 horas de espera, tempo suficiente para que fosse realizada a intervenção. A proposta de trabalho escolhida foi a oficina grupal com realização de dinâmicas de grupo que, segundo Santos (2009) o objetivo da oficina não se restringe a reflexão racional, ela consiste em buscar elaborações que envolvam os sujeitos. Tem um caráter pedagógico e terapêutico, de maneira pedagógica é possível desenvolver um processo de aprendizado partindo das experiências e demandas do grupo. Já o processo terapêutico proporciona o trabalho com os significados afetivos e as vivencias. Aqui não se trata de um grupo terapêutico visto que é restrito a um foco e tem um tema ser discutido e não tem caráter de análise dos acompanhantes. As dinâmicas foram os instrumentos que auxiliaram no processo de construção da oficina, fazendo com os participantes fossem ativos no grupo e pudessem trazer elementos pertinentes para as reflexões. [...]