RESUMO: No Brasil e no mundo a população idosa vem crescendo significativamente,nas ultimas decadas com base no Estatuto do idoso considera-se idoso todo individuo a partir de 60 anos de idade, e segundo o IBGE, até 2050 a população idosa representará a 5ª parte da população nacional, mudando o cenário da saúde no nosso país pela necessidade da criação de políticas de saúde que atendam a essa demanda que devido às mudanças fisiológicas causadas pela idade adquirem doenças crônicas, tais como: diabetes, hipertensão, artrite, artroses, doenças renais, doenças cardiovasculares, câncer e outras patologias não passíveis de cura medicamentosa e/ou cirúrgica, tendo como principal alternativa terapêutica Cuidados Paliativos que de acordo com a OMS e uma abordagem que busca qualidade de vida dos pacientes e de seus familiares diante de doenças ameaçadoras da vida por intermédio da prevenção e do alivio do sofrimento por meio da identificação precoce e da avaliação impecável, do tratamento da dor e de outros problemas físicos, psicossociais e espirituais, no entanto diferente do que muitos pensam essa terapêutica pode e deve ser aplicada na atenção básica á saúde como forma de reduzir o índice de hospitalização. Objetivo: compreender como a Estratégia de Saúde da família pode contribuir para que a população idosa seja amplamente amparada por essa modalidade do cuidar. Metodologia: através de revisão bibliográfica do tipo sistêmica em livros, revistas, jornais e periódicos que contribuam para a pesquisa do referido tema.

PALAVRAS-CHAVES: Estratégia de saúde da família, saúde do idoso, cuidados paliativos.

INTRODUÇÃO

De acordo com o estudo dos aspectos demográficos realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,2016), a população mundial esta envelhecendo, pois:

A evolução da composição populacional por grupos de idade aponta para a tendência de envelhecimento demográfico, que corresponde ao aumento da participação percentual dos idosos na população e a consequente diminuição dos demais grupos etários. (IBGE, 2013, pag.15)

Com base nesses estudos podemos afirmar que o Brasil possui a cada ano um número maior de idosos, já que a projeção do IBGE para o ano de 2050 pressupõe que cerca de 30% da população brasileira será formada por pessoas com mais de 65 anos e que até o ano de 2060 a população com 80 anos ou mais somará aproximadamente 19 milhões de pessoas. Esse crescimento exige mudanças significativas no modo de pensar e executar as políticas de saúde no Brasil, pois o processo de envelhecer traz ao individuo mudanças fisiológicas que contribuem para o desenvolvimento de doenças crônicas e a presença dessas doenças devido à morbidade ocasionada por elas tornam os idosos indivíduos com perfil para Cuidados Paliativos (CP).

        De acordo com o Ministério da Saúde (2013),

 As doenças crônicas compõem o conjunto de condições crônicas. Em geral, estão relacionadas a causas múltiplas, são caracterizadas por início gradual, de prognóstico usualmente incerto, com longa ou indefinida duração. Apresentam curso clínico que muda ao longo do tempo, com possíveis períodos de agudização, podendo gerar incapacidades. Requerem intervenções com o uso de tecnologias leves, leve-duras e duras, associadas a mudanças de estilo de vida, em um processo de cuidado contínuo que nem sempre leva à cura. (Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias; Ministério da Saúde, 2013, pag.5)

   Diz ainda que atualmente no Brasil aproximadamente 72% das mortes são causadas por doenças crônicas e que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2003) até 2020 nos países em desenvolvimento essas doenças serão responsáveis por aproximadamente 80% de mortes no mundo devido a não aderência ao tratamento. (Ministério da Saúde. 2013)

 Para Andrade et al (2012), os avanços científicos e tecnológicos ocorridos em grande escala, durante as últimas décadas do século XX, associados ao desenvolvimento da terapêutica, fizeram com que muitas doenças agudas se modificassem em crônicas,contribuindo para a longevidade de seus portadores, sendo, portanto, necessário a promoção de Cuidados Paliativos (MACHADO, PESSINI, HOSSNE, 2007 apud ANDRADE et al   2012).

E de acordo com a Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP):

“Cuidado Paliativo, sem dúvida, é o exercício da arte do cuidar aliado ao conhecimento científico, em que a associação da ciência à arte proporciona o alívio do sofrimento relacionado com a doença. Por ser parte fundamental da prática clínica, pode ocorrer de forma paralela às terapias destinadas à cura e ao prolongamento da vida.” (ANCP, 2009, pag.7)

Diz ainda que a intensa fragilidade que alguns pacientes idosos apresentam sem diagnostico especifico e que causam enfraquecimento progressivo de vitalidade e provável evolução rumo à morte em pouco tempo os torna pacientes, com a indicação de Cuidados Paliativos que é a abordagem que objetiva atingir a condição de bem-estar global. (ANCP, 2009)

           Túlio (2006) diz que a medicina paliativa é uma especialidade de atender relativamente nova no Brasil, surgindo da necessidade de atender a uma demanda de pacientes que são vistos como indivíduos economicamente improdutivos pela sociedade, sendo isto consequência de uma sociedade capitalista que vê o indivíduo como mero contribuinte e mantenedor de um sistema excludente, estando excluídos, dentre outros, idosos portadores de doenças crônicas (grifo meu), neurológicas e os pacientes terminais de câncer. Sendo assim, a medicina paliativa chega ao Brasil pela necessidade destes pacientes terminais e seus familiares, diante do intenso sofrimento e discriminação a que são expostos.

Diante de tanta evolução na medicina, a morte tornou-se um tabu, deixando de ser aceita como uma transição necessária e passou a ser temida. Deixa de ocupar a casa, lugar de hábitos da vida cotidiana, para ocupar os hospitais, lugar da razão e da técnica, onde o doente e sua família são privados de sua liberdade e do direito de saber sobre a morte, tornando-se aqueles que não devem saber.

Antigamente, a morte era uma tragédia - muitas vezes cômica na qual se representava o papel “daquele que vai morrer”. Hoje, a morte é uma comedia- muitas vezes dramática- onde se representa o papel “daquele que não sabe que vai morrer”. (ARIÈS, 2003, p.238).

Nesse cenário a medicina paliativa apresenta-se como uma modalidade de cuidar, pois o fato de não haver possibilidade de cura não dispensa a atenção no cuidado, sendo direcionada ao trato da dor (física, emocional, social e espiritual), que se torna indispensável e contribui para o prolongamento qualitativo da vida desses indivíduos e os remetem aos cuidados não apenas da equipe medica nos hospitais, mas prioritariamente ao ceio familiar por entender que aproximação da família, dos amigos e o conforto do seu lar contribuem para o alivio da dor.

 Dessa forma a população idosa cada vez mais crescente no Brasil e no mundo torna-se demanda prioritária dos CPs, pois entendemos que trata-se de uma terapêutica de cuidados voltada para melhoria da vida de pacientes acometidos de doenças crônicas e/ou degenerativas sem possibilidade de cura medicamentosa ou cirúrgica, mas necessitando de apoio emocional, espiritual e medicamentoso(físico e social) que contribuam para uma saúde ativa, garantindo qualidade de sobrevida que deve ter inicio desde a detecção das patologias ainda na Atenção Primária a Saúde (APS).

 Como afirma Pisco (2011), “Para a proteção das pessoas em fase terminal de vida, o Conselho Europeu recomenda a identificação de casos de CP na APS, com a quantificação e descrição da situação dos pacientes e suas enfermidades.” Sendo este organizado de modo a não ter descontinuidade.

Mas qual a contribuição da Estratégia de saúde da Família para idosos acometidos de doenças crônicas e que necessitam de Cuidados Paliativos? Como esses cuidados ocorrem na Atenção Primária à Saúde? Quem são os agentes responsáveis por este tipo de atendimento?

O presente estudo elaborado através de pesquisa qualitativa com base em revisão bibliográfica, que tem como fonte de consulta livros, periódicos e tese sobre o tema, tendo como principal objetivo identificar as contribuições e os limites do cuidado a população idosa nessa abordagem de cuidado nas unidades de Atenção Primária a Saúde, para isso abordaremos os conceitos e um breve histórico sobre Cuidados Paliativos, Estratégias de Saúde da família e Saúde do idoso no Brasil.