Israel Izidoro Pacifico[1]

Ministério Pastoral

Introdução

Este trabalho visa, num primeiro momento, falar sobre as pistas que a temática do cuidado pastoral pode oferecer em resposta à pergunta: “quem é o ser humano”, esclarecendo sobre a dimensão que a ação pastoral deve alcançar, bem como em que esta ação pastoral deve se focar, propondo algumas respostas para a indagação sobre a identidade humana.

Num segundo momento pretende-se avaliar expondo e analisando os aspectos em que a temática do cuidado pastoral no Antigo Testamento e no Novo Testamento é convergentes e/ou divergentes; e, apresentar alguns registros bíblicos que apóiam tais divergência ou convergência estabelecendo  assim um quadro geral da evolução do tema, do Antigo Testamento para o Novo Testamento.

Focando como esta evolução da visão da temática pastoral contribuiu para vocação como chamado para servir, devido à amplitude de tal chamado estar contido no “ide” de Jesus, que ampliou o pastoreio de Deus através de uma ação pastoral que é oferecida através da ação do evangelho, a toda criatura.

 Por último pretende-se estabelecer a relação entre “cuidado pastoral” e “carisma pastoral”, tendo como horizonte à vida do ser humano no mundo, abordando como se da tal ação, entendendo a importância desta ação estar ligada ao carisma pastoral para uma melhor esfera de alcance, numa perspectiva de busca do bem estar da vida humana.

Todas estas perspectivas envolvendo a temática pastoral, por fim será englobada, pretendendo com isso o despertar da vocação pastoral e o chamado para servir, esclarecendo a importância desta vocação como fator de promoção de vida, dignidade e consciência da necessidade de ser; Humano.

1) As pistas que a temática do cuidado pastoral pode oferecer em resposta à pergunta: “quem é o ser humano”.

Com um olhar de que o ministério pastoral não abrange só o aconselhamento, mas a dimensão humana em um todo, temos a partir daí uma primeira pista da resposta à pergunta intrigante “quem é o ser humano”, pois em uma atitude pastoral e como igreja atuante na comunidade, a ação pastoral deve estar focada na vida, pois este humano tem uma “vida diferenciada”, que precisa ser orientada para um discernimento de sua identidade interior.

A temática do cuidado pastoral envolve prioritariamente o cuidado da vida. E ao ter como base o paradigma bíblico baseado na ação de Deus na história de Israel e no ministério de Jesus, o qual revela Deus como pastor cuidador e interessado com o bem estar do ser humano nos leva a uma outra resposta a respeito da identidade humana; de que o ser humano é “uma criatura criada e amada por Deus”.

Outro ponto importante que podemos analisar na temática do cuidado pastoral, e o de que o ser humano é como um ser em busca da sua identidade, mesmo detendo muitas informações que lhe traz certo nível de conhecimento, enfrenta problemas não pela falta deste conhecimento e sim de orientação, pois se encontra confuso, colocando o ser humano na categoria de “um ser em constante crescimento”.

Pensamentos a respeito da identidade humana foram concebidos em todas a linhas de pensar. Quem é o ser humano é a pergunta marcante, pois se quer saber a verdade sobre nos mesmo. Visões de evolução de espécies, pesquisas no campo cientifico como a do “genoma” tentam clarear o entendimento desta identidade. Mas no que tange a temática da ação pastoral, pode-se entender esta identidade tendo origem em Deus.

 Daí a importância da vocação do pastor diante deste ser humano que busca sua identidade, e precisa se sentir digno da vida que esta vivendo, não sendo como uma máquina, e nem vitima de uma sociedade que este; “diz valer quanto pesa”, mas levando a compreender a sua posição no cosmo como um ser em constante busca de ser; “Humano”.

2) Exposições e analise dos aspectos em que a temática do cuidado pastoral no Antigo Testamento e no Novo Testamento são convergentes e/ou divergentes; e, se há registros que denotam uma evolução do tema do Antigo Testamento para o Novo Testamento.

Iniciando com o ponto em que é detectado o cuidado pastoral no Antigo Testamento o qual estava vinculado à imagem do Deus Pastor e cuidador, que mantinha um relacionamento com seu povo intermediado através de uma aliança, onde cuidado pastoral acontecia no cotidiano das pessoas, podemos perfeitamente perceber ser este um ponto bem convergente com a visão da ação pastoral no Novo Testamento.

Visto que o cotidiano era o ambiente central da ação pastoral no novo testamento, onde a caminhada de Jesus com seus discípulos, era carregada de cuidados pastoral os quais ele exercia, quer seja os assistindo nos momentos de fome como na multiplicação do pão (Mateus 15.36,37), ou em momentos de enfermidade na família a exemplo da cura da sogra de Pedro (Mateus 8.14) ou valorizando a vida a exemplo do caso da mulher pega em pleno ato de adultério (João 8. 3 a 11).

Se por um lado no Antigo Testamento, Deus estava onde às pessoas estavam, pois em sua condição de nômade o povo era peregrino e caminhava de um lado para o outro motivado pela sobrevivência, assinalando por este ponto uma divergência da temática da ação pastoral em relação ao Novo Testamento, visto que neste o povo não era, mas nômade, porem seus lideres religiosos que também era tido tipo pastores, apascentavam a si mesmo, sendo está realidade remediada somente pela ação pastoral de Jesus o messias e pastor, o qual muitos não reconheceram.

 O aspecto no Novo Testamento do pastoreio ligado à ação de guiar e ter compaixão diverge um pouco do Antigo Testamento no sentido de que em quanto num a presença de Deus era confirmada por uma aliança basicamente de cuidado, no outro as ações como conduzir, orientar para a unidade e apregoar a amizade de Deus pela humanidade, mostra um sentido, mas amplo da ação de Deus como pastor, pois estende tal ação para esfera de “toda a humanidade”.

Este aspecto de “toda a humanidade” merece ser mais bem explorado, pois assinala uma grande diferença na esfera de alcance do pastorado no Novo Testamento em relação ao Antigo, pois neste há a visão de um Deus pastor que exprimia um cuidado que abrangia basicamente a nação de Israel.

 A respeito desta nação Disse Deus: (E dize-lhes: Assim diz o Senhor DEUS: No dia em que escolhi a Israel, levantei a minha mão para a descendência da casa de Jacó, e me dei a conhecer a eles na terra do Egito, e levantei a minha mão para eles, dizendo: Eu sou o SENHOR vosso Deus. Ezequiel 20.5. Bíblia Sagrada). Ficando bem compreensível que, basicamente só a nação de Israel como povo, gozava da ação de um Deus pastor em sua caminhada.

Já no Novo Testamento, através da manifestação de Jesus vemos o alargamento desta ação pastoral de Deus, visto que o alcance foi ampliado para esfera de toda a humanidade, como se pode entender pela declaração feita por ocasião da apresentação de Jesus: (Luz para iluminar as nações, E para glória de teu povo Israel. Lucas 2. 32. Bíblia Sagrada), revelando assim o pastoreio de Deus através de Jesus o messias, que passaria a abranger não só a nação de Israel, mas todas as nações.

Tal visão de pastoreio também se confirma na seguinte ordem do ide do Senhor Jesus: (E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Marcos 16.15. Bíblia Sagrada), onde fica bem claro que o evangelho é para toda criatura que crê, sendo assim a ação pastoral de Deus também é.

3) A relação entre “cuidado pastoral” e “carisma pastoral”, tendo como horizonte a vida do ser humano no mundo.

Podemos ter um entendimento de que a relação entre o cuidado pastoral e o carisma pastoral e uma relação de “complementaridade”, visto que tendo como horizonte à vida do ser humano, a ação pastoral deve se revestir de todas as ferramentas e meios para que este “humano” que esta adiante em seu horizonte seja alcançado em toda amplitude por tal ação.

Neste ponto entra o carisma, pois sendo por definição (força divina conferida a uma pessoa, mas em vista da necessidade ou utilidade da comunidade religiosa, ou ainda atribuição a outrem de qualidades especiais de liderança, derivadas de sanção divina. Dicionário Aurélio), subentende-se que o carisma pastoral apresenta-se como uma força propulsora capaz de maximizar a ação pastoral para um resultado mais amplo.

Este fato se dá através manifestação do fenômeno da ação pastoral, em que o carisma pastoral se encontra presente, o capacitando e revestindo de uma completude, que torna tal ação uma força promotora de valorização humana e geradora de vida, capaz de remediar os danos causados na esfera social e humana presentes na sociedade moderna.

Rupturas dos direitos humanos que podem ser identificados como um novo apartaite social, os quais assombram o mundo moderno, e que se apresenta com a embalagem da globalização, serão melhores remediados com uma ação pastoral carismática. Males como desemprego, violência pode-se amenizado e até extinguidos em uma boa proporção, diante de uma ação pastoral em tal qualidade.

A ação pastoral deve ter como prioridade promover um mundo mais humano, através da preparação das pessoas, para que estas se tornem mais preparadas para a nova realidade humana, onde a luta pelo bem estar na vida tornou-se cada vez mais difícil.

O cuidado pastoral precisa assumir uma forma profética, pois diante toda as dificuldade humana o cuidado pastoral precisa apresentar uma resposta, laçando mão da visão humanista que luta por uma igualdade entre todos os seres humanos, para tanto o cuidado pastoral deve apropriar-se não só o principio social, mas também o principio bíblico.

Absorvendo a reação humanista que pensa o ser humano com igualdade, o cuidado pastoral terá o desafio de promover esta igualdade tendo como base os exemplo bíblico tanto Novo quanto do Antigo testamento e principalmente deste, onde segundo o que já abordamos a uma amplitude da ação pastoral na visão de se alcançar “todo o mundo habitado” com o evangelho.

O carisma pastoral apropria-se de todos os elementos que envolvem a temática pastoral, entendendo o termo pastor como uma expressão que denota caminho, condução e guia; e colocando o seu olhar sobre Deus que nos deu lição de como ter o nobre objetivo de  cuidar e preservar a vida, entendendo porem que se algo prejudica esta vida, não estar dentro do projeto de Deus.

Quando desempenhado por um carisma pastoral, o cuidado pastoral terá em vista tratar o ser humano em suas mais complexas dimensões, vendo o como parte do grande rebanho de Deus que hora pode estar perdido ou para se perder, necessitando por isso de ser envolvido com cuidado, pois pode estar confuso em seu caminhar.

Pode-se concluir que na relação cuidado pastoral e carisma há uma relação em que o englobamento das duas dimensões gera um pastoreio mais bem alinhado com o paradigma bíblico, orientando no caminho gerando confiança, persuadindo a uma conversão, incentivando ao perdão e a reabilitação e gerando encontro de determinadas circunstâncias favoráveis a vida, as quais gera a evolução no sentido do bem estar Humano.

Tendo como base a vida que Cristo deixou para os primeiros discípulos, o cuidado pastoral e carisma  pastoral, deve ser ferramentas sempre usadas juntas, uma complementando a outra, no objetivo de se prestar serviço em prol do mundo , apregoando a graça de Deus por meio de Cristo tendo como grande meta tratar a vida em Cristo contribuindo assim para que ela seja mais “Humana”.

Referências bibliográficas

Almeida, João Ferreira de. Bíblia Sagrada - Revista e corrigida. Ed. 1995: São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 2004. 1564p.

Barbosa ,Cerlândia Aguiar.  Vocação: O chamado para servir. Disponível em:http://www.metodistavilaisabel.org.br/docs/Vocacao_o_Chamado_para_servir.pdf. Último acesso em 16 de outubro de 2017.

[1] Pastor, Teóogo e Psicopedagogo Institucional