CRÔNICAS DE MINHA CIDADE – “SOBRAL A CIDADE PRINCESA”- PARTE XXI.

 AS BALADAS COM LUZ NEGRA NA CHURRASCARIA CURTIÇÃO.

 

Por: Wilamy Carneiro

 

Nos anos 70, 80 e 90, os costumes eram bem diferentes. Para muitos, os melhores tempos .  A Discoteca rolava solta nas casas noturnas e churrascarias da cidade.

A Churrascaria Curtição era o point do momento em Sobral. Situada na Rua do Oriente entre o CHICÃO 1000 – Rei da Peixada, próximo à parada de ônibus no Inferninho. Parada obrigatória do Expresso BRASILEIRO , IPU- BRASILIA e Expresso de LUXO na Rua Othon e Alencar.  

Essa época conhecida como “Anos Dourados”. Os eventos sociais bombavam nas baladas noturnas. Era das músicas de Bee Gees, John Travolta, os Folhas, Elton John. Os Trepidantes. Renato e seus Blues Caps. As internacionais mais tocadas: Rod Stewart, John Lennon, Os Beatles, Pink Floyd, Madona, U2, Scorpions, A-ha e outros.   

Nos finais de semana e feriado a movimentação triplicava com os adolescentes e casais à procura de uma diversão. A Churrascaria Curtição em Sobral era uma boa opção na época. Lugar aconchegante, ventilado, propício para o encontro com os amigos. Além disso, servia-se um bom churrasco, aperitivo ,uma cervejinha gelada com moderação.

Mas, tinham àqueles que só queriam um bom encontro. Arranjar um namorico, dançar à vontade, curtir a noite e a música do momento. Elvis Presley, Titanic e Rolling Stone. Existiam também as músicas em discoteca para a garotada. 

A noite fervilhava. Uma fila de carro estacionada à Rua do Oriente, jovens trocando ideias, paquerando com as meninas. O Opala Diplomata era o Carro do Ano, concorria em beleza e espaço interno com a Veraneio, a Rural. O Maverick, Variant e Corcel II eram outra linhagem. Não poderia deixar de citar o inconfundível Fuscão e a Brasilia. Estes não podiam deixar de citá-lo. Meu pai possuiu três fuscas, e uma camioneta F-75.

A descontração dos jovens usando calça boca-de-sino e jaqueta jeans US TOP. Usando cordão de ouro 18 quilates. No pulso um relógio Oriente e Seiko estava na moda. Calçava os sapatos Cavalo de Aço. Cinturão com fivela gigantesca tipo Cowboy americano. As fragrâncias com cheiro de Mens Club, Toque de amor e cabelereira grande. Algum deles para mostrar a maior idade com um tom de masculinidade levava no bolso de sua camisa, uma cigarreira com o mais famosos cigarros. O Carlton longo e o cigarro Charme. Os mais simples usavam Arizona. Mistral, Continental.

Na Churrascaria Curtição rolava um famoso cardápio: Filé acebolado com fritas, Carne de Sol e Medalhão. Para acompanhar uma cervejinha e a dose do scotch escocês Druly’s,  Old Eight e o famoso Teacher’s.  

 

Para a criançada que acompanhava à família nas noites de sábado e no domingo na hora do almoço servia-lhes guaraná Wilson, Grapette, Soda limonada e o famoso guaraná sobralense o “Delrio” que já disputava a concorrência com a Coca-Cola e Fanta. Coincidência a parte, na caixa de som pregada no canto da parede tocava a música do filho sobralense Belchior – A  Hora do Almoço:

 

“Pai na cabeceira: é hora do almoço
Minha mãe me chama: é hora do almoço
Minha irmã mais nova, negra cabeleira
Minha avó reclama: é hora do almoço

E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza
Deixemos de coisas, cuidemos da vida
Se não chega a morte ou coisa parecida
E nos arrasta, moço, sem ter visto a vida
Ou coisa parecida, ou coisa parecida
Ou coisa parecida, ou coisa parecida...

 

A churrascaria tinha um lindo telhado com duas águas. Sustentada com linhas maçaranduba em união com a outra e todas parafusadas.  Fato a interessar que as duas quedas D’águas serviam com uma gigante bica feita de zinco do começo ao fim da rua com ventilação e abertura nas laterais.  As linhas, caibros e ripas pinados com tom avermelhado de tinta. O verniz coral dava um ar de simpatia e cor nos telhados. Mais à frente uma adega e um balcão tipo americano com todo tipo de bebida. Um corredor servia-lhe a cozinha e o bar do restaurante. Banheiro masculino e feminino cobertos com pedra juazeiro nas laterais pintados com verniz.

O melhor ficou para o final - A Danceteria (dance). Luz negra no teto alegrava para quem entrava ali. Ao adentrar no “DANCE” - Um som aconchegante e com volume bem a gosto.  A camisa branca refletia com uma tonalidade azul-céu. Um globo luminoso girava no teto com diversas cores. Os jovens homens e mulheres iam a loucura.

 

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 Wilamy Carneiro é cronista, historiador, biógrafo, memorialista e poeta. Autor do livro EINSTEIN e SOBRAL – Publicado no dia 29 de maio de 2019 - Centenário da Relatividade. Em 2020 publicou o Livro – NOVP CPC – Cordel só para Cordelista. É membro da ALMECE.