CRÔNICAS DE MINHA CIDADE – SOBRAL A CIDADE PRINCESA – PARTE XXV

“O Dia da Matricula na Escola”

 Início das matrículas nas Escolas de Sobral. Era uma tarde de março do ano de 1976. Após um bom inverno que passara por Sobral e toda região, com as cheias de 1974, essa porém estava mais branda.  

Minha mãe e eu estávamos prontos. Eu, esperando minha vez para ler um texto expedido pela Diretora da Escola, no nosso Grupo Escolar Professor Arruda.  Naquela época já era exigência da Escola, o aluno possuir um bom desenvolvimento na Leitura antes de frequentara-la. Dias antes de minha apresentação, lia diuturnamente textos que Dona Socorro Carneiro, minha mãezinha entregava para eu treinar. Uma regra básica. Não podia gaguejar uma palavra. Se acontecesse tal fato teria que ler o texto tudo de novo. E de novo, de novo.

Eu resmungava: 

- De novo mamãe! Destarte, talves isto, me fez gostar e enveredar no Mundo da Leitura. 

 E assim dizia o peota Castro Alves - "Oh! Bendito o que semeia livros a mão cheia e manda o povo pensar".  

Fiquei encantado ao ver de pertinho o gigante prédio do "Grupo Escolar Professor Arruda". Na entrada os mosaicos espelhavam-se. Sentia de perto até a sombra dos transeuntes e alunos  que transitavam próximos a nós. Do lado de fora avistava um prédio muito alto. Parecia um arranha-céu de filme americano. Digo-lhes pois, na minha época poucos prédios com arquitetura de nossa urbe com mais de três pisos. Ao entrar, a porta de entradas com as letras da Escola “G” de um lado e “E” do outro lado da porta representando o (GRUPO ESCOLAR).

Adentrando um pouquinho, uma escadaria de madeira que dava acesso as salas de aulas do andar superior. Era as turmas mais avançadas – O 3º ANO AO 5º ANO. Debaixo escutava os passos encadeados dos passantes lá em cima. Na entrada a Biblioteca, A Secretaria e do lado oposto - A Diretoria e Almoxarifado.  

 O Grupo Escolar possuía duas laterais, que até os tempos atuais permanece, com algumas modificações de meu tempo, claro. De um lado direito e lado esquerdo um extenso corredor fazia a divisão com o terraço que ficava no centro da escola. Um telhado com uma água só sustentado por imensas colunas de alvenaria e parapeito. Um de meus onze irmãos foi vítima de um deles, caindo e quebrando o braço com as brincadeiras na hora do recreio.

Minha vista não alcançava a imensidão do corredor. Lá no final do lado esquerdo do corredor sentia  um aroma gostoso de mingau. Ali, confesso que era a melhor parte da escola para muitos – A merendeira com panelões  gigantes  ao fogo imitando as fornalhas dos filmes de suspense de Alfred Hitchcock. Outros bem ariados e emborcados nas prateleiras de mármores fincadas nas paredes.

 

Admirava pelo tamanho das conchas gigantes. Nossa querida merendeira de epíteto Teresa usava um óculos fundo de garrafa  e sempre atenciosa com os alunos. Tinha um rosto grosseiro com marcas das espinhas quando jovem. Mas, era  uma pessoa de boa alma.

Salas e mais salas de aula dividiam os dois corredores. No final bem distante encontrava-se os dois banheiros. Um só para Homens e outro para as meninas. Janelões e cobogós faziam a ventilação do lado interno e externo para a rua onde morava o Professor Olimar e Dona Cleide.  Do outro lado da rua, a casa de Dona Maria José – minha Professora de Português.  

Outros professores que nunca esquecerei: Professor Raimundo de Matemática – famoso em jogar o giz nos alunos tagarelas.  Professor Celso. Anaíza de Inglês. Professor Amorim. Dona  Conceição. Dona Aloma, Tia Eunice e Tia Cesarina que morava do lado do Bosque. Professor  Edson entre outros.  

Muita saudade daquele tempo de criança, usando a farda com a camisa branca de brim, com o bolso da Escola Professor Arruda guardado até hoje na memória. Da calça azul usando o famoso conga e depois o Ki-chute. Nos desfiles do dia 7 de Setembro. Das quadrilhas e Festas Juninas, dos grêmios estudantis e dos ensaios que fazíamos no Teatro São João. Dos torneios de futebol entre as classes com premiações. Dos amigos de outrora que já se foram e dos que ficaram na memória. Das paqueras nos corredores da escola.

Enfim, um passado que rejuvenesce a alma alimentada pelo furor da juventude de outrora. Da alacridade, júbilo dos amentes  mortais de uma boa amizade.

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Wilamy Carneiro é Professor - Historiador, poeta e escritor. Autor dos Livros EINSTEM E SOBRAL - A Cidade LUZ.. Sinhos do Amnhã - O zé dos Sonhos e da Poesia Diario de Um Professor,  Bela Loucura. É Bacharel em Direito.pela Faculdade flf - Lucaino Feijão  em Sobral. 

09.03.2021