A obra de Guilhermo Del Touro é antológica, retrata em uma visão nua os atos da ditadura militar em suas questões mais cruéis, deixa clara que a ditadura de regimes de extrema direita da Europa em meados do século XX foi muito mais cruel que se imagina e do que nos descreve os livros de história: a realidade diária de comandantes, comandados, opressores e oprimidos.
O filme é uma criação ímpar, que reúne realidade, imaginação e uma elevada dose de audácia de seu criador. Ele "navega" dentro de um universo único da pequena Ofélia e agrega ao mundo "extremamente" real, outro mundo paralelo, completamente inimaginável.
Em muitos momentos do filme e espectador acredita estar acompanhando duas histórias diferentes. Porém que se tocam e se completam ao cessar da obra.
Do ponto de vista humano, o filme é contundente, representa as barbarias de uma sociedade contemporânea a nossa, a obra deixa claro que os homens são os "monstros" e os criadores de nossos próprios pesadelos, enquanto as figuras horripilantes da imaginação infantil podem ser nossas "válvulas de escape" à cruel sociedade que criamos.
Por falar em monstros e crueldades humanas, vale lembrar que o filme é um "show" de efeitos especiais e de técnicas de maquiagem, as "espécies" aladas, o fauno, os seres coadjuvantes são de uma perfeição enorme, o mesmo podemos dizer do sangue e ferimentos humanos demonstrado, são muitos "reais".
A obra "O Labirinto do Fauno" é grandiosa ao exemplificar a legitimidade das lutas contra ditadura militar européias em seu seio, ou seja, em seus atos individuais: as perseguições, as mentiras, os complôs, os jogos de interesse e de coragem (Mercedes, Doutor e outros).
O Capitão Vidal é uma das "criaturas" mais isenta de compaixão que o cinema já criou ou copiou da vida real; - talvez por isto, ele se apresenta tão mau. Ele nasceu para "obedecer por obedecer" e acredita plenamente que está fazendo o certo.
"Muy hermosa", uma obra de muita criatividade, inteligência e de produção nunca antes vista.
? Bravo.