Durante anos os livros didáticos receberam duras críticas de diversos autores que reprovava o positivismo presentes em livros didáticos que excluíam a história de diversas camadas sociais que formam a sociedade brasileira, contando as histórias por meio da ótica dos “vencedores”, que colonizaram o nosso país, fazendo com que a história dos jovens de classes populares fosse desvalorizada, tratando os indivíduos como “sem história”, ensinando a história dos heróis e dos fatos oficias que nada lhes falava sobre sua realidade.   

Segundo Faustino e Gasparin (2001) com o método positivista de história,

[...] o aluno deveria memorizar os acontecimentos passados - da sociedade civilizada - para que nunca se esquecesse do ônus pago por seus ancestrais, para que o mundo pudesse se modernizar e progredir (p.165).

Como também “ao educando, não podia ser dado o direito à dúvida, pois toda reflexão poderia ser nociva e poderia levar a especulação filosófica e à subjetividade, que deturparia o caráter positivo da história (p. 165)” e “o conhecimento do passado tinha a função de explicar o presente e ajudar a prever o futuro (p.161)”. Ideias essas que os livros didáticos e os professores brasileiros de história adotaram para ministrar suas aulas, percebe-se que esse método positivista foi herdado na criação das ciências naturais, que fizeram com que o ensino e os alunos fossem tratados como objetos, ou como memórias prontas para receberem informações, como uma forma aberta que estava pronta para moldar a massa.

Os autores Geraldo Horm e Geyso Germinari (2006) criticam a história positivista do livro didático dizendo:    

[...] os livros didáticos induzem o aluno das camadas populares a pensar que sua história não tem valor, que sua história não é história, que só as iniciativas dos grupos dominantes são dignas de registro, de estudo, são exemplos. (p. 104)

Para Horm e Germinari (2006) o ensino deve partir da realidade do aluno, permitindo o melhor posicionamento em relação ao presente e seus problemas políticos e sociais, que envolve suas vivências. Dessa forma o autor demonstra o quanto é importante que o professor conheça a realidade e o contexto em que seus alunos vivem, para a partir do presente, ensinar os conteúdos dos livros dialogando com os educandos, fazendo dessa forma uma “ponte”, entre o passado e o presente, dando um significado ao ensino de história.

Se esse aluno perceber o passado, não como mero produto da ação de grupos dominantes, como resultado dos conflitos de interesses entre dominantes e dominados, terá captado melhor o potencial e as limitações das camadas populares em sua luta contra as camadas dominantes e dado um passo à frente no sentido da superação da sociedade de classe. (DAVIES, 2009, p. 104).   

O autor parte da premissa que os livros didáticos nos seus conteúdos devem conter as lutas das classes populares, e não a subserviência em relação ao europeu, brancos e católicos e seus heróis, mas fazer diferente, mostrar as lutas da população, formando um indivíduo que Bittencourt (2001) chama de cidadão político, isto é, aquele que não é só condicionado a criticar, mas aquele que é capaz de lutar e causar mudanças na sociedade, sendo esse o papel do ensino de história, formar cidadãos políticos.