RESUMO

O Presente artigo, intitulado “Crianças com TDAH no contexto escolar: um desafio, muitas possibilidades” tem como objetivo discutir o papel das instituições família e escola dentro do processo de inclusão dos alunos com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Trata-se de um tema ainda em evidência e em crescente abordagem nas instituições escolares e todas as descobertas realizadas dentro da referida pesquisa são relevantes para efetivar e consolidar o sucesso do processo de ensino e aprendizagem. A fundamentação teórica tomou como embasamento os estudos dos documentos oficiais do MEC e de autores como MARTURANO (1999), BARKLEY (2002) e CUNHA (2007), na busca de responder a problemática proposta. A metodologia adotada foi a pesquisa bibliográfica, de natureza qualitativa, e a realização de uma entrevista com uma educadora que trabalha com crianças com TDAH para captar a essência do trabalho inclusivo dentro da realidade de uma instituição escolar, percebendo, em sua fala, as dificuldades e possibilidades do trabalho. O interesse pela temática deve-se ao fato de trabalhar em ambiente escolar e perceber que tem sido crescente número de crianças com deficiência nas salas de aula regular e, sobretudo, por constatar que o professor não está preparado para o trabalho por questões de diversas ordens. O estudo realizado sinaliza a importância da parceria entre família e escola no sentido de promover a inclusão e o desenvolvimento social e cognitivo dos alunos com TDAH nas salas de aula regulares.

Introdução

O presente trabalho visa apresentar algumas reflexões sobre o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) abordada diagnóstica a partir da visão psicopedagógica. Procurando, provocar o leitor sobre o assunto e abordar elementos importantes como: os principais sintomas, as dificuldades e as implicações que decorrem da ausência no tratamento não adequado, objetivando tornar-se um rico espaço de trocas de experiências entre educadores e demais interessados. Pretende-se aqui entender como algumas formas de intervenção psicopedagógica. podem ser utilizadas no cotidiano escolar e clínico pelos profissionais da área da Psicopedagogia e também por professores e pais. É sabido que o desafio do trabalho com crianças com TDAH vai além de se aprender a lidar com elas e que é preciso o envolvimento de conhecimento de todos para que o trabalho pedagógico surta o efeito esperado e que o profissional psicopedagogo não pode estar sozinho nesta empreitada, faz-se necessária a ação de uma equipe interdisciplinar, com especialistas como: médicos, psicólogos e psicopedagogos, destacando-se a atuação deste último, pois é ele quem vai avaliar a amplitude e a forma pela qual o desempenho escolar está sendo afetado, as principais dificuldades de aprendizagem, bem como os aspectos emocionais, afetivos e cognitivos envolvidos. Por se tratar de um tema ainda em evidência e em crescente abordagem nas instituições escolares, todas as descobertas realizadas dentro da referida pesquisa são relevantes para efetivar e consolidar o sucesso do processo de ensino e aprendizagem. O interesse pela temática deve-se ao fato de trabalhar em ambiente escolar e perceber que tem sido crescente número de crianças com deficiência nas salas de aula regular e, sobretudo, por constatar que o professor não está preparado para o trabalho por questões de diversas ordens: falta de uma formação inicial e continuada consistente, falta de conhecimento na área, entre outros No presente artigo, abordamos questões conceituais sobre o Transtorno, indo além, construindo um arcabouço de informações que nos permitam compreender TDAH e sua relação com o ambiente escolar, colaborando para uma intervenção positiva entre escola e família e, para tal, precisamos buscar embasamento nos especialistas da área, dentre os quais citamos a contribuição de BARKLEY (2008), BOSSA (2000) E LIMA (2006). Ao longo do desenvolvimento do nosso texto, trataremos o TDAH como um objeto de estudo importante para a nossa área de atuação, que possui causas genéticas e também comportamentais (advindas do ambiente e/ou agravadas por ele), apontamos elementos que podem ajudar a identificar sintomas de um possível diagnóstico e tratamento e, sobretudo, proporcionar às famílias e educadores, orientações de como agir e de como desenvolver o trabalho pedagógico com crianças e adolescentes com TDAH. Ao final, apresentamos nossas conclusões a partir de nossas leituras e pesquisas realizadas (bibliográfica e vivencial).

Desenvolvimento

O TDAH tem uma maior probabilidade de surgir durante os anos préescolares e que os sintomas a ele relacionados são objetivos, querendo dizer que qualquer observante chegaria à mesma terminação. Esse ponto de vista, frequentemente, é verdadeiro, mas nem sempre. Contudo o diagnóstico do transtorno em crianças em idade pré-escolar seja algo que deva ser feito por profissionais especialistas na área, os pais são os maiores observadores no que se refere aos seus filhos. Ao perceberem que seu filho está inquieto, sem atenção ou impulsivo, com dificuldade para controlar seus movimentos, precisando se mexer o tempo todo ou com dificuldade para esperar a sua vez, então, aqueles que tomam conta dele precisam ser ouvidos com bastante atenção. O especialista trabalhará com os responsáveis para observar o comportamento da criança em diversos contextos e para avaliar também se o problema poderia ter outra causa (por exemplo, as expectativas dos pais, estratégias para lidar com as dificuldades, nível de estresse ou situação socioeconômica). Segundo Barkley: Crianças com TDAH têm grandes dificuldades de ajustamento diante das demandas da escola. Um terço ou mais de todas as crianças portadoras de TDAH ficarão para trás na escola, no mínimo uma série, durante sua carreira escolar. (BARKLEY, 2002, p. 235) Em alguns casos, o TDAH também pode se tornar sintomático em uma etapa bem posterior do desenvolvimento, após o ingresso na escola ou até mais tarde, no período de idade escolar. O transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) é considerado um dos mais intensos e enigmáticos problemas que acometem a infância e as consequências desse transtorno são muitas. O estresse familiar, o tratamento é oneroso, há prejuízos no âmbito educacional e vocacional, além de resultar negativamente na autoimagem da criança, conforme Rohde (2000) e a American Psychiatry Association. (APA, 2013). Em pesquisas mundiais, a prevalência do TDAH equivale à taxa de 5,29% entre crianças e adolescentes que chegam às escolas, e muitas vezes com um diagnóstico equivocado, com soluções que se restringem aos medicamentos, repetidamente ministrados de forma generalizada e até mesmo indiscriminada, ou com professores mal orientados para lidar com a situação. “Como um transtorno do neurodesenvolvimento, o TDAH é considerado, basicamente, neurológico, com características da desatenção/falta de concentração, agitação (hiperatividade) e impulsividade.” (CHARACH, 2013) Essas particularidades podem levar a criança ter dificuldades emocionais, de relacionamento, decorrendo daí baixos níveis de autoestima, além do mau desempenho escolar, diante das reais dificuldades no aprendizado. (APA, 2013) É preciso considerar que os sintomas isolados de desatenção, hiperatividade ou impulsividade podem ser consequências na vida da criança com a família, no ambiente social ou educacional inadequados, ou ainda estarem associados a outros transtornos encontrados facilmente na infância ou na adolescência. É imprescindível, portanto, contextualizar o diagnóstico do TDAH na história de vida da criança. Crianças diagnosticadas com TDAH, em muitos casos, podem apresentar distúrbios de conduta, são suscetíveis à ansiedade. Esses e outros problemas podem aparecer na vida da criança. O transtorno é facilmente identificado durante os anos do ensino fundamental. As crianças geralmente trocam letras na escrita, possuem letra feia, são estabanadas, desastradas, mas isso não influencia na inteligência. (ROHDE, 2000) O transtorno está associado ao desempenho escolar e ao sucesso acadêmico reduzidos, rejeição social e altos níveis de conflito interpessoal. (BOSSA, 2000; APA, 2013) Tanto as crianças talentosas quanto crianças com inteligência média ou abaixo da média podem apresentar TDAH, porém elas se esforçam muito mais para se organizar e iniciar suas tarefas. Prestar atenção, permanecer concentrada e controlar a emoção são sempre um desafio para não se dar mal nos primeiros anos escolares. Com bases nas informações expostas, nesse trabalho, o nosso objetivo geral foi oferecer aos pais, professores e escola um melhor entendimento sobre como lidar com alunos com TDAH. Nesse sentido, esperamos poder colaborar para ampliar a compreensão a respeito do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e apresentar práticas psicopedagógicas e pedagógicas, como suporte para o desenvolvimento desses alunos, levando em consideração a aprendizagem, o desenvolvimento afetivo e cognitivo para o seu convívio social. [...] Porque se pretende que cada um aprenda a compreender o mundo que o rodeia, pelo menos na medida em que isso lhe é necessário para viver dignamente, para comunicar. Finalidade, porque seu fundamento é o prazer de compreender, de conhecer, de descobrir. (DELORS, 2002, p. 91) A partir deste panorama, focaremos o nosso estudo nas intervenções e mediações entre o psicopedagogo, família e escola, para favorecer avanços na educação das crianças com TDAH. Na visão de Lima (2006) é correto afirmar que todos ganharão com a proposta de uma educação Inclusiva, pois haverá um crescimento, a partir do reconhecimento da diversidade ao se aceitar o outro com suas particularidades, o que, entretanto, é difícil. Carvalho (2006) expressa que se deve promover a remoção de barreiras existentes na aprendizagem. Nessa perspectiva, percebe-se a importância da intervenção do psicopedagogo mediante ao professor que atua com alunos com TDAH em sala de aula. Para Coll, Marchesi e Palácios (2004): O professor precisa conhecer seus alunos para que possa trabalhar suas dificuldades de aprendizagem, pois caso contrário ficará difícil atuar, principalmente, numa proposta inclusiva, ou seja, fica difícil promover o desenvolvimento físico, intelectual e afetivo do seu aluno. Ao abordarmos o tema TDAH, esperamos contribuir de forma, a proporcionar, a população a importância de saber lidar com pessoas com TDAH, possibilitando ao sujeito um apoio multidisciplinar, de uma equipe capacitada. A falta de envolvimento dos pais, na educação de seu filho com TDAH, pode colaborar para uma série de fatores negativos, na vida escolar e social da criança. [...]