Creatina: Evidências Científicas e Aplicações na Saúde e Performance Física

Por Larissa Zacarias de Oliveira | 09/12/2024 | Saúde

Resumo A creatina é um composto nitrogenado amplamente utilizado como suplemento ergogênico por atletas e praticantes de atividades físicas. Este artigo revisa as evidências científicas sobre os efeitos da suplementação de creatina na performance esportiva, no ganho de massa muscular e no metabolismo celular. Além disso, discute as aplicações terapêuticas da creatina em condições clínicas, como doenças neurodegenerativas e distúrbios metabólicos. Conclui-se que a creatina é segura e eficaz quando utilizada de forma adequada, com potencial para benefícios além do contexto esportivo.

Introdução A creatina é uma molécula encontrada naturalmente no organismo, armazenada principalmente no músculo esquelético sob a forma de fosfocreatina. Ela desempenha um papel essencial no sistema energético, atuando na ressíntese de ATP durante atividades de alta intensidade e curta duração. Por conta disso, a suplementação de creatina tem sido extensivamente estudada como recurso para melhorar a performance atlética e promover adaptações musculares.

Mecanismos de Ação A principal função da creatina é aumentar a disponibilidade de fosfocreatina no músculo, potencializando a capacidade de regenerar ATP durante esforços intensos. Além disso, estudos indicam que a creatina pode:

  • Melhorar a hidratação celular, favorecendo o anabolismo muscular;
  • Modular vias de sinalização celular, como mTOR, que estimulam a síntese proteica;
  • Reduzir o estresse oxidativo, contribuindo para a proteção celular.

Benefícios na Performance Física Evidências robustas demonstram que a suplementação de creatina melhora:

  1. Força Muscular: Estudos mostram ganhos significativos em esportes de força e levantamento de peso.
  2. Potência Anaeróbia: Atividades como sprints e saltos são favorecidas pela suplementação.
  3. Recuperação Muscular: A creatina reduz danos musculares e inflamação pós-exercício.

Aplicações Clínicas Nos últimos anos, a creatina tem sido estudada como adjuvante em tratamentos médicos, incluindo:

  • Doenças Neurodegenerativas: Benefícios foram observados em pacientes com Parkinson, esclerose lateral amiotrófica (ELA) e Alzheimer, devido ao papel neuroprotetor da creatina.
  • Sarcopenia: Em idosos, a suplementação contribui para a preservação da massa muscular e da funcionalidade.
  • Distúrbios Metabólicos: Evidências preliminares sugerem que a creatina melhora a sensibilidade à insulina e regulação glicêmica.

Segurança e Doses Recomendadas A creatina é amplamente reconhecida como segura para uso a longo prazo em doses recomendadas. O protocolo clássico envolve uma fase de carga (20 g/dia por 5-7 dias) seguida de uma dose de manutenção (3-5 g/dia). Não há evidências consistentes de efeitos adversos em indivíduos saudáveis.

Considerações Finais A creatina é um dos suplementos mais estudados e eficazes para a melhora da performance esportiva e do metabolismo muscular. Além disso, apresenta potencial terapêutico em diversas condições clínicas. Pesquisas futuras devem explorar ainda mais seus efeitos sistêmicos e mecanismos moleculares, ampliando as aplicações dessa substância.

Referências

  • Kreider, R. B., et al. (2017). International Society of Sports Nutrition position stand: safety and efficacy of creatine supplementation in exercise, sport, and medicine. Journal of the International Society of Sports Nutrition.
  • Tarnopolsky, M. A. (2011). Clinical use of creatine in neuromuscular and neurometabolic disorders. Amino Acids.
  • Dolan, E., et al. (2019). Creatine supplementation and brain health. Nutrients.