Roleta russa é uma brincadeira mortal em que se coloca apenas uma bala no tambor de um revolver e cada participante coloca o cano contra o peito e dispara. Se tiver sorte, só vai ouvir um pequeno barulho do gatilho. Caso contrário, deixará um rastro de lágrimas.  Sair para aglomerações, bailes, shows, bares etc é se arriscar, pois o vírus pode estar em qualquer lugar, circulando a espera do próximo incauto.

Todos nós estamos a mercê do vírus, sejamos pobres, ricos, classe média, inteligente, estúpido, estudado, analfabeto, branco, preto, amarelo ou mestiço, lulista, dorista ou bolsonarista.  O grande problema, é que a maioria que é contaminada tem sintomas leves e aproximadamente 3 em cada 100 infectados morrem.  Estatisticamente o índice de mortalidade, em termos relativos, é baixo, mas não há dúvidas de que a infecção é uma roleta russa, pois por um leve descuido a “bala pode disparar”.   As máscaras oferecem proteção, mas não é total se estivermos num ônibus ou metrô lotados ou numa sala de aula por várias horas.

Um indivíduo infectado pode contaminar outros da própria família, na rua, no comércio ou no trabalho. Como a infecção pode apresentar efeitos diferentes de pessoa para pessoa, ninguém quais as pessoas podem ter sintomas leves ou graves. Um amigo diabético, que tinha pouco cuidado com a prevenção, foi contaminado e dois dias depois dos primeiros sintomas faleceu não chegando nem mesmo a ser entubado. Outro, mais jovem e saudável, com apenas 45 anos, faleceu uma semana depois de hospitalizado.

Por outro lado, um conhecido com 96 anos, que se recuperava de um câncer de próstata e que tinha três pontes de safena, contraiu o vírus e se recuperou. Um sobrinho teve a filha e a mulher contaminadas com alguma gravidade, mas ele não apresentou sintoma algum. Como ninguém sabe como o vírus vai atuar em cada organismo, o melhor é não relaxar, tomando todas as medidas de prevenção possíveis. Encontros em baladas ou um chope com amigos num bar, pode ser prazeroso, mas o custo pode ser alto para nós ou para as pessoas que amamos.

Assim, toda cautela pode ser pouca. Um doente que precisar ser entubado, tem apenas 33% de chance de sobreviver, ou seja, para cada três entubados, apenas um sai com vida. Além de tudo, existe a suspeita de que há mais de 20% de subnotificações, ou seja, muitas mortes podem estar ligadas à Covid19 e não são identificadas como tal por falta de informações.

Provavelmente todo mundo deve conhecer uma história diferente, mas a grande dúvida é porque uns adoecem gravemente e outros não. Se tivéssemos a resposta seria bem mais simples, bastaria isolar os vulneráveis e tocar a vida, mas a realidade é outra.

Assim, a única esperança é que as vacinas sejam realmente eficazes, mesmo que eventualmente ocorra a contaminação sem grande gravidade. Isso também só vamos saber dentro de alguns meses quando a curva de infecção começar a ter uma trajetória declinante e o tratamento poderá ser semelhante aos de outras enfermidades já conhecidas.

No entanto, estão chegando notícias preocupantes, pois muitas pessoas que foram contaminadas e se recuperaram, estão apresentando sequelas, como problemas respiratórios, cardíacos, neurológicos e cognitivos, indicando que o problema pode ser mais grave do que se chegou a pensar até agora.