O Significado e a aplicabilidade da Corporeidade na Educação.

1 Ana Claudia Cardoso

Resumo:
A Corporeidade é um dos temas da educação, pois o conhecimento e a aprendizagem dependem da existência do mundo, o qual é inseparável do corpo, da linguagem e da história social. A questão da corporeidade na aprendizagem em uma relação político-pedagógica se reflete sobre uma educação integral, onde se desenvolve na escola um trabalho realmente coletivo, que possibilita o educador potencializar com o educando os vínculos entre o conhecer,o fazer,o ser e o aprender estabelecendo uma configuração do saber: a corporeidade.
Palavras-chave: Aprendizagem. Corpo. Corporeidade.
INTRODUÇÃO:

A corporeidade se relaciona aos aspectos integrais do corpo. Corpo e corporeidade se fundem dependendo da referência, pois o corpo é movido por intenções provenientes da mente, e a corporeidade é a maneira pelo qual o cérebro reconhece e utiliza o corpo como instrumento, e também a capacidade do individuo sentir e utilizar o corpo como ferramenta da manifestação e interação com o mundo. A corporeidade do individuo evolui com a idade, pois o corpo é moldado pela cultura de cada individuo, bem como sua maneira de ser e agir no seu meio. Trazer a corporeidade para a educação significa trazer as vivencias para para o processo educativo" corporeidade não é a fonte complementar de critérios educacionais, mas seu foco irradiante primeiro e principal". (ASSMANN, op. Cit., p.77).
A educação do corpo assume um papel significativo na história das idéias pedagógicas, sendo o ser humano elemento fundamental de toda a educação, pois quando falamos em corporeidade e aprendizagem, falamos sobre os fatores que concorrem para uma aprendizagem integral: a complexidade da aprendizagem, a individualidade do sujeito inserido no planeta, que em geral merece ser cuidadosamente pensada, estudada, pesquisa, trazendo á tona novos conceitos no espaço-tempo-escolar.
Para Freire (1991) a aprendizagem formal, está presente de corpo inteiro. Pois o ser que pensa é também o ser que age e que sente. O sujeito realiza-se e se constrói, movido pela intenção, pelo desejo, pelos sentidos, pela emoção, pelo movimento, pela expressão corporal e criativa. A forma da criança lidar com sua corporalidade, e os regulamentos e controle corporal não são universais e constantes, mas é uma construção social, que a criança vai aprendendo com o passar do tempo.
A corporeidade é expressa no conjunto das manifestações corpóreas como dançar, jogar, lutar, entre outras, sendo que as mesmas constituem-se de físico, afetivo, social e cognitivo. A corporeidade passa por fases, sendo essas fases relacionadas a nossa idade, aos estímulos ou treinamentos, e também a movimentos involuntários. A forma da escola controlar e disciplinar o corpo esta ligada as práticas escolares, e tendem a perpetuar a forma de internalização das relações do homem com o mundo, que consiste na supervalorização das operações cognitivas e no progressivo distanciamento da experiência sensorial direta, a escola pretende não somente disciplinar o corpo, mas os sentimentos, as ideias e as lembranças a ele associadas.
O professor precisa trazer a corporeidade para o centro da educação vivenciando o processo educativo. E a qualidade da corporeidade depende, como em todas as funções neurológicas, da qualidade e desenvolvimento das relações neuroniais estabelecidas entre as áreas sensoriais e motoras do cérebro. A maioria destas relações são estabelecidas durante a primeira infância, com o outro e com o meio e são decisivas para formação humana. Para Queiroz (2001: 53): "Corporeidade é corpo vivenciado". Se entende que a corporeidade vivida pelo sujeito, expressa a percepção que o corpo tem do mundo, do outro e das coisas, no contexto que influenciam suas ações − os gestos que o conduzem a tomar atitudes dialógicas. Entretanto, existem situações que podem conduzi-lo a direções completamente opostas ao diálogo consigo e com o mundo.
É preciso ampliar nossa visão de mundo, saindo da abstração, para aprimorar a qualidade de vida, e esta só é obtida com a recuperação da vivência da corporeidade como enfatiza Assmann (1995)" A corporeidade apresenta-se como a forma mais autêntica do corpo humano ser representado no mundo vivido".
O corpo não é coisa, nem idéia, e sim, movimento. Nossa vida não é estática, mas é ligada ao movimento, à dinâmica e às conexões, dizem os autores, existindo, porém, regras que determinam a movimentação e o controle do corpo, ou seja, técnicas de disciplinamento. O corpo é a soma de peças mecânicas e há diferentes tipos de corpo: corpo atlético, biológico e, tudo no corpo pode ser mudado. A maneira como o corpo é percebido, definido, sentido se altera constantemente através da história, evidenciando, no decorrer do tempo, formas de pensar e conceber características de um momento, de uma cultura, de uma sociedade. O corpo por meio de seus gestos, sua espontaneidade, sua vitalidade; revela a maneira como um povo se comporta, se relaciona ou se expressa.
Segundo Gonçalves (2001, p. 153) "libertar o movimento espontâneo é libertar o nosso Eu autêntico, é deixá-lo ir ao encontro do mundo, descobrindo sua verdade", e com isso, a linguagem corporal antecede a fala e, a partir, do momento que fazemos um movimento ele não se repete, cada movimento tem sua autenticidade.

CONCLUSÃO:

Concluimos então, que a corporeidade é toda ação que um indivíduo realiza, seja ela de forma reflexiva ou não. Entender a corporeidade é, também, distanciar-se do paradigma natural-essencialista e inserir-se no paradigma social-existencial. A construção da corporeidade só é possível pela estimulação corporal. Como na educação física, e segue a linha do racionalismo instrumental, trabalhando com o corpo e a mente, ou melhor, fragmentados, o que impossibilita a percepção e as implicações práticas e teóricas da corporeidade. Entretanto, existem diferentes formas de expressão, pois cada indivíduo age e interage singularmente conforme seu contexto social. Portanto, é relevante que o professor esteja consciente de sua responsabilidade como formador de cidadãos ativos na sociedade.























REFERÊNCIAS:

ASSMANN, H. Metáforas para reencantar a educação: epistemologia e didática. Piracicaba : Unimep, 1996.


GONÇALVES, Maria Augusta Salin. Sentir, pensar, agir-Corporeidade e educação. 5 ed. Campinas, SP: Papirus, 2001.

MORIN, Edgar; MOIGNE, Jean-Louis Le. A inteligência da complexidade. Trad. Nurimar Maria Falci. São Paulo. Peirópolis, 2001.