Aline de Araújo Oliveira

Formada em Ciências Atuárias (UFF) – MBA em Finanças e Gestão Corporativa (UCAM)

Kaio Ribeiro Costa

Formado em Ciências Atuárias (UFF)

1. RESUMO

Esta pesquisa aborda os benefícios da Auditoria Financeira Independente e o perfil desse profissional. Trata-se de um tema bastante atual e em alta, sendo debatido constantemente nos telejornais e por profissionais que atuam com finanças, quer sejam em empresas públicas ou privadas. Inicialmente define-se o que são demonstrações financeiras, diferenciando a auditoria interna da externa, mais conhecida como auditoria independente. Posteriormente a pesquisa apresenta quem é o profissional que atua com a auditoria independente, traçando seu perfil e as principais empresas que atuam nesse ramo. Por fim, o estudo indica as principais contribuições da auditoria independente, que deve ser compreendida como um instrumento de aperfeiçoamento do sistema de governança corporativa, gerenciamento de riscos e controle das organizações. É por meio da auditoria que o contador e os demais usuários das demonstrações financeiras terão mais segurança dos números que envolvem as demonstrações financeiras. Destaca-se ainda, que a auditoria promove a conscientização dos usuários da informação contábil sobre a importância do controle interno para as organizações, dando a confiabilidade necessária, tanto para a empresa quanto para a sociedade.

2. METODOLOGIA

Neste estudo realizou-se uma pesquisa sistematizada, bibliográfica e embasada em leis e autores que versam sobre o assunto a fim de construir um referencial teórico e legal, que coloca em destaque o tema, definindo, de forma direta e objetiva, as contribuições da auditoria Independente das demonstrações financeiras, bem como perfil do auditor, e o que é necessário para se colocar nesse mercado de trabalho. Foram utilizados estudos publicados por autores renomados como ARRUDA, FRANCO e MARQUES. No que se refere à legislação, esta pesquisa deu especial destaque para as resoluções do Conselho federal de Contabilidade.

3. INTRODUÇÃO

A auditoria é o exame de demonstrações e registros administrativos. Os auditores observam a exatidão, integridade e autenticidade de tais demonstrações, registros e documentos e precisam assegurar que estas demonstrações representem adequadamente a posição financeira e patrimonial da entidade.

A Auditoria Externa é a realizada por auditores independentes (sem relação com a empresa auditada) e têm por objetivo o exame das demonstrações contábeis para emitir um parecer ou opinião sobre a posição das mesmas. Os auditores externos mantém total independência em relação à empresa auditada, evitando qualquer tipo de relação que venha prejudicar sua opinião ou parecer sobre as demonstrações auditadas. Essas empresas de auditoria possuem autorização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para atuarem e emitirem seus pareceres.

As empresas de grande porte (é considerada empresa de grande porte toda aquela que teve no último ano de atividades uma receita bruta superior a R$ 300.000.000,00 – trezentos milhões de reais) são obrigadas por Lei (11.638/07) a sujeitar suas demonstrações contábeis a análise de auditores externos registrados na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O objetivo principal dessa obrigatoriedade é o de que as demonstrações financeiras e contábeis das empresas de grande porte, principalmente as que negociam suas ações em bolsa, transmitam segurança aos acionistas quanto à fidedignidade dos dados apresentados. Esse parecer é publicado em grandes meios de informação (Jornais, Revistas, etc.) para que os investidores possam realizar suas análises e decidir em qual delas investir.

Embora poucas empresas sejam obrigadas a passar por auditoria externa, aquelas que ainda não o fazem têm motivos de sobra para aderir à prática. São muitas as contribuições que a apresentação de suas demonstrações financeiras trazem às empresas. A auditoria externa das demonstrações financeiras facilita a tomada de empréstimos bancários a juros mais baixos, a obter financiamento externo e torna a empresa mais atrativa aos investidores. Isso considerando que a transparência possibilita uma melhor análise dos negócios, já que permite uma avaliação mais exata para eventuais riscos. Empresas com as contas em ordem, e chancelada por uma auditoria externa, têm certamente melhores condições e chances de crescimento.

Com base nessas afirmações, esta pesquisa objetiva relatar os as contribuições de uma auditoria externa para o sucesso e crescimento financeiro de uma empresa, definindo o papel do auditor independente, destacando os aspectos relevantes na auditoria financeira, o perfil e a atuação dos auditores independentes. Certamente um dos grandes benefícios que a auditoria traz, além de verificar a exatidão das demonstrações contábeis, é que o auditor divide a responsabilidade com o contador, administrador ou sócio da empresa, com relação aos números que estão refletidos no balanço.

 

4. DESENVOLVIMENTO

4.1. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS E AUDITORIA

Segundo o IBRACON (NPC 27), as demonstrações contábeis, também conhecidas como demonstrações financeiras, são uma representação monetária estruturada da posição patrimonial e financeira em determinada data e das transações realizadas por uma entidade no período findo nessa data. São preparadas e apresentadas pelo menos anualmente e visam atender às necessidades comuns de informações de um grande número de usuários.

As demonstrações devem ser apresentadas de forma a atender aos Princípios Fundamentais da Contabilidade e às Normas Brasileiras de Contabilidade, contendo informações complementares de itens relevantes, de forma a garantir transparência quanto às administrações.

As Demonstrações são consideradas ferramentas capazes de transmitir as informações de forma sintética, ou seja, resumida e simplificada, mantendo os dados necessários e importantes sobre a posição patrimonial e financeira da empresa.

“O objetivo das demonstrações contábeis de uso geral é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira, o resultado e o fluxo financeiro de uma entidade, que são úteis para uma ampla variedade de usuários na tomada de decisões. As demonstrações contábeis também mostram os resultados do gerenciamento, pela Administração, dos recursos que lhe são confiados”. IBRACON

A auditoria contábil surgiu a partir da necessidade de confirmar os registros contábeis. Sua evolução ocorreu paralelamente ao desenvolvimento econômico onde se observou a necessidade de um controle adequado para a proteção do patrimônio.

De acordo com o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC NBC T11, a auditoria das demonstrações financeiras constitui-se de um conjunto de procedimentos técnicos que objetiva a emissão de um parecer sobre a adequabilidade das demonstrações financeiras perante as práticas contábeis adotadas pelas Normas Brasileiras de Contabilidade.

Já Franco e Marra (2000, p.26), define a auditoria como a técnica contábil que através de procedimentos específicos que lhe são peculiares, aplicados no exame de registros e documentos, inspeções, e na obtenção de informações e confirmações, relacionados com o controle de uma entidade. Objetiva obter elementos de convicção que permitam julgar se os registros contábeis foram efetuados de acordo com os princípios fundamentais e normas da contabilidade, e, se as demonstrações contábeis deles decorrentes refletem adequadamente a situação econômica- financeira do patrimônio, os resultados do período administrativo examinado e as demais situações nelas demonstradas.

Na execução do trabalho de auditoria realizam-se procedimentos técnicos com o propósito de obter evidências básicas para a formação do parecer do auditor. Esse parecer se refere ás demonstrações financeiras da entidade. Vale ressaltar que, dentro desse trabalho, o estudo e a avaliação dos controles internos devem ser realizados previamente e com bastante rigor, estando intrinsecamente relacionado ao grau de confiabilidade dos controles.

O controle interno de uma entidade é caracterizado como um plano organizacional e um conjunto de procedimentos e métodos adotados em conjunto pela empresa para proteger seu patrimônio e verificar a precisão e grau de confiabilidade dos seus dados contábeis, bem como promover a eficiência operacional. A grande importância do controle interno está na prevenção contra erros e fraudes.

Por controles internos entendemos todos os instrumentos da organização destinados à vigilância, fiscalização e verificação administrativa, que permitam prever, observar, dirigir ou governar os acontecimentos que se verificam dentro da empresa e que produzam reflexos em seu patrimônio. (FRANCO, 2001, MARRA, 2001, p. 267).

Auditoria Interna

Auditoria Independente

O objetivo principal é atender as necessidades da administração

O objetivo principal é atender as necessidades de terceiros no que diz respeito à fidedignidade das informações financeiras

A revisão das operações e do controle interno é principalmente realizada para desenvolver aperfeiçoamento e para induzir ao cumprimento de políticas e normas, sem estar restrito às demonstrações financeiras

A revisão das operações e do controle interno é principalmente realizada para determinar a extensão do exame e a fidedignidade das demonstrações financeiras

O auditor deve ser independente em relação às pessoas cujo trabalho ele examina, porém subordinado às necessidades e desejos da alta administração

O auditor deve ser independente em relação à administração

A revisão das atividades da empresa é contínua

O exame das informações comprobatórias das demonstrações financeiras é periódica, geralmente semestral ou anual.

 

Tabela 1 – Auditoria Interna X Auditoria Independente ou Externa - (FRANCO, 2001, MARRA, 2001)

A auditoria independente é o foco dessa pesquisa será detalhada ao ongo do trabalho.

 

4.2. O AUDITOR INDEPENDENTE

Embora a auditoria seja uma função extremamente nova, vinda da contabilidade, que a cada dia se desenvolve com maior grau de especialização, há indícios da profissão de auditor reporta-se ao século XIV. Criado oficialmente em 13 de dezembro de 1971 o Instituto dos Auditores Independentes do Brasil, na época denominado com a sigla IAIB, concretizou o sonho dos profissionais que buscavam maior representatividade diante do poder público e da sociedade. A alteração para a sigla IBRACON aconteceu em 1º de julho de 1982 quando o Instituto decidiu, após assembleia abrir, o quadro associativo para contadores das várias áreas de atuação. Então passou a ser denominado Instituto Brasileiro de Contadores. (FRANCO, 2001)

A auditoria independente é o processo de análise e validação das informações financeiras e patrimoniais de um negócio, que deve ser realizado por uma empresa isenta e externa. O processo consiste em contratar uma auditoria externa respeitada e embasada no mercado, que irá aplicar sua metodologia para analisar e dar um parecer sobre a atual situação de seu cliente. Essa análise deve ser transparente e baseada na realidade atual do negócio. O auditor independente construirá um relatório expressando seu parecer sobre os números do balanço financeiro auditado.

A contratação de uma auditoria independente é essencial para aumentar a credibilidade da empresa auditada, contribuindo para o aumento da confiança do investidor. Destaca-se ainda que a empresa de auditoria auxilia na identificação dos principais fatores de risco, nos aspectos operacional, contábil e financeiro, dando subsídios para adequada tomada de decisão. Embora a auditoria seja obrigatória para alguns setores, empresas de grande porte ou de capital aberto podem recorrer a esses serviços, usufruindo dos benefícios que a auditoria independente traz para seus negócios, evitando que o descontrole contábil e financeiro prejudique seus negócios. Para isso, é importante que os relatórios de auditoria representem uma opinião independente, ou seja, não tendenciosa, das demonstrações contábeis apresentadas. (MARTINEZ, 2001)

É comum ouvirmos no noticiário de negócios, menções às grandes auditorias, seja em investigações sobre irregularidades e corrupção, nos processos de fusão e aquisição de empresas multinacionais, ou mesmo na divulgação de relatórios produzidos a partir das suas pesquisas e análises. As auditorias do grupo conhecido como Big Four, ganham mais destaque na mídia. Esse grupo é composto pelas quatro maiores empresas do setor: EY (antiga Ernst & Young), KPMG, Deloitte Touche Tohmatsu e PricewaterhouseCoopers. No caso destas últimas, os seus funcionários e pessoas ligadas ao mercado se referem a elas respectivamente como Deloitte e Price, ou PwC. Juntas, essas quatro companhias possuem milhares de funcionários distribuídos pelos cinco continentes. Existem ainda centenas de auditorias menores, cobrando preços mais acessíveis do que suas concorrentes gigantescas, e que acabam atendendo por atendera clientes mais diversificados. Além dos novos talentos, contratados como trainee, essas empresas contam com profissionais que possuem a formação acadêmica em Ciências Contábeis - Ensino Superior, inscritos no CRC (após exame de suficiência), habilitados a emitir o PARECER como um auditor.

As competências técnico-profissionais do auditor independente são baseadas nos Princípios Fundamentais de Contabilidade (PFC) e com as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). A resolução n.° 1.069/2005 do CFC visa o exame de qualificação técnica como um dos requisitos para registro no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI) do CFC (NBC P5), considerando o disposto na Instrução da CVM n.° 308, de 14/05/1999, e na Resolução n.° 3.198, de 27/05/2004, do Banco Central do Brasil (BACEN) cuja determinação mantém o rodízio de auditores e constitui o comitê de auditoria. Sendo assim, a resolução do CFC n° 851/1999 e 961/2003 recomenda o rodízio da equipe de auditoria. Além disso, dependendo do ramo de atuação do auditor independente, terão que se submeter a outras provas. No caso do ramo da auditoria de instituições regidas pelo BACEN o auditor deverá se submeter á prova especifica sobre legislação e normas emitidas pelo BACEN, conhecimentos da área de instituições reguladas pelo BACEN e contabilidade bancária. Caso o ramos da auditoria sejam empresas reguladas pela Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) as provas especificas serão sobre legislação e normas emitidas pela Susep e conhecimentos de operações da área de instituições reguladas pela Susep.

- O Perfil do Auditor Interno

No desempenho das atividades de auditoria é necessária a utilização de ferramentas de trabalho que possibilitem formar uma opinião. De uma forma simplificada, o objetivo da auditoria é fundamentar seu ponto de vista embasado em fatos concretos, evidências e provas materiais. Cabe então ao auditor identificar e atestar a veracidade de qualquer afirmação, aplicando as técnicas e procedimentos de auditoria necessários para cada caso. Para isso, o auditor precisa ser um indivíduo com uma grande capacidade de concentração e de organização, rigor de análise e rapidez perceptiva. De igual forma, deve possuir uma boa capacidade de trabalho em equipe, já que quase sempre trabalham integrados a um grupo. É preciso possuir determinação, ser disciplinado e discreto, além de possuir perfil para investigação, ser perfeccionista, paciente, ter iniciativa e um grande senso de responsabilidade.

Ser independente é primordial para o auditor, pois sua opinião sobre os demonstrativos da empresa precisa ser confiável. Essa análise é necessária para a tomada de decisão, sendo de interesse de diversos envolvidos, incluindo os acionistas atuais e potenciais, subscritores, consultores de investimentos, credores, empregados e agências governamentais. Vale ressaltar que o auditor precisa ter extrema atenção e cuidado, agindo com responsabilidade, imparcialidade e zelo no trabalho e realização da auditoria. Ao emitir sua opinião, a mesma desse ser pautada no respeito, na ética, nos princípios morais e do direito, atuando de forma leal, idônea e honesta. Não é incomum a utilização do trabalho do auditor interno e de especialistas na construção dos documentos provenientes da auditoria.

Quanto aos honorários, o auditor deve definir e documentar o custo dos serviços, que devem ser compatíveis com a avaliação de risco do trabalho em perspectiva, com os investimentos em formação e tecnologia, com a remuneração dos profissionais que irão participar dos trabalhos, bem como com a manutenção dos programas internos e externos de qualidade. Vale ressaltar que, no exercício da atividade de auditoria, a educação continuada é necessária, visando manter, atualizar e expandir os conhecimentos técnicos e profissionais, indispensáveis à qualidade e ao pleno atendimento às normas. (ARRUDA et al, 2008).

Quanto à equipe, a resolução do CFC n.° 965/2003 determina que a utilização dos mesmos profissionais de liderança (sócio, diretor e gerente), por um longo período de tempo, na equipe de uma entidade auditada, pode criar a perda da objetividade e do ceticismo necessários na auditoria. Esse risco deve ser eliminado adotando-se a rotação das lideranças da equipe de trabalho, a cada intervalo menor ou iguais há cinco anos consecutivos, que somente devem retornar à equipe em intervalo mínimo de três anos.

Não é incomum a utilização do trabalho do auditor interno e de especialistas na construção dos documentos provenientes da auditoria, porém, o sigilo é uma obrigatoriedade nas ações e função do Auditor Independente. A divulgação de seu trabalho à terceiro só poderá ocorrer com autorização prévia da administração da entidade auditada, por escrito e fundamentada, pelo Conselho Federal de Contabilidade e Conselhos Regionais de Contabilidade conforme a Resolução CFC nº 821/97 item 1.6. Mesmo após terminarem o serviço ou contrato o auditor deve manter o sigilo absoluto. A documentação resultante da auditoria deve ser conservada pelo prazo de cinco anos, a partir da data de emissão do parecer. O auditor também deve guardar esses documentos, já que eles são as melhores provas que possui que procedeu de acordo com as normas de auditoria geralmente aceitas, sendo, portanto dever do auditor a guarda desses papeis apenas para seu próprio beneficio (MARQUES, 2010, p. 41).

Observa-se que a função do auditor é essencial para o bom desenvolvimento da contabilidade em qualquer segmento. Os auditores independentes estão focados em fazer uma correta prestação de contas aos usuários da contabilidade sobre os fatos que ocorrem com o patrimônio das empresas e entidades. Certamente suas ações trazem contribuições tanto para as empresas quanto para a sociedade, porém, ainda nos deparamos dúvidas diversas sobre “como ser tornar um auditor”, dúvida constante nos profissionais em formação e mesmo entre profissionais experientes, tema que será abordado no próximo capítulo.

- Como ser um Auditor

É comum nos deparamos com profissionais ou mesmo acadêmicos, em formação, questionando sobre o que é preciso para ser um auditor. Embora seja de um tema bastante complexo, esse capítulo apresentará algumas dicas para se tornar um auditor independente.

Inicialmente é bom ressaltar que uma auditoria externa ou independente é quando uma empresa contrata um escritório terceirizado (por isso o termo externa) para realizar a auditoria das demonstrações contábeis desta empresa. Vale lembrar que a empresa que busca esse serviço é obrigada por lei (Lei 11.638, que define quais os critérios obrigam as empresas a serem auditadas) a contratar uma empresa de auditoria independente que será responsável por auditar seus balanços e demais demonstrações, com o objetivo de emitir um parecer sobre a veracidade destas.

- Para Estudantes e Recém Formados

O mercado busca esses futuros auditores ainda durante sua formação acadêmica/profissional. Sendo assim, para os estudantes da área de contábeis, o momento mais propício para decidir se quer ingressar na carreira executiva de Auditoria Externa é durante sua graduação. Isso porque para entrar nas melhores e maiores empresas de Auditoria Independente você precisa ser estudante ou ser recém-formado (máximo 02 anos após formação).

Esses estudantes ou recém-formados ingressam em programas de trainee, acompanhando e desenvolvendo atividades na área de auditoria, que envolvem a análise de documentos e processos organizacionais, capacitando-se e mudando de função, seguindo o plano de cargos e salários para, futuramente ocupar o cargo de auditor.

Ressalta-se que, com a diversidade dos serviços prestados pelas empresas que necessitam da auditoria independente, os programas de trainee dessas empresas, buscam profissionais com perfis mais diversificados, como administradores, economistas, atuários, entre outros que atendam ao perfil da empresa contratante. Ainda assim, durante o tempo como trainee, os profissionais que não são formados em contabilidade, deverão buscar essa formação ou concluir o curso, caso seja acadêmico.

Como dito anteriormente, atualmente, as maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo são EY (antiga Ernst & Young), KPMG, Deloitte Touche Tohmatsu e PricewaterhouseCoopers (PWC), que juntas receberam o nome de “BIG FOUR” ou as Quatro Grandes. Como é de se supor, esse nome é dado considerando que as quatro dominam o mercado de auditoria externa e consultoria, estando à frente de suas concorrentes em tecnologia e pesquisa. Os maiores e mais volumosos contratos do mercado são atendidos por essas empresas, e envolvem valores milionários.

Considerando a concorrência entre às próprias BIG FOUR, a responsabilidade social, econômica e financeira, bem como a necessidade do domínio tecnológico, essas empresas mantém um programa de contratação de talentos, como um dos seus maiores investimentos. Em sua maioria, essas empresas abrem seu processo seletivo, para trainee, duas vezes ao ano, buscando talentos que sonham ingressar nessa tão concorrida carreira executiva.

O processo é criterioso e é preciso que o candidato tenha um pensamento global, visão de futuro, habilidade analítica, capacidade de organização, disposição para trabalhar em equipe, proatividade e aptidão para lidar com clientes. Uma vez aprovado o treinamento interno será presencial e online, com conteúdos voltados para contabilidade, introdução de auditoria, metodologias da empresa e outros que abranjam as áreas de análise do negócio.

O salário médio para Trainee de Auditoria é de R$ 1.890,00 mensal somado aos benefícios (www.lovemondays.com.br). Embora o salário inicial não seja atrativo, essas empresas investem muito no desenvolvimento profissional dos seus colaboradores e oferecem diversos mecanismos de crescimento, possibilitando o desenvolvimento de suas habilidades e uma sólida carreira.

- Para Profissionais

Esse mercado também absorve o profissional experiente, seja na auditoria, na consultoria ou no quadro de especialistas. Como se trata de profissionais de alto desempenho, a concorrência é grande. Como o trabalho de auditor contábil está bastante ligado com a normatização, a atualização constante é outro pré-requisito.

Para esses profissionais, é preciso ser habilitado, com aprovação no exame de Exame de Qualificação Técnica, promovido pelo Conselho Federal de Contabilidade (CFC), que acontece uma vez por ano e permite ingressar no Cadastro Nacional de Auditores Independentes (CNAI).

Fora das grandes empresas, outra possibilidade de atuação é como profissional autônomo (auditor independente pessoa física) ou como dono de seu próprio escritório de Auditoria Independente. Em ambos os casos, é preciso ter exercido a atividade como auditor contábil por período superior a cinco anos, além de ter habilidades técnicas e as competências que requer a área.

Como já foi dito, a capacitação profissional é um requisito essencial para o sucesso da carreira de um auditor contábil. Deve-se considerar que as normas contábeis passam por mudança constante, o que exige do profissional dedicação e estudo para compreendê-las. Além disso, para garantir a manutenção do seu registro, o auditor contábil deve cumprir uma série de pontos anuais, como estipulado pela norma NBC PG12, o que reforça a necessidade de uma educação constante.

Quer seja como acadêmico, recém formado ou profissional experiente, o caminho da auditoria independente requer muita dedicação, qualificação, ética e determinação para vencer os inúmeros desafios que surgirão.

 

4.3. CONTRIBUIÇÕES DA AUDITORIA FINANCEIRA

Para melhor entender as contribuições da auditoria financeira, é preciso entender alguns objetivos e definições . A auditoria financeira tem, entre seus objetivos, a preocupação em certificar que os valores físicos existentes estão de acordo com os saldos registrados nos extratos bancários, nos registros contábeis e no boletim de caixa.

A verificação quanto como e se o dinheiro da empresa está sendo aplicada corretamente, também é de responsabilidade da Auditoria Financeira bem como verificar se os controles internos do departamento financeiro são eficazes em evitar fraudes e irregularidades.

Na Auditoria Financeira preocupa-se em aumentar o grau de confiança nas demonstrações por parte dos usuários, por isso são mapeados todos os processos do departamento, tais como: transferências bancárias, pagamento de fornecedores, conciliações, etc.

Ao analisar as demonstrações financeiras de uma empresa, é preciso que o relatório final apresente adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da empresa auditada. Para que o resultado seja satisfatório, a auditoria deve ser conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria, estando de acordo com os princípios éticos e nas normas profissionais emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade. Seguindo essas diretrizes, a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar a opinião do auditor independente, sendo útil para os usuários da informação contábil.

Marion (2009) define como “usuários da informação contábil” todas as pessoas que buscam informações, por meio da contabilidade, sobre a situação econômica da organização de seu interesse. Destacam-se como usuários os administradores (gerentes), investidores (sócios ou acionistas), fornecedores, bancos, o governo e os auditores. Esses usuários podem ser detalhados como:

  • Administradores: aplicam dinheiro na empresa e esperam obter retorno sobre o montante, ou seja, lucro sobre o capital investido.
  • Investidores: são aqueles que investem dinheiro em determinada empresa com o intuito de obter lucro, para tanto utilizam-se de índices e relatórios que analisem a rentabilidade da entidade.
  • Bancos: emprestam dinheiro para a empresa desde que a mesma tenha como liquidar o empréstimo.
  • Governo: arrecada impostos, logo se faz necessário que o governo saiba o quanto de imposto foi gerado para os cofres públicos.
  • Fornecedores: fornecem a mercadoria a prazo para a empresa e se preocupam em saber se a organização possui condições de honrar o pagamento de suas dívidas
  • Auditor: é o profissional devidamente qualificado que audita a corporação, podendo ele pertencer à organização ou não (RIBEIRO; RIBEIRO, 2011).

Ainda sobre algumas definições necessárias para melhor compreender os benefícios de uma auditoria financeira independente, Ribeiro e Ribeiro (2011, p. 71) estabelecem:

[...] Governança consiste em avaliar o processo de governança quanto à realidade de seus objetivos de ética e valores, administração de desempenho e prestação de contas, comunicando informações sobre risco e controle para as áreas apropriadas da organização, e da eficácia da comunicação entre as pessoas responsáveis pela governança, os auditores internos e independentes e a administração. [...]

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define governança corporativa como sendo:

“O sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas” (IBGC, 2016, s.p.).

Ribeiro e Ribeiro (2011) destaca que o sistema de governança corporativa demanda o processo de gerenciamento de riscos, como uma ferramenta que auxilia a empresa no que se refere a identificar e avaliar as exposições significativas a riscos, contribuindo para a melhoria contínua da gestão de riscos e dos controles, tendo como finalidade prevenir e detectar erros ou fraudes. Um dos maiores desafios para os auditores, na execução da auditoria, é que consigam detectar todos os possíveis erros ou fraudes cometidos na organização.

Ainda de acordo com Ribeiro e Ribeiro (2011), auditoria é uma técnica contábil, desenvolvida através da necessidade de garantir a veracidade das informações contidas nos registros contábeis, examinando rigorosamente a origem desses dados apresentados nas demonstrações. Por auditoria externa ou independente, entende-se que é uma técnica contábil que consiste, através de exames minuciosos nos registros contábeis, em verificar a fidedignidade das demonstrações.

Uma auditoria financeira independente deve ter como objetivo principal a obtenção segura de que as demonstrações financeiras estão livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro, possibilitando a emissão de um relatório de auditoria contendo a opinião dos profissionais envolvidos na produção desse documento.

A segurança deve ser considera razoável, ou seja, não trata-se de uma segurança absoluta. Ao se falar em segurança razoável, nos referimos a um alto nível de segurança, o que não é uma garantia plena de que a auditoria realizada seja capaz de detectar, com 100% de certeza, as eventuais distorções relevantes existentes. Devemos lembrar que as distorções podem ser decorrentes de fraude ou erro e são consideradas relevantes quando, individualmente ou em conjunto, possam influenciar, dentro de uma perspectiva razoável, as decisões econômicas dos usuários, tomadas com base nas referidas demonstrações financeiras.

Independentemente se causada por fraude ou erro, o auditor deve identificar e avaliar os riscos de distorção relevante nas demonstrações financeiras, planejando e executando procedimentos de auditoria em resposta a tais riscos, bem como obtendo evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar a opinião. Deve-se considerar que o risco de não detecção de distorção relevante resultante de fraude é maior do que o proveniente de erro, já que a fraude pode envolver o ato de burlar os controles internos, conluio, falsificação, omissão ou representações falsas intencionais.

É preciso, ainda, obter o entendimento dos controles internos relevantes para a auditoria para que seja possível planejar os procedimentos de auditoria apropriados às circunstâncias. Isso não significar que a opinião do auditor, sobre a eficácia dos controles internos da empresa, será expressada. É avaliada a adequação das políticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis e respectivas divulgações feitas pela administração.

Essa análise deve conduzir a uma conclusão em relação a eventos ou condições que possam levantar dúvida significativa em relação à capacidade de continuidade operacional da empresa. Caso seja concluído que existe incerteza relevante, essa informação deverá estar presente no relatório produzido pelos auditores independentes.

Vale lembrar que o auditor deve fornecemos aos responsáveis, declaração de que cumpriram com as exigências éticas relevantes, incluindo os requisitos aplicáveis de independência, comunicando todos os eventuais relacionamentos ou assuntos que poderiam afetar, consideravelmente, a independência, incluindo, quando aplicável, as respectivas salvaguardas.

Os assuntos que foram objeto de comunicação com os responsáveis pela governança, devem ser determinados e os que foram considerados como mais significativos na auditoria das demonstrações financeiras devem constituir os principais assuntos de auditoria. Esses assuntos devem ser descritos no relatório de auditoria, a menos que haja restrição legal ou regulamento proibindo a divulgação pública do assunto. Isso também pode ocorrer, em circunstâncias extremamente raras, nos casos em que as consequências adversas de tal comunicação podem, dentro de uma perspectiva razoável, superar os benefícios da comunicação para o interesse público.

Voltando aos objetivos de realização da Auditoria Financeira, vale relatar que são diversos, destacando-se, mais uma vez a certificação de que os saldos registrados correspondem aos valores físicos existentes, bem como de que os valores disponíveis no banco, no caixa e em aplicações são utilizados de maneira correta. Além disso, certifica-se de que saldos contábeis e controles internos relacionados aos fornecedores e clientes a receber refletem a posição real dos títulos em aberto.

Podemos citar como benefícios da Auditoria Financeira:

  • Fiscalização da eficiência dos controles;
  • Apontamento de falhas na administração da empresa e nos controles internos;
  • Dificultar desvios de bens patrimoniais e pagamentos indevidos de despesas;
  • Contribuição para maior observância das leis fiscais e para obtenção de melhores informações sobre a real situação econômica, patrimonial e financeira da auditada;
  • Certificação dos controles internos existentes no departamento financeiro, a fim de averiguar se os mesmo proporcionam segurança suficiente que reduzem ou evitem a possibilidade de fraudes e irregularidades.

Por fim, com base no que foi abordado nesse capítulo, é possível compreender que  uma Auditoria Financeira beneficia diferentes partes, desde de o publico interno ao externo. Para os funcionários de uma empresa, ela fornece uma confirmação externa da saúde financeira da organização. Para os acionistas, a Auditoria Financeira é um meio crítico de estabelecer o valor da empresa. Para os credores, a Auditoria Financeira é um pré-requisito para quase qualquer tipo de empréstimo. Além disso, vale destacar que, para a comunidade empresarial, auditorias regulares reforçam a reputação da empresa, fazendo com que ela seja vista como um parceiro de negócios desejável.

 

5. CONCLUSÃO

Para compreender os benefícios de uma auditoria, é essencial entender que ela não atua como fiscal, mas sim como parceira da empresa. Bem diferente do que muitos imaginam o objetivo de uma auditoria não é procurar irregularidades ou fraudes, mas sim acompanhar se os processos, controles e dados que a empresa tem registrados refletem a realidade.

Os diversos e complexos procedimentos existentes em uma grande empresa, bem como o volume de transações acabam, de forma intencional ou não, gerando erros capazes de prejudicar sua saúde financeira. A contratação de auditores externos ou independentes é essencial para essas empresas, pois objetivam conduzi-la pelo caminho mais adequado na busca da eficiência profissional e cumprimento das leis e normas específicas do setor.

Nesse estudo conclui-se que para as empresas, passar por um processo de auditoria confere uma espécie de selo de qualidade aos olhos de investidores e parceiros, já que uma vez auditada torna-se mais transparente. Além disso, a auditoria independente é também uma ferramenta estratégica na gestão e no controle de processos dentro da empresa, fazendo com que as decisões gerenciais sejam baseadas nos dados validados pelos auditores, que utilizam-se das melhores práticas contábeis e tributárias na produção de seus relatórios e na identificação de  potenciais contingências e riscos para a companhia.

Além de um perfil distinto, necessário aos profissionais que pretendem seguir esse ramo, para atender ao mercado de forma eficaz, quer seja como auditor vinculado a uma grande empresa ou como profissional autônomo, a formação continuada é essencial, já que essa é uma área que precisa contar com profissionais qualificados e hábeis no exercício das atribuições esperadas de um auditor independente.

A Auditoria tem o objetivo de analisar se tudo que foi planejado nas normas está de acordo com o praticado. Este processo sistemático para examinar as atividades desenvolvidas por uma empresa não é algo que todos amam (auditorias costumam gerar estresse entre os colaboradores), mas se formos considerar, os benefícios compensam o desgaste. Mesmo parecendo algo invasivo, seus benefícios são diversos sendo adotada, praticamente, por qualquer empresa em estágios de maturidade mais avançados de gestão.

REFERÊNCIAS

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ARAÚJO, I. P. S. Fundamentos da Auditoria A Auditoria das Demonstrações Financeiras em um Contexto Global. 1 ed. São Paulo: Saraiva,2012.

ARRUDA, D. G.; ARAUJO, I. P. S.; BARRETTO, P. H. T.. Auditoria Contábil: enfoques teóricos, normativos e práticos. São Paulo: Saraiva, 2008.

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http://www.cpc.org.br, acessado em 13 de dezembro de 2017.