Continuum
Publicado em 17 de agosto de 2011 por Heloisa Pereira de Paula dos Reis
Continuum
As noites escuras eram tantas, que ele as passava em claro, andando pela casa em passos rápidos, tentando apressar as horas para que o dia amanhecesse.
Pensamentos atrapalhavam seu sono e ele não mais sabia o que fazer. Era sempre a mesma coisa. Noite após noite. Ele não mais sabia a quem contar o que lhe acontecia, a não ser para si mesmo, que muitas vezes recusava-se a ouvir. Estava desacreditado naquilo que o perseguia anos a fio. A noite escura tudo fazia para que ele relembrasse de maneira um tanto repetitiva e incoerente, aquilo que queria esquecer, por apenas algumas poucas horas e não conseguia. E não entendia o porquê. E ninguém, nem ele mesmo conseguia ajudá-lo. Era o disco riscado que o incomodava. Eram as preocupações diárias acumuladas no decorrer de sua vida. A cada dia que passava, uma a mais. Nunca uma a menos.Nunca. Acumulavam-se... Encontravam-se alocadas em uma parte de sua vida que queria esquecer, se possível fosse. Fingir que não existia. Mas o que fazer o que com elas? Restava apenas pensá-las à noite... Era essa a sua mesmice inaceitável, indesejável, mas muito sua. Só sua. Era o contraponto com o dia, que tão logo amanhecia, fazia com que ele, tal qual Fênix, ressurgisse das sombras da noite que queria excluir, e renascia. Renascia, matando a noite a cada dia. Era a esperança de que tudo ainda teria um fim e que esse desconforto que a muito o incomodava, não mais seria o grande vilão que o acompanhava por anos a fio, sem que ele entendesse a causa, mas que convivesse com os efeitos.
Heloisa
As noites escuras eram tantas, que ele as passava em claro, andando pela casa em passos rápidos, tentando apressar as horas para que o dia amanhecesse.
Pensamentos atrapalhavam seu sono e ele não mais sabia o que fazer. Era sempre a mesma coisa. Noite após noite. Ele não mais sabia a quem contar o que lhe acontecia, a não ser para si mesmo, que muitas vezes recusava-se a ouvir. Estava desacreditado naquilo que o perseguia anos a fio. A noite escura tudo fazia para que ele relembrasse de maneira um tanto repetitiva e incoerente, aquilo que queria esquecer, por apenas algumas poucas horas e não conseguia. E não entendia o porquê. E ninguém, nem ele mesmo conseguia ajudá-lo. Era o disco riscado que o incomodava. Eram as preocupações diárias acumuladas no decorrer de sua vida. A cada dia que passava, uma a mais. Nunca uma a menos.Nunca. Acumulavam-se... Encontravam-se alocadas em uma parte de sua vida que queria esquecer, se possível fosse. Fingir que não existia. Mas o que fazer o que com elas? Restava apenas pensá-las à noite... Era essa a sua mesmice inaceitável, indesejável, mas muito sua. Só sua. Era o contraponto com o dia, que tão logo amanhecia, fazia com que ele, tal qual Fênix, ressurgisse das sombras da noite que queria excluir, e renascia. Renascia, matando a noite a cada dia. Era a esperança de que tudo ainda teria um fim e que esse desconforto que a muito o incomodava, não mais seria o grande vilão que o acompanhava por anos a fio, sem que ele entendesse a causa, mas que convivesse com os efeitos.
Heloisa