Felora Daliri Sherafat

Consumismo não é a solução! Jogar dinheiro Público nos cofres dos Bancos e Montadoras também não é solução!

O Governo numa visão imediatista está estimulando o consumo como remédio eficaz contra a crise atual. Basta ver o resultado da mesma tática nos Estados Unidos. Pois, nos últimos anos lá foi estimulado o consumo de todas as maneiras, até através de fáceis cartões de crédito, para evitar a crise. Mas, não surtiu o efeito desejado.

A solução também não é jogar bilhões e bilhões nos cofres de empresas privadas, sejam bancos ou montadoras. Os verdadeiros especialistas sabem avaliar a situação profundamente: neste momento um governo sábio deve apostar em um novo modelo de investimento, e não queimar o dinheiro público nas mesmas instituições que historicamente não geraram o bem-estar.

Então, neste momento deveriam investir exatamente naquelas obras que os governos deixaram de investir durante muito tempo. Isso é: em vez de jogar o recurso público nas empresas privadas, esperando que elas aumentem o emprego e o crédito, deveriam injetar o dinheiro nas obras essenciais. Eles poderiam iniciar milhares de obras emergenciais para atender às necessidades sociais e gerar emprego.

Deveriam destinar os impostos pagos pelo povo, que são o resultado de seu suor, no saneamento básico, na construção de centros de reciclagem, nos centros de tratamento de esgoto, na construção de linhas modernos de trens, na construção de escolas e hospitais. E com tais obras aumentar o emprego, a distribuição de renda e, ao mesmo tempo, atender às necessidades básicas do púbico.

Aliás, o governo decidiu recentemente por construir um trem bala entre São Paulo e Rio, previsto para concluir em dez anos. O prazo em si mostra que não há muito interesse neste tipo de projeto. Mas, imagine agora se o governo tivesse interesse e decidisse construir, com seriedade, este tipo de trem em todo o território nacional, inclusive nas áreas urbanas das grandes cidades. Quantos empregos ele poderia gerar, quanto progresso proporcionar, quanto combustível economizar, e quanto reduzir a emissão do gás co2 na atmosfera. Isto tudo, usando recursos que seriam destinados a salvar bancos e montadoras.

Vale ressaltar que uma parte da crise financeira e cambial do Brasil é o resultado de privatização de uma grandes parte das empresas públicas, quando elas, depois de terem sido privatizadas, tornaram-se multinacionais com direito de remeter seu lucro para fora do país em vez de investir nas regiões onde estão sediadas. Estas, a exemplo das demais empresas multinacionais que se instalaram no Brasil, de um lado são beneficiadas com incentivos fiscais, e de outro, têm direito de remeter seus lucros para fora. De fato, a remessa de riqueza de um país para fora o transforma numa nação pobre.

Agora as montadoras que ao lado dos bancos foram sempre as campeãs de lucro estão exigindo ajudas bilionárias do governo. Tais medidas, além de serem injustas, não aliviariam a crise, nem ajudariam o povo.

Daí vem a importância do papel dos meios de comunicação que podem mostrar para a população novas alternativas e mostrar ao publico o quanto está perdendo com tais medidas. Ao mesmo tempo, a imprensa deve cobrar dos governos atitudes mais coerentes diante da crise; apoiar alguns planos que beneficiam a todos e denunciar outros que apenas protegem grupos sempre favorecidos, os donos de capital.

O papel dos meios de comunicação vai além disso: não apenas cobrar dos governos decisões corretas, mas também impelir a sociedade para um modelo sustentável de vida. O consumismo não é a solução para a crise; pelo contraio, ele é a raiz de todas as crises: da economia, da destruição da natureza, e do aquecimento global. Ainda mais, o modelo consumista alimenta os aspectos materialistas e egoísticos do homem, e assim alastra os males da sociedade como a violência, a corrupção, e os desentendimentos e conflitos.

"Queira Deus possam os povos do mundo, em conseqüência dos altos esforços envidados pelos seus governantes e pelos sábios e eruditos entre os homens, ser levados a reconhecer seus melhoresinteresses."Bahá'u'lláh (1817-1892)