RESUMO

SILVA, Kenny Cristine Inácio da; AMORIM, Marlene Alves de. Consulta Pré-Operatória de Enfermagem e a Percepção do Paciente Frente à Cirurgia. 2017. 33 f. bacharel em Enfermagem do Instituto de Educação Superior de Brasília, Ceilândia, 2017.

A educação continuada em uma instituição hospitalar é essencial para construir uma boa relação entre enfermeiro-paciente. Diante deste contexto, a consulta pré-operatória de enfermagem é uma ferramenta para difundir a sistematização da assistência de enfermagem no pré e pós-operatório cirúrgico (SAEP) e aplicar esse conhecimento no contato com os pacientes, com intuito de reduzir sua ansiedade em relação ao procedimento. O objetivo é avaliar a importância da consulta pré-operatória de enfermagem e a percepção de paciente quanto o procedimento proposto. O presente trabalho foi realizado por meio de uma abordagem quali-quantitativa, em que foram entrevistados 150 pacientes que estavam vivenciando o tratamento cirúrgico em um hospital em Brasília/DF. Todos foram orientados durante a aplicação do questionário, assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. No que se refere aos aspectos emocionais, os dados apontam que a percepção dos pacientes quanto a suas sensações de ansiedade varia antes e depois da realização da consulta pré-operatória. Nos dados coletados antes da consulta, 52% dos pacientes relatam sensação de ansiedade. O estudo observou pesquisa que o contato prévio com o enfermeiro culminou em maior conhecimento para o paciente em relação à cirurgia e anestesia a que seria exposto e minimizou a sensação de medo e ansiedade acerca do tratamento cirúrgico.
Palavras chave: Consulta Pré-operatória. Assistência de Enfermagem. Tratamento cirúrgico. Ansiedade.

1 INTRODUÇÃO

Dentro de uma unidade hospitalar, o centro cirúrgico é considerado um dos setores de maior complexidade, onde o paciente está exposto a riscos dentro de um ambiente desconhecido. Portanto, desde 1986 a implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) se tornou uma imposição legal de acordo com a Lei do Exercício Profissional n° 7.498/86. A SAE é um instrumento primordial no trabalho do enfermeiro, uma vez que, fornece subsídios ao enfermeiro como: recursos técnicos, científicos e humanos, de modo a propiciar uma assistência de qualidade de forma humanizada ao paciente (REMIZOSKI, ROCHA & VALL, 2010).
O tratamento cirúrgico tem sido um dos fatores essenciais da assistência à saúde ao longo dos séculos. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que 234 milhões de cirurgias de baixa e alta complexidade sejam realizadas a cada ano no mundo. Os tratamentos cirúrgicos, ainda sim, são tratados de forma desigual, pois a maioria da população não tem uma assistência cirúrgica adequada e de qualidade. Conseguir realizar um procedimento cirúrgico é um problema expressivo para boa parte da população e, portanto, assunto de grandes debates mundiais (OMS, 2009).
No que se refere a esse assunto, FRIAS, COSTA & SAMPAIO (2010), afirmam que algumas dúvidas e anseios afetam os pacientes quando recebem o diagnóstico da necessidade de um procedimento cirúrgico, precedido pelo ato anestésico. Culturalmente as cirurgias e procedimentos anestésicos são considerados pelos pacientes uma “ameaça”, que em geral tem pouco ou nenhum conhecimento acerca do assunto. Essa desinformação pode dificultar os processos de preparação cirúrgica.
Ainda segundo os autores, as consultas pré-operatórias realizadas por profissionais enfermeiros, quando realizadas de forma adequada, podem auxiliar a evitar transtornos e intercorrências no ato anestésico e cirúrgico, pois permitem que o paciente tenha acesso a informações, exponha suas dúvidas e receios e se sinta mais seguro para lidar com a situação.
A consulta pré-operatória realizada pelo enfermeiro tem a finalidade de assistir ao paciente, oferecendo-lhe conforto e segurança, com intuito de melhorar o desempenho no centro cirúrgico. O período pré-operatório imediato abrange as 24 horas que antecede a cirurgia até o momento que o paciente é recebido no Centro Cirúrgico (GRAZZIANO et al.,2016).
Cabe salientar que o enfermeiro não atua somente no centro cirúrgico. Pode se observar na SAE (2016), que o profissional enfermeiro exerce suas atividades na pré-consulta, na consulta, no tratamento (curativo, instrumentação, assistência de modo geral), preparo de material, esterilização, chefia, coordenação e supervisão entre outras atividades que competem a esse profissional.
A consulta pré-operatória é um procedimento essencial antes de qualquer cirurgia eletiva que pode acontecer em até 1 ano a partir do diagnóstico para que possa avaliar os riscos envolvidos, solicitar exames e avaliações complementares. A ausência de conhecimentos clínicos dos pacientes é um dos fatores constantemente apontados como motivo para cancelamento de cirurgias agendadas, fator que pode gerar prejuízos à saúde do paciente, além de custos desnecessários e constrangimento entre as equipes e pacientes (OLIVEIRA & MENDONÇA, 2014).
A assistência na consulta pré-operatória é um processo que utiliza modelos voltados para as teorias da enfermagem. Esse conceito com base científica divide-se em: investigação, diagnóstico de enfermagem, implementação e avaliação, onde são coletadas as informações como o estado clinico, período de jejum, retirada de adornos, se possui prótese dentária e outros fatores que podem interferir na anestesia e na cirurgia. Essas informações são observadas na consulta pré-operatória e devem estar completas e registradas para prevenir possíveis intercorrências no intra e pós-operatório e não expor o paciente a riscos desnecessários tornando o ambiente cirúrgico mais seguro(TANNURE, 2015).
É fundamental ressaltar a importância do trabalho dos profissionais de enfermagem para a realização de um diagnóstico baseado tanto nos problemas emocionais e comportamentais quanto possíveis complicações fisiológicas futuras. O enfermeiro tem conhecimento ampliado nas áreas de anatomia, fisiologia e princípio da física sem deixar de lado o tratamento principal e fundamental da assistência que é tratar o ser humano com respeito, lembrando que toda pessoa faz parte de uma sociedade dotada de sentimentos, questões espirituas e de diferentes culturas (MALAGUTTI & BONFIM, 2013).
Nesse sentido, o tratamento humanizado reduz o desconforto do centro cirúrgico já que o paciente está exposto a um ambiente desconhecido. Qualquer procedimento cirúrgico pode causar reações de fundo emocional. Por esse motivo, o “cuidar” no sentido de humanizar significa ouvir as queixas do paciente, informá-lo e orientá-lo a respeito da cirurgia a qual será submetido, minimizando o desconforto inicial (CORBANI, BRÊTAS & MATHEUS, 2009).
É essencial a criação de protocolos operacionais padrão, formalizados, que orientem as consultas pré-operatórias e que salientem a importância do acolhimento humanizado. Esses documentos podem auxiliar para que os pacientes tenham acesso a um tratamento equitativo e personalizado, a fim de aliviar a dor e o sofrimento no momento da consulta pré-operatória de enfermagem (OLIVEIRA et al.,2012).
A comunicação entre o enfermeiro, o paciente e toda a equipe de saúde é de fundamental importância para promover conforto e segurança ao paciente. É por meio dessa educação e orientação que as angústias são minimizadas. Esses processos bem como as orientações acerca do ato anestésico e cirúrgico podem reduzir a ansiedade, o medo do desconhecido, o medo de morrer, o medo da patologia que o acomete e favorecer sua reabilitação no pós-operatório (CARVALHO & BIANCHI, 2011).
Segundo a OMS (2009), a comunicação é um fator determinante para o sucesso da assistência e o progresso na segurança do paciente. Esse sucesso depende das informações sincronizadas colhidas em todas as etapas, desde a consulta pré-operatoria até à alta do paciente.