O pedagógico acontece dentro de uma educação ambiental não somente quando ensinamos a deixar de fazer tal ação para evitar contaminar, depredar ou agir para preservar. Ele também acontece ao nos fazer entender sobre as transformações que o meio passa e sobre a necessidade de fazer escolhas que permitem controla-lo ou não conforme a necessidade, mas causando o menor impacto ambiental possível e a maior utilidade necessária. Como exemplificação, podemos pensar em um sítio onde o produtor rural necessita aumentar a sua produção, no entanto também precisa preservar as fontes de água, o que o produtor deveria fazer? É lógico que existem outras variáveis, mas para o exemplo está bom. Fazer uma análise do solo, usar tecnologia avançada, vender o produto semi-industrializado, enfim, vai depender das condições do sitiante. Porém ao preservar as fontes, estará garantindo o sustento futuro.

Ao trabalhar com o aluno o professor têm que ficar atento às ações que o sitiante realizou ou deixou de realizar, tanto para conseguir o sustento, quanto para garantir o futuro de sua existência. Muitas vezes o não ter feito, pode servir mais para o processo didático do que o que foi realizado pelo sitiante. Seu conhecimento natural impacta diretamente no resultado de suas ações sobre o meio e este sobre a sociedade. Por isso é tão importante aguçar o olhar sobre a percepção da paisagem, observar o que está por trás das ações, quais os efeitos que tais ações promovem na terra. 

Um sítio possui riqueza material imensa para um ensino didático de qualidade, basta o professor fazer um levantamento das prioridades que deseja trabalhar, observar as potencialidades que o sítio tem a oferecer para o processo educacional, conversar com o sitiante, funcionários, vizinhos, observar o tamanho da propriedade, sua posição geográfica, inclinação do terreno, são muitas as variáveis e a junção de várias delas permitirá que o professor construa uma ideia sobre como proceder pedagogicamente na visitação dos alunos ao sitio. A construção ambiental dentro deste contexto, passa pelo olhar critico do professor sobre a paisagem e as ações do sitiante, ao mesmo tempo sobre as possibilidades de mudanças. 

A construção do conhecimento se dará quando os alunos perceberem que as transformações ocorrem continuamente, tanto naturalmente quando artificialmente organizada pelo homem sobre o meio, o importante é pensar no impacto destas ações, consequentemente essas ações vão provocar o impacto sobre o todo, seja para o bem ou não. Isso não significa que o sitiante não pode ou não deva promover tais mudanças, elas são necessárias para o seu sustento e o mesmo busca com o sitio o lucro necessário a sua sobrevivência. Então de um lado temos a sobrevivência do sitiante e do outro o impacto ambiental, na verdade tal ambivalência acontece mais pela falta de conhecimento sobre o impacto das ações sobre o meio natural ou por falta de investimento. 

Observe que quando técnicos de órgãos rurais como a Embrapa trabalha junto ao produtor rural, a produção tende a aumentar, a contaminação diminui, a renda aumenta e o impacto ambiental tende a ser menor. Qual o significado disso? A principal causa para o profundo desequilibro ambiental que nos vivenciamos hoje é a ação humana desenfreada, em busca de lucros incessantes e predatórios, mas também sobre a falta de conhecimento sobre o impacto das ações sobre o meio e por não saber o que fazer para mudar tal situação. Daí vem á necessidade de todos os produtores buscarem conhecimento e o governo investir em novas pesquisas. 

 Cabe ao professor fazer a sua parte, promover o esclarecimento aos seus alunos para que os mesmos, quando se ver diante de uma situação ecológica do meio natural, possam tomar atitude razoável dentro de suas possibilidades ou buscar ajuda de quem tem maior conhecimento sobre este meio. O professor é a pessoa certa para aguçar o olhar do aluno para as nuances do meio natural que o mesmo não vê, mas com o tempo passa a perceber como necessária para que tenhamos o desenvolvimento sustentável realmente eficiente.

 

Indajaia Carlos Pires-Graduado em História

Jaqueline Lopes de Carvalho- Graduada em Pedagogia

Jane Gomes de Castro - Graduada em Pedagogia e Pós-Graduada em Ecoturismo e Educação Ambiental.

Adriana Peres de Barros -Graduada em Pedagogia e Pós -Graduada em Educação Infantil e Alfabetização.