Considerações sobre a amizade Amigos! Quem são afinal?

Certamente não nos enganamos se dissermos que os nossos amigos são aqueles que elegemos para com eles repartir as nossas intimidades e sentimentos, as nossas alegrias e as nossas tristezas, as nossas vitórias e as nossas derrotas. Aqueles que destacamos dos outros. O fruto da nossa melhor seleção. Tantas vezes, o nosso orgulho, o nosso exemplo, a nossa forma de vida. 

Temos o direito e o dever de escolher os nossos amigos e devemos ter orgulho nas nossas escolhas e em quem nos escolhe. A amizade não se impõe. Manifesta-se espontaneamente. Mas os nossos amigos não são simplesmente aqueles que nós escolhemos, é também preciso que também eles nos tenham escolhido a nós. 

A amizade não se vende, não se compra, não se troca. Dá-se e recebe-se… e quando é genuína quanto mais de dá mais se recebe. 

Ninguém é tão pobre que não possa ter muitos, e curiosamente ninguém é suficientemente rico que possa comprar um único que seja. 

A palavra amigo é um conceito muito diversificado. Quanto a mim, considero havê-los de três espécies. 

Aqueles de quem somos amigos, que são aqueles de quem gostamos. Mas pode acontecer que alguém de quem eu seja amigo não nutra por mim o mesmo sentimento, e nesse caso, sendo seu amigo não estou evidentemente entre os seus amigos. Só posso garantir que os meus amigos são aqueles de quem eu gosto. E desses, não posso dar garantias de que também eles gostem de mim.

O contrário é igualmente verdade, esta unilateralidade também funciona na ordem inversa; não é forçoso que sendo nossos amigos, também nós sejamos seus amigos; por eles eleitos para connosco partilharem vivências e sentimentos. 

Os que são nossos amigos… que são aqueles que gostam de nós. 

E finalmente aqueles em que há reciprocidade no gosto. Não haverá muitos, mas são sem dúvida os mais valiosos. Os únicos verdadeiramente genuínos. 

São essencialmente dois, os modos de terminar uma amizade… um de forma rápida e violenta, outro de forma lenta mas não menos dolorosa. Entre um e outro não há escolha que nos valha. 

Por isso, se um amigo te abandona não te lamentes, não te precipites, não fiques triste, tenta saber primeiro de que tipo se trata … talvez não tenhas perdido grande coisa.