CONSIDERAÇÕES DE DERMEVAL SAVIANI SOBRE A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR
Por alessandra aparecida avelino dos santos custodio | 29/07/2023 | EducaçãoCONSIDERAÇÕES DE DERMEVAL SAVIANI SOBRE A APRENDIZAGEM DA CRIANÇA NO CONTEXTO ESCOLAR
O início da vida escolar de uma criança acontece na educação infantil, onde todo um mundo ainda desconhecido se torna real, cujo mundo possui estratégias infinitas para desenvolver o cognitivo, psicológico, motor, social e cultural de forma efetiva e o grande agente e motivador é o professor que atua diretamente com essas crianças, proporcionando conhecimento e desenvolvimento.
Porém, muitos professores ainda acham que o desenvolvimento e a aprendizagem acontecem a partir do clichê lápis, papel e lousa, cuja observação nos dias atuais não possui mais valor, pois dentro da educação infantil muitas são as possibilidades que podem e devem ser utilizadas para o processo de ensino-aprendizagem, tornando o ensino uma situação estimulante e prazerosa.
O professor detém em suas mãos a possibilidade de tornar o ensino prazeroso e estimulante, onde através de suas aulas bem planejadas e lúdicas consegue fazer com que seus alunos tenham vontade de desenvolvê-las. Assim, para o planejamento e realização de aulas motivadoras, sejam elas de qualquer disciplina, o professor necessita acima de tudo estar capacitado, preparado e ter vontade de ensinar.
O papel do professor na vida do aluno como agente formador é fundamental e impactante. Os professores são responsáveis por ajudar os alunos a adquirir habilidades e conhecimentos que os preparam para a vida adulta e para o mercado de trabalho. Além disso, o professor também é responsável por incentivar a criatividade, a curiosidade e o pensamento crítico dos alunos. Ele deve ser capaz de motivar os alunos a se tornarem aprendizes autônomos e independentes, capazes de buscar conhecimento por conta própria.
Dermeval Saviani, um importante e renomado pedagogo brasileiro, muito contribuiu com a educação, sendo reconhecido, principalmente, pela sua teoria da pedagogia histórico-crítica, que busca uma educação crítica e emancipadora para as classes populares.
Saviani acredita que a aprendizagem da criança na escola deve ser voltada para o desenvolvimento de sua capacidade crítica e reflexiva, de modo que a educação não deve se limitar a uma transmissão de conhecimentos prontos e acabados, mas sim deve ser um processo ativo em que o aluno seja o protagonista de seu próprio aprendizado.
De acordo com Saviani (2016), a criança deve ser estimulada a questionar o mundo que a cerca, a fim de compreendê-lo e transformá-lo de acordo com seus interesses e necessidades. Isso requer uma abordagem pedagógica que vá além da simples memorização de fatos e conceitos, e que valorize a capacidade crítica e criativa do aluno.
Além disso, Saviani destaca a importância da escola como sendo um espaço de socialização e formação cidadã, onde para o autor a escola deve ser um ambiente acolhedor e democrático, que valorize a diversidade cultural e respeite as diferenças individuais.
Defensor de uma pedagogia crítica e emancipadora, que estimule a capacidade crítica e reflexiva das crianças, e que valorize a diversidade e o respeito mútuo dentro da escola, a obra "Escola e Democracia" de Dermeval Saviani é considerada um dos principais trabalhos do autor e um dos marcos da pedagogia histórico-crítica, sendo um livro que discute a relação entre educação e democracia e apresenta sua visão crítica sobre a escola tradicional.
Para Saviani (2016), a escola tradicional se baseia em um modelo bancário de educação, em que o professor é o detentor do conhecimento e o aluno é visto como um mero receptor passivo de informações. Nesse modelo, o objetivo da educação é transmitir um conjunto de conhecimentos considerados necessários e importantes para a vida em sociedade, sem questionar sua origem, utilidade ou relevância para a vida dos alunos.
Saviani critica essa abordagem por considerá-la alienante e desmotivadora para os alunos, que são tratados como meros repetidores de conteúdos, sem espaço para reflexão e questionamento crítico. Além disso, o modelo bancário de educação não leva em conta as diferenças e particularidades dos alunos, tratando-os como seres uniformes e homogêneos.
Para Saviani (2016), a escola deve ser um espaço de produção de conhecimento, em que o aluno seja o protagonista de seu próprio aprendizado, de modo a defender uma abordagem pedagógica que valorize a reflexão crítica, a criatividade e a autonomia dos alunos, levando em conta suas experiências, necessidades e interesses.
Logo, a visão crítica de Saviani (2016) sobre a escola tradicional é de que ela é alienante, desmotivadora e pouco eficiente na formação de indivíduos críticos e conscientes de sua realidade. Ele propõe uma abordagem pedagógica mais democrática e participativa, que valorize a produção de conhecimento e a reflexão crítica dos alunos.
Portanto, em relação à aprendizagem da criança, Saviani argumenta que a escola não pode se limitar à transmissão de conhecimentos prontos e acabados, mas deve ser um espaço de produção de conhecimento. Ele defende a ideia de que o aluno deve ser o protagonista de seu próprio aprendizado, sendo estimulado a refletir, questionar e criar soluções para os problemas que se apresentam.
A importância da relação entre teoria e prática na aprendizagem deve estar a serviço da prática, e não o contrário, significando que a escola deve ser um espaço em que os alunos possam aplicar os conhecimentos teóricos na resolução de problemas concretos, de forma a desenvolver habilidades e competências para a vida.
Além disso, Saviani (20160, aborda a questão da formação cidadã na escola, onde a educação deve formar indivíduos críticos e conscientes de seu papel na sociedade, capazes de participar ativamente da vida pública e de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e democrática.
Portanto, a obra intitulada de "Escola e Democracia" de Dermeval Saviani de 2016, defende uma visão crítica da educação, que valoriza a produção de conhecimento, a relação entre teoria e prática, e a formação cidadã dos alunos.
Assim, quase toda a essência de ensinar está na capacidade do professor, pois o mesmo é quem direciona e propõe atividades habilidosas que farão com que os pequenos se interessem e tenham vontade de realizá-las, ressaltando ainda a importância de planejar tais procedimentos com conhecimento e profissionalismo.
O professor é o responsável por mediar conhecimentos, situações, espaços e aprendizagens entre as crianças, articulando os recursos disponíveis e as capacidades e limites de cada criança, fazendo com que o ambiente se torne propício, rico e não discrimine as diferentes formas de culturas sociais. O professor também deve se atentar ao espaço a ser frequentado e utilizado por crianças na fase de Educação Infantil, tal qual merece total relevância por parte da escola em geral e pela sociedade (FREIRE, 1979).
Logo, além do espaço o professor deve se atentar ao material disponibilizado entro das salas dessa faixa etária, sendo importante e necessário dispor de brinquedos e jogos de forma que a criança consiga pegá-lo, manuseá-lo e brincar livremente ou em uma situação dirigida pelo mesmo, contribuindo significativamente com a aprendizagem do educando.
O professor precisa ter consciência do seu papel no processo de ensino aprendizagem, sendo o mediador dessa caminhada, estando presente e participando ativamente para que haja o conhecimento. Porém, é preciso que se entenda que como todo processo esse também demanda tempo, pois possui etapas a serem exploradas. (FREIRE, 1979).
É a partir da história própria, segundo Freire (1979) do mundo cultural e da existência da criança que acontece o desenvolvimento infantil, sendo importante explorar e mediar os conhecimentos já existentes dos alunos e os motive, uma vez que esses mesmos conhecimentos muitas vezes são ignorados pela família. Dentre essas experiências estão a autonomia, construção, fantasia, exploração de brinquedo, socialização, comunicação, movimento e aventura, cuja afirmação colabora com os novos estudos de Saviani (2016), reforçando a democracia que deve estar presente no contexto escolar.
A mudança nessa visão da relação do professor x aluno é um ganho para todos, pois ameniza o autoritarismo do professor sob o aluno, pois enfatiza o importante papel que o aluno também possui sobre todo o processo de ensino e aprendizagem, valorizando seu papel no mesmo.
Entende-se, portanto, que o educador é um mediador, um organizador do tempo, do espaço, das atividades, dos limites, e até das incertezas do cotidiano da criança em processo de construção de conhecimento. É ele quem cria e recria sua proposta pedagógica, proporcionando ao aluno oportunidades de se expressarem, de emitirem suas opiniões, seus anseios, descobertas e dúvidas.
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação: uma introdução ao pensamento de Paulo Freire. São Paulo: Cortez & Moraes, 1979.
SAVIANI, D. Escola e democracia. 46. ed. Campinas, SP: Cortez, 2016.