Wanda Camargo*

Admite-se que nossa inteligência compreende dois tipos de lógica, duas formas de processar a realidade. A mais elementar delas é enciclopédica, hierarquizada: consiste em “empilhar” os dados e trabalhá-los segundo algum tipo de prioridade. A outra, muito mais complexa, é espacial e contextual - envolve uma compreensão mais sofisticada e abrangente, tanto da realidade, quanto de sua interpretação. Essas duas lógicas são necessárias e complementares para a atividade intelectual.

A capacidade de pensar é influenciada pelo meio, pelo saber que se adquire por contato e vivência com os demais, pelo ambiente social, pela qualidade implícita e/ou explícita do sistema educacional, evidenciando que cognição e cultura são fatores interligados.

Conhecimento deriva da compreensão e interiorização das informações que recebemos de várias fontes (família, livros, jornais, redes sociais, professores, filmes...) e, muito mais que o mero acúmulo de dados, é o processamento desses dados, a avaliação de sua veracidade, relevância e pertinência. É fundamental saber pensar e, para isso, o processo educativo é muito importante, em todos os níveis.

A própria tecnologia da informação está provocando alterações emblemáticas na forma como o estudante constrói o conhecimento, na sua compreensão do mundo. A efetivação de uma rede mundial de comunicação mudou totalmente nossa relação com o espaço e o acesso à instrução e, aos poucos, transformou-se num pré-requisito fundamental a toda atividade humana. Pouco tempo atrás, seria difícil pensar que o processo cumulativo desta revolução iria influenciar tanto a quantidade quanto a qualidade das informações a que teríamos acesso - mas hoje vivemos um contexto que pode ser chamado de digital, globalizado, interativo, imaterial, e a experiência contemporânea estabelece novos conceitos e modos de vida a partir desta revolução tecnológica.

Com a internet, compartilhamos ensino e aprendizagem de forma plena - e textos de grandes autores estão ao alcance de todos. Qual, portanto, a diferença entre os alunos das pequenas ou grandes cidades, no mundo globalizado? Alunos moradores de pequenas comunidades são realmente emergentes - e tendem também a aumentar cada vez mais suas eficiências. Em comunidades menores, de forma geral, preza-se bastante a imagem subjetiva construída no círculo social - e mais frequentemente se presta satisfações acerca de comportamentos, até porque o ambiente em que as atitudes repercutem é mais restrito; fatos que alteram sensivelmente a percepção sobre as grandes ocasiões de prestação de contas à sociedade.

Talvez a grande resposta esteja exatamente na alteração no modo de produção e obtenção compartilhada da cultura, simultaneamente particular e universal, pois não é muito relevante o suporte da fonte das informações, que podem vir por meio eletrônico, em papel, através da oralidade, ou ainda outros tantos meios, disponíveis igualmente em grandes centros populacionais, quanto em pequenas comunidades. Boas escolas estão hoje disponíveis em todo o país - a diferença concreta parece residir na adesão pessoal ao projeto educacional.

* Wanda Camargo é educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil – UniBrasil