Josefa Maria Rítila Diniz Sousa 1

INTRODUÇÃO

No ano de 1981, um grupo de pessoas apresentou pneumonia por Pneumocystis, na área de Los Angeles. Os estudiosos relacionaram essa doença ao aparecimento de uma forma rara de câncer de pele e vasos sangüíneos, o sarcoma de Kaposi. Dois anos depois, o patógeno que compromete o sistema imunológico, causando essas doenças acima citadas, foi identificado como um vírus que infecta principalmente células T auxiliares (CH), conhecido hoje como HIV, Vírus da Imunodeficiência Humana (Tortoraet. al., 2004).

O HIV é um retrovírus que tem o seu material genético de RNA e é do grupo lentivírus, sugerindo que entre a infecção e a manifestação da doença pode levar vários anos, e que é adaptado para evadir-se do sistema imunológico (Brasil, 1998; Roitt e Delves, 2001). A estrutura básica do HIV é constituída por um envelope protéico com duas principais proteínas – a GP120 e GP41, internamente possui um capsídio formado por proteínas e lipídios, que comporta seu material genético. Dentro do capsídio encontram-se cinco proteínas que participam do processo de conversão do RNA viral em DNA: a Transcriptase reversa, a VER, a TAT, a Integrase e a Protease, das quais a de maior relevância é a Transcriptase reversa (Brasil,1998).

Conhecido o HIV faz-se necessário distingui-lo da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida), pois esses termos são freqüentemente confundidos como sinônimos. A AIDS, como o próprio nome sugere, é uma síndrome na qual eventos clínicos são desencadeados como conseqüência da imunodeficiência adquirida (Silva, 2002), ou seja, é a manifestação do estágio final de uma longa infecção causada pelo HIV.

Ao penetrar no corpo humano, e logo nas primeiras semanas da infecção, o ciclo vital do HIV na célula humana, em especial na célula T, ocorre da seguinte forma:

1-O HIV fixa-se nas células do hospedeiro por meio de espículas (GP120 ) encontradas no seu envelope. As espículas ligam-se a receptores CD4 e a co-receptores CXCR4, das células T;

2-Após a fixação, o RNA viral é liberado e transcrito em DNA pela enzima Transcriptase reversa;

3-O DNA viral torna-se integrado ao DNA cromossômico da célula do hospedeiro, podendo nela controlar uma produção de uma infecção ativa, em que novos vírus brotam. Alternativamente, o DNA integrado pode não produzir novos HIV's, mas permanece escondido no cromossomo da célula do hospedeiro como um provírus. Como provírus, ele não é detectado pelo sistema imunológico. O HIV produzido pela célula do hospedeiro não é necessariamente liberado pela célula, mas pode permanecer com vírion latente em vacúolos dentro da célula.

Em geral, o indivíduo adulto infectado pelo HIV passa por três estágios dessa infecção. De acordo com Tortora et. al. (2004), o CPDC (Centro de Prevenção e Controle de Doenças) descreve o primeiro estágio com a presença de uma infecção que pode ser assintomática ou causar linfadenopatia persistente; no segundo estágio há o predomínio de infecções persistentes causadas pelo fungo Candida albicans, surgindo na boca, na garganta ou na vagina. Também há casos em que há o surgimento de herpes zoster, diarréia persistente e febre, placas esbranquiçadas na mucosa oral (leucoplaquia pilosa) e certas condições cancerosas ou pré-cancerosas da cérvice; e o terceiro e último estágio é a AIDS clínica. Fase na qual as infecções oportunistas se manifestam por C. albicans do esôfago e dos pulmões, as infecções oculares por citomegalovírus, manifestam-se a tuberculose, a pneumonia por Pneumocystis, a toxoplasmose cerebral e o sarcoma de Kaposi. O CPDC também classifica o progresso das infecções por HIV, com base na observação das populações de células T (Roitt e Delves, 2001; Tortora et. al. (2004); Swartzberg e Margen, 2007).

A transmissão do HIV requer a transferência ou o contato direto com líquidos infectados do corpo, especialmente o sangue. Os meios mais propícios de infecção pelo HIV incluem o contato sexual íntimo, o leite materno, a infecção transplacentária de feto, agulhas contaminadas com sangue, transplante de órgãos, inseminação artificial e transfusão de sangue. No conato sexual, o homem tem maior probabilidade de infectar a mulher doque na situação oposta(Brasil, 1998) em decorrência da maior concentração de HIV no esperma do que na secreção vaginal. Portanto, o HIV não é transmitido por insetos, abraços, utensílios domésticos compartilhados e também não o é pela saliva, que apresenta 1 vírus por milímetro (Avancini e Favaretto, 1997; Tortora et. al. (2004)). Mesmo com essa baixa concentração de HIV na saliva, alguns cuidado devem ser tomados, para que outros fatores associados à saliva não sejam vias de contaminação.

Diante da atual impossibilidade de cura da AIDS, o meio mais eficaz de prevenção é a informação. Os medicamentos disponíveis apenas retardam a progressão da doença. Hoje, o mercado oferece preservativos para a relação sexual, no entanto, estes exigem alguns cuidados especiais na sua administração, não sendo 100% seguros. Certificar-se antes da transfusão de sangue se este foi previamente testado, esterilizar objetos, em especial os médico-hospitalares e minimizar a quantidade de parceiros sexuais, são medidas preventivas que vêm a diminuir os casos de pessoas infectadas por HIV.

Conhecendo-se o que é HIV/AIDS - definição e estrutura, sua forma de transmissão, etapas da infecção, estágios da doença e sintomas, e por fim a prevenção, tem-se maior possibilidade de diagnosticar a doença e fazer a contenção do número de indivíduos já infectados. Neste caso em particular, a informação é um fator que contribui significativamente no processo de conscientização da gravidade da infecção e é objeto de decisão da população na adesão de alternativas preventivas do HIV/AIDS.

Este trabalho teve como objetivo principal fazer uma síntese sobre a infecção e doenças causadas por HIV/AIDS e levar a uma reflexão mais profunda e pessoal sobre a maneira de como se tem visto a AIDS, os meios de transmissão e métodos de prevenção.

MATERIAL E MÉTODO

O presente trabalho iniciou-se com um levantamento bibliográfico, no qual buscou-se fundamentação teórica para os objetivos que haviam sido previamente traçados e outros que surgiram ao longo da pesquisa. Terminado o levantamento bibliográfico, deu-se início a uma revisão bibliográfica, onde as obras selecionadas foram analisadas mais detalhadamente e por vezes introduzidas no texto por meio de paráfrase. Durante a análise das obras teve-se o cuidado de se fazer um paralelo entre elas, observando se apresentavam concordância entre si ou não quanto as informações abordadas neste trabalho. Esse método possibilitou que fosse feita uma explanação do conteúdo com mais segurança, validando as afirmações deste trabalho.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O HIV ataca células do sistema imunológico do indivíduo, deixando-o assim, vulnerável a infecções oportunistas que podem levá-lo à morte se não tratadas.

A transmissão do HIV se dá por contato direto com líquidos infectados do corpo, principalmente o sangue. Quanto a saliva, ainda não se tem registro de infecção por HIV, já que ela apresenta uma concentração mínima do vírus.

Atualmente, em relação ao contágio por HIV e a manifestação da AIDS, existe apenas a prevenção e o tratamento, respectivamente. Com base nessa informação, cabe a cada indivíduo assumir uma postura séria e consciente quanto a necessidade de se evitar esse contágio e a conseguinte disseminação do HIV, precavendo-se dos riscos de acordo com as vias de contaminação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AVANCINI, Elias de B. e FAVARETTO, José A. Biologia : uma abordagem evolutiva e ecológica. São Paulo: Moderna, 1997.

BRASIL, Ministério da Saúde. Manual de diretrizes técnicas para a elaboração e implantação de programas de prevenção e assistência das DST/AIDS no local de Trabalho/ Coordenação Nacional de DST e AIDS. Brasília: Ministério da Saúde,1998.

ROITT, Ivan M. e DELVES, Peter J. Fundamentos de Imunologia. 10. ed.Rio de Janeiro: Editorial Médica Panamericana e Guanabara Koogan, 2004.

SILVA, Rosa H. A. da. Informações sobre AIDS entre jovens/adolescentes de Limoeiro do Norte. Monografia de graduação do Curso de Ciências da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos da Universidade Estadual do Ceará. 56 pág. Limoeiro do Norte-Ce, 2002.

SWARTZBERG, John E. e MARGEN, Sheldon. O Guia Completo da Saúde: diagnósticos, sintomas, tratamentos e prevenção. 2. ed. São Paulo: Grupo Saúde e Vida, 2007.

TORTORA,Gerard J.; FUNKE, Berdell R. e CASE, Christine L. Microbiologia. 8. ed. Porto Alegre-RS: Artmed, 2005.