OS CONFLITOS NO CAMPO NO SUL E SUDESTE DO PARÁ

O assassinato do casal agroextrativista no município de Nova Ipixuna

Acadêmico: Ana Paula Oliveira dos Santos

Orientador: Ricardo oliveira

Centro Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Curso: Licenciatura em história (HID0230)

Data: 21/05/2015

Resumo

 O conflito no campo tem diminuído nos últimos anos mas o que impera são os crimes sem solução, que tem suas diversas problemáticas que tenta explicar esse fenômeno. A analise que este trabalho trás é problemática dos conflitos no campo no sudeste do Pará que se inicia de uma forma intensa nos anos 1970 e 1980. Devido à abertura das rodovias federais e Estaduais e a política econômica de desenvolvimento para a região. Que mobilizou muitos empresários do centro-sul rumo ao lucro rápido e fácil, e assim inicia-se a expulsão dos pequenos posseiros da região por empresas que passaram a adquirir títulos de terra emitidos pelo governo, e instalaram ali seus empreendimentos agropecuários. E o assassinato do casal agro-extrativista no município de Nova Ipixuna como ocorreu, quais os motivos por trás da morte do casal, fazendo uma comparação da relação da morte do casal com o que acontece na região quando o assunto é conflito no campo. 

Palavra chave: desmatamento, conflito, violência.

 1INTRODUÇÃO

              O historiador busca edificar reproduções sobre o passado, mas o faz por meio de vestígios que permanecem no presente, isto é, a pesquisa histórica reconstitui experiências passadas possibilitada pelos “dados”, vestígios e fontes que subsistem e lhe dá testemunho. (Chartier, 1990).

              Sobre a violência no campo, o que se reconstrói na historia, é a relação à violência sofrida por homens e mulheres no campo que pode até ter diminuído nos últimos anos, mas o que ainda impera são os crimes sem soluções. Pois todos esses esforços essas lutas dos trabalhadores não podem cair no esquecimento e precisam incentivar e alimentar a luta das gerações futuras. Porque o registro da luta é feito para que o trabalhador, conhecendo melhor sua realidade, possa com segurança assumir sua própria caminhada, tornando-se sujeito e protagonista da história.

              A Amazônia levou cerca de 2 milhões de anos para ser formada. O ser humano começou a ocupá-la há mais de 10.000 anos atrás (TAVARES 2011). Já seu extermínio vem há algumas décadas. Anualmente vem sendo desmatados milhares de hectares simplesmente para a criação de gado.

               A problemática desse trabalho trás é dos conflitos no campo no sudeste do Pará que se inicia de uma forma intensa nas décadas 70 e 80. Devido à abertura das rodovias federais e Estaduais e a política econômica de desenvolvimento para a região.. O estado do Pará é conhecido nacionalmente pelo conflito no campo, uma região marcada pela força e influencia de poucos proprietários de terras, grandes latifundiários que usam a meios não convencionais para obter poder.

                O assassinato do casal agro-extrativista no município de Nova Ipixuna no dia 24 de maio de 2011, um crime brutal com objetivo de eliminar quem fazia denuncias de crimes ambientais no Assentamento Praia Alta, madeireiros, carvoeiros e fazendeiros eram constantemente denunciados pelo casal para o IBAMA e INCRA com desígnio de proteger o meio ambienta do desmatamento predatório na região. O seu José Claudio e a dona Maria do Espírito Santo estavam na lista da Comissão Pastoral da Terra desde 2001, lista essa que denuncia pessoas ameaçadas de morte que estão relacionada com a violência no campo. Mesmo tendo se passado muito tempo do crime os mandantes continua em liberdade.   

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1A VIOLÊNCIA AO LONGO DA HISTÓRIA

              A violência pode ate ter diminuído nas últimas décadas, mas ainda é muito grande o número de homens e mulheres que sofrem, por terem de abandonar suas terras para não serem mortos, mas o que impera são os crimes sem soluções.

              A Amazônia levou cerca de dois milhões de anos para ser formada. O ser humano começou a ocupá-la há mais de 10.000 anos atrás (TAVARES 2011). Já seu extermínio vem há algumas décadas. Anualmente vem sendo desmatados milhares de hectares simplesmente para a criação de gado.

              Não estamos diante de um processo de ocupação da Amazônia; estamos, na verdade, diante de uma verdadeira invasão da Amazônia, em que os chamados pioneiros não raro se comportam, ante os primeiros ocupantes, como autênticos invasores – devastando, expulsando, violando direitos e princípios. É bem clara a origem regional e social desses invasores. Eles vêm do Sul e do Sudeste e estão procedendo a uma verdadeira sulização do Norte (Martins 1984 p.62).

              Pode-se fazer uma comparação de período histórico, em relação à ocupação da Amazônia nos anos de 1970 e 1980, com o Brasil colônia e a introdução das Capitanias Hereditárias. Segundo Souza 2011:

                                      O rei de Portugal não tinha recursos pra colonizar o Brasil o mais importante era fazer a colônia produzir lucros (...). A solução temporária veio com a fundação das Capitanias Hereditária, transferindo assim a responsabilidade de povoar e colonizar para iniciativa particular dos futuros donatários.

              E o Brasil foi dividido em 15 lotes de terras no litoral brasileiro, para muitos pesquisadores já se iniciava a exploração da terra no Brasil de forma desigual e o surgimento do conflito no campo por terra e reforma agrária, por “desde sempre” se houve latifundiários. Pois para caio Prado Junior:

                                     Diversamente o que ocorreu nestas últimas, os colonizadores que aqui foram se estabelecendo vieram não para fazer suas vidas nos moldes que os vigentes em seu país de origem, mas para fazer fortuna – ou “fazer a América”-, procurando extrair o máximo tanto da natureza como dos que trabalhavam para eles no menor tempo necessário

              A análise que este trabalho traz, é a problemática dos conflitos no campo no sudeste do Pará que se inicia de uma forma intensa nos anos 1970 e 1980. Devido à abertura das rodovias federais e Estaduais e a política econômica de desenvolvimento para a região. Que mobilizou muitos empresários do centro-sul rumo ao lucro rápido e fácil, e, assim, inicia-se a expulsão dos pequenos posseiros da região por empresas que passaram a adquirir títulos de terra emitidos pelo governo, e instalaram ali seus empreendimentos agropecuários. Muitos desses posseiros ocupavam terras devolutas (que pertence ao governo ou a união) e muitos não tinham nenhum documento que comprovasse que eram proprietários das suas terras. O entrevo geradores desses conflitos no campo, tiveram aí suas origens. Segundo Reis, muitos desses possuidores eram migrantes de longas épocas que ocuparam terras devolutas e viviam em suas posses sem nenhum tipo de documento que os caracterizavam como proprietários.

                     

1.2No sudeste do Pará a violência nas ultimas décadas

              O estado do Pará é conhecido nacionalmente pelo conflito no campo, uma região marcada pela força e influencia de poucos proprietários de terras, grandes latifundiários que usam a meios não convencionais para obter poder. Proprietários esses que chegaram na região em 1980, que formam dois tipos de proprietários, os ligados a área financeira, construção, industrial e madeireira; o segundo era familiares, famílias que vieram de varias regiões principalmente famílias paulistas. Se para Martins, a instalação de grandes projetos econômicos na Amazônia se efetivou sobre as terras já ocupadas por posseiros, originando, dessa forma, os conflitos de terras porque esses trabalhadores já cansados de migrar, resistiram as suas expulsões.

              A retirada de madeireira em meio as barreira, que é a principal atividade do sul do Pará, impostas pelas distâncias e pela própria floresta não é uma ação simples, necessita de uma estrutura e de uma logística comparáveis a uma operação de guerra, com o uso de numerosos homens e equipamentos pesados que mesmo assim movimenta todo setor financeiro da região. Todo este esforço tem por finalidade, ao final, a ocupação de terras.

              Assim, sem este exterioridade legal segundo a (CPT 2011) a madeira proveniente de desmatamentos não Assim obteria os valores compensadores para o financiamento e instalação da pecuária. A madeira virou o principal facilitador de emprego da região, no entanto, o seu valor é condicionado de aparência legal, sem os quais não se torna um ativo atraente.

              Portanto TAVARES 2011 afirma que:

Da madeira vêm os principais recursos que, a grosso modo, financiam, não só os projetos agropecuários, mas também a pistolagem e a contratação de seguranças para a consolidação de ocupações. Todo tão comum para os que vivem na região onde o silencio é o melhor conselheiro da maioria da população.

              Segundo a comissão pastoral da terra (CPT); o exame dos conflitos sociais no campo brasileiro em 2011 anuncia o episódio do retorno do atual modelo de desenvolvimento se sustentar em pilares históricos da assimétrica relação de poder que nos caracteriza onde aconcentração fundiária joga um papel estruturante.

              Esta região depende financeiramente da “aparente” legalidade da madeira, que, ao final desse processo,torna-se o meio facilitador do aumento da pecuária e que tem ultrajes reflexos à violência no campo. Sem estes recursos a administração do modelo de ocupação muda de maneira drástica. Segundo a (CPT), desta forma a extração da madeira se transformou, também, no primeiro sintoma do conflito fundiário. Segundo a mesmo estaria ai os motivos das mortes mais recentes como as da irmã Dorothy e do casal José Cláudio e Maria do Espírito Santo por estarem intensamente relacionadas com as denúncias que faziam de comercialização ilegal de madeira.

              Um caso emblemático que ocorreu próximo a esta região, que ganhou as manchetes internacionais foi o assassinato da missionária Irmã Dorothy  que foi assassinada por pistoleiros no município de Anapú, esse crime continua a nos incomodar devido ao fato de que o mandante nunca foi condenado de fato essa impunidade  que continua presentes em nossas memórias.

1.3 O ASSASSINATO DO CASAL AGROEXTRATIVISTA EM NOVA IPIXUNA

              No dia 24de maio os meios de comunicação noticiaram a morte do casal Maria do Espírito Santo da Silva e José Cláudio Ribeiro da Silva, no Projeto de Assentamento Extrativista, Praia Alta Piranheira, no município de Nova Ipixuna, sudeste do Pará (rede Record). Esse crime “anunciado” pela própria emissora mencionada anteriormente que esse fato ocorreria, pois o casal estava sendo ameaçados de morte desde 2001 segundo a (CPT).

              Segundo CPT2011: José Cláudio e Maria do Espírito Santo se dirigiam de moto para a sede do município, localizada a 45 km, ao passarem por uma ponte, em péssimas condições de trafegabilidade, foram alvejados com vários tiros de escopeta e revólver calibre 38, disparados por dois pistoleiros que se encontravam de tocaia dentro do mato na cabeceira da ponte. Os dois ambientalistas morreram no local. “Os pistoleiros cortaram uma das orelhas de José Cláudio e a levou como prova do crime”, registra nota da CPT de Marabá, que esteve no local do crime.

              Através deste ocorrido pode-se fazer uma analise de que forma ocorre a violência no campo esta região. Entrevistado um amigo próximo ao casal que também fazia denuncias das irregularidades, no Assentamento Praia Alta, cujo também já recebeu ameaças de morte, o ex-vereador do PT Valdemir Ferreira2015:

              Havia mais de 15 anos, pelo menos, que meus amigos estavam na lista pra morrer, todos por aqui sabiam disso não era segredo na cidade, mas apesar de todos saberem não amedrontou os mandantes, pelo contrario parece que aumentou a raiva de muitos fazendeiros da região(...).

              Ou seja, antes mesmo da CPT incluírem o casal na lista de ameaçados eles já sofriam ameaças. A Comissão Pastoral da Terra ainda informa que:

A Coordenação Nacional da Comissão Pastoral da Terra reputa como muito estranhas as afirmativas de representantes da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Pará, do IBAMA e do INCRA que disseram no dia 25 desconhecer as ameaças de morte sofridas pelos trabalhadores José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados a mando de madeireiros no dia 24, em Nova Ipixuna. O Ouvidor Agrário Nacional, Gercino José da Silva Filho, chegou a afirmar que o casal não constava de nenhuma relação de ameaçados em conflitos agrários, elaborada pela Ouvidoria ou pela Comissão Nacional de Combate à Violência no Campo. A CPT que desde 1985 presta um serviço à sociedade(...) pg 139.

1.4 FATOS QUE OCORRERAM NO ANO DO ASSASSINATO DO CASAL

              No ano de 2011, ano do assassinato do casal agroextrativista no município de Nova Ipixuna sobrevieram muitos fotos no cenário político do país segundo a CPT 2011: Começou com a posse da primeira mulher ocupando a Presidência da República. Uma conquista simbólica importante. Mas que com o passar do tempo mostrou um esquema de corrupção gigantesco envolvendo as principais instâncias do país e que envolve diretamente a presidente da republica. Seguindo com o relato da CPT 2011:

              Suas primeiras manifestações públicas deixaram, porém, a Reforma Agrária na mais completa penumbra. O balanço do seu primeiro ano de mandato foi decepcionante, com o menor número de famílias assentadas desde 1995.

              Neste mesmo ano foi aprovada na câmara de deputados uma proposta que tramitava no senado de um novo código florestal que segundo a CPT; No final de maio, como que num comando sincronizado, no mesmo dia em que era votado na Câmara dos Deputados, em Brasília, o novo Código Florestal, que é leis ambientais mais brandas onde pessoas que cometerem ou já tiverem cometido crimes ambientais serão tratadas com mais cordialidade e clemência os que atentaram crimes contra o meio ambiente punidos pela legislação vigente, advenho diversos assassinatos de trabalhadores do campo e outras violências.

              A Secretaria Estadual de Segurança Publica do Pará que disse na época não conhecer nenhum tipo de ameaça ao casal, afronta todos que conhecem esse trabalho, onde os meios de comunicação noticiaram o trabalho do casa e as ameaças sofridas por eles .Segundo Valdemir Ferreira eles já sofriam perseguições pelo trabalho que desenvolvia no município, seguindo a entrevista o ex-vereador relata sobre o crime:

 o seu José Cláudio e a dona Maria estavam vindo de moto para Nova Ipixuna, quando passaram em uma ponte,quando foram pegos de tocaia pelos pistoleiros que deram vários tiros de 38. Eles ainda tiveram a coragem de arrancar uma das orelhas de seu José Claudio pra mostra a prova do crime (...).

              Esses relatos expõem a terceirização do crime, algo como no sudeste do Pará, e em tantos outros lugares do Brasil quando há principalmente questões relacionadas ao campo. Esse tipo de crime que é encomendado faz parte da rotina desta região.

              Seguindo a entrevista com o ex-vereador Valdemir perguntado sobre o trabalho que o casal realizava no Assentamento Praia Alta em Nova Ipixuna ele diz que:

“(...) Seu José Cláudio e dona Maria foram os primeiros no Praia Alta e também  na criação da reserva extrativista do Assentamento Praia Alta Piranheira em 97. Nesta época lá era muito diferente do que é hoje, tinha muita mata que se tem hoje, e muita madeira que é considerada madeira nobre pra madeireiro.

              Vemos com o passar do tempo que as florestas intactas no estado do Pará vêm diminuindo ano após anos, os meios de comunicação noticiam clarões nas matas provocados pelo homem e seus motosserras, as apreensões do IBAMA não freia a ferrenha corrida do “progresso”.

              Valdemir Ferreira declara que:

 (...) naquele local existe dois tipos de “mafiosos”, os que querem as madeiras nobres, os madeireiros e os que querem terras para pasto. E os meus amigos e eu estávamos no meio do fogo, e aqui o que vale infelizmente é a lei do mais forte aquele que tem poder (dinheiro) (...).

              Como foi dito anteriormente a retirada de madeira é a maior fonte de economia na região, mesmo sua origem muitas vezes não é legal, ou seja, não foi retirada de uma área autorizada pelo IBAMA, e facilitando a pecuária com o espaço para mais pasto.

              Perguntado se o casal não tinha medo de morrer? E se em algum momento não pensaram em desistir do trabalho desenvolvido no Assentamento Praia Alta? O ex-vereador afirma que:

Medo todo mundo tem eu mesmo tenho, pela minha família inclusive, mas não devemos deixar de fazer o que é certo por medo, alguém precisa lutar pelo que é certo pelo que é justo. E foi isso que eles fizeram não importava quantas ameaças surgiam o mais importante é o meio ambiente o direito de pequenos assentados e posseiros.

              O que poucos nesta região têm é coragem pra enfrentar latifundiários e madeireiros, pois, o medo é frequente principalmente quando observamos os dados de crimes sem soluções e os que se arrastam anos sem julgamentos, ou então, aqueles que são julgados mas temos a impressão que não houve justiça.  A Coordenação Nacional da CPT reafirma:

“A culpabilidade do Estado por este crime. A vida das pessoas e os bens da natureza nada valem se estes se interpuserem como obstáculo ao decantado “crescimento econômico”, defendido pelos sucessivos governos federais, pelos legisladores do Congresso Nacional que aprovam leis que promovem maior destruição do meio ambiente, e pelo judiciário sempre muito ágil em atender os reclames da elite agrária, mas mais que lento para julgar os crimes contra os camponeses e camponesas e seus aliados. A certeza da impunidade alimenta a violência” pg140.

              No caso do assassinato do casal agroextrativista, o julgamento foi tumultuado segundo o ex-vereador Valdemir Ferreira. O julgamento ocorreu em 2013, Valdemir diz que:

O que ficou claro no julgamento foi que o judiciário parece que estava comprado, condenaram os pistoleiros, mas não os mandantes se sabem que em Nova Ipixuna foi a união de fazendeiros pra esse julgamento. [...].

1.5 A IMPUNIDA NOS CRIMES RELACIONADOS AO CAMPO

    

              No estado do Pará teve de 2005 a 2013, 118 assassinatos segundo a CTP, um número bem significativo. Dados assombrosos expõem que a violência no campo ainda é muito grande. Nos últimos dez anos, conforme dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram 369 vítimas de conflitos de terra no interior do país, sendo 40,65% das mortes somente no estado do Pará.

              Quando foram reunidas as informações de 2014 a respeito de conflitos de campo no Brasil, os coordenadores da Comissão Pastoral da Terra (CPT) se depararam com um indicador curioso e ainda sem esclarecimento. Pela primeira vez após três décadas de produção de documentos sobre violência, a CPT compreendeu uma detonação de tentativas de assassinatos cometidas por empresários, pistoleiros e proprietários de terras contra indígenas, posseiros, sem terra, quilombolas e seringueiros. De acordo com o balanço, o acrescentamento desses acontecimentos foi de 273% no ano passado em todo o Brasil, chegando aos indicadores de mais de 3.000% em algumas regiões brasileiras, caso do Pará. Enquanto em 2013 os dados da brutalidade se apontavam relativamente mais baixos do que em anos anteriores, 2014 registrou um total de 56 tentativas de homicídio no campo – contra 15 em 2013.

              Entende-se que é verdadeiramente complexo extrair alguma conclusão a conceito fundamentado no histórico que apresentamos. Nem sequer arriscamos uma interpretação para isso, algo que só poderá ser feito com análises de outros anos", afirma ao Ruben Siqueira, coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra. "Claramente, é uma forma de se intimidar as pessoas a deixarem terras ocupadas e impedir novas ocupações. Mas ainda não temos uma explicação específica para este aumento.

              Segundo a CTP do completo de 1.270 ocorrências de homicídio historiados nas últimas três décadas – alguns fatos compreendem mais de um assassinato –, apenas 108 foram julgados, menos de 10% deles, e simplesmente 28 mandantes dos crimes e 86 executores acabaram condenados por seus crimes. Um total de apenas 114 pessoas punidas em um período em que ocorreram, por baixo, 1.714 assassinatos.

              As informações, segundo os conhecedores, são decorrência direta da carência de reforma agrária e da ausência tanto de segurança pública como de atos do Judiciário. Neste panorama, muitas famílias vivem em imutável subversão com os grandes proprietários rurais e o número de assassinatos anda na direção avessa ao do de julgados e condenados pelos crimes.

              A distância dos núcleos urbanos complica ainda mais essa impunidade, pois falta fiscalização dos órgãos competentes. Os episódios que acontecem principalmente na região amazônica sequer são divulgados. Ainda que as informações da Comissão Pastoral da Terra (CPT), apesar de altos, são muito otimistas. “Sem suspeita, a contagem de assassinatos é muito maior do que a que temos notado em nossos bancos de dados”, avalia José Batista Afonso, advogado da CPT há 18 anos. 

Segundo o Sitede noticia uol.com.br (pesq. 18/09/2015 as 13:21)

              Os disparos que tiraram a vida do casal foram feitos pelos pistoleiros Lindonjonson Silva e Alberto do Nascimento, ambos condenados a mais de 40 anos prisão.  O acusado de ser o mandante do crime, José Rodrigues Moreira, foi inocentado pelos jurados num julgamento  em que o juiz que o presidiu, Murilo Lemos Simão, foi acusado de ter um comportamento questionável durante a fase processual e durante a seção do tribunal do júri, que na avaliação das entidades de direitos humanos que acompanharam o caso, contribuiu para a absolvição de José Rodrigues Moreira.  A afirmação do magistrado no texto da sentença final, de que "o comportamento das vítimas contribuiu de certa maneira para o crime (...) pois tentaram fazer justiça pelas próprias mãos, utilizando terceiros posseiros, sem terras, para impedir José Rodrigues de ter a posse de um imóvel rural", foi criticada pelos movimentos sociais como uma tentativa de criminalizar as vítimas, manchar a história e a memória do casal.

              De acordo com as investigações e provas existentes no processo, José Rodrigues comprou ilegalmente um lote na reserva extrativista onde três famílias já residiam há quase um ano. Tentou expulsar violentamente as famílias e queimou a casa de uma delas. José Claudio e Maria denunciaram o caso aos órgãos públicos e deu todo apoio para o retorno das famílias para seus lotes. Foi por causa disso que José Rodrigues decidiu mandar matar o casal.

              O Ministério Público e os advogados da família de José Claudio e Maria entrar com recurso da resolução de absolvição de José Rodrigues. Após um ano do julgamento, o recurso de Apelação espera deliberação da Desembargadora Vera Araújo de Souza, da 1ª Câmara Criminal Isolada do Tribunal de Justiça do Estado. Sendo anulada a decisão que absolveu o mandante, o próximo passo será pedir o desaforamento do processo da Comarca de Marabá para a Comarca de Belém, onde novo julgamento possa ocorrer com mais imparcialidade.

              Posteriormente o assassinato do casal, os familiares das vítimas e os movimentos sociais voltaram a ser assombrados pela resolução do INCRA, sob a cargo do então superintendente Edson Bonetti, de agenciar o assentamento do mandante do crime, no mesmo lote, pelo qual ele é acusado de mandar matar José Claudio e Maria. Um ano e seis meses após essa escandalosa decisão do INCRA, nenhuma ação concreta, administrativa ou judicial, foi encaminhada pelo órgão no sentido de retomar o lote, ilegalmente adquirido.

              O Ministério Público Federal ingressou com uma ação penal contra José Rodrigues e outros alegando que no processo de compra do lote houve prática de crime agrário previsto na Lei 4.947/69 e Estelionato Majorado, previsto no Art. 171 do Código Penal. Ocorre que, faz um ano que o processo está praticamente parado na 2ª Vara Federal de Marabá, devido o oficial de justiça não ter localizado José Rodrigues, mesmo ele morando no lote do conflito,  para intimá-lo da denuncia do Ministério Público.

              No aniversario da morte do casal, dezenas de trabalhadores rurais, lideranças sindicais, estudantes se deslocaram para o lote onde residia o casal dentro do assentamento para uma extensa programação que lembraram a memória dos três anos do assassinato de José Claudio e Maria. Houve exposição cultural, trilha ecológica, caminhada até o local onde foram assassinados e ato ecumênico. Além de manter viva a história e a memória do casal, a ação serviu como uma forma de pressão pela punição do principal responsável pelo crime.

3 METODOLOGIA

    A metodologia utilizada neste trabalho foi de natureza aplicada, segundo Gil (1999) aplicado objetiva gera conhecimento para aplicação pratica. E também de caráter quantitativa que Gil (1999) afirma que é focada na coleta e analise de dados. Pois através da CPT foi coletados dados relacionado a conflito no campo e as conseqüências. E também utilizada fonte oral, realizada através de uma entrevista com objetivo de colher mais dados que poderiam ficar ocultos somente utilizando fontes bibliográficas.   

Esta pesquisa foi realizada em campo pesquisando informação no local do crime ocorrido no município de Nova Ipixuna e na zona rural do município no assentamento Praia Alta e também bibliográfica que tem como objetivo buscar a natureza desse conflito e a mudanças no decorrer do tempo alem dos dados e estatísticas relacionado ao conflito no campo no sul e sudeste do Pará. Com base na Comissão Pastoral da Terra 2011 que trás em destaque na capa e em seu interior do livro o morte do casal agro-extrativista no município de Nova Ipixuna. Foi também realizada uma entrevista com ex-vereador Valdemir Ferreira no dia 08/05/2015 com objetivo de ter mais perceptibilidade sobre o caso da morte do casal no município de Nova Ipixuna local também onde foi realizada a entrevista, justo porque o senhor entrevistado trabalhava junto ao casal na Associação Assentamento Praia Alta, entrevista na qual consta no anexo desse trabalho.  

As informações coletadas foram analisadas quanti-qualitativamente e expostas com objetivo de obter mais clareza, mesmo sendo impossível definir ou determinar onde começam as interpretações, pois fazer interpretação “pura” da pesquisa pelo pesquisador alicerçando pela teoria ou embasamento teórico, onde o autor tenta estabelecer  maior proximidade entre a teoria e os dados coletados (Gil 2007; Teixeira, 2010).

4 CONCLUSÃO

          Segundo a CPT 2011 a análise dos conflitos sociais no campo no Brasil, em 2011 expressa o acontecimento do regresso do atual padrão de desenvolvimento que sustentar em pilares históricos da assimétrica relação de poder que nos marca onde a concentração fundiária. Um modelo ultrapassado de um “progresso” a qualquer custo onde em outras regiões podemos ter o exemplo de que esse desmatamento desenfreado leva a conseqüências catastróficas.

            Ao longo da historia brasileira vimos esse modelo de desenvolvimento, desde do Brasil colonial, segundo Prado:

                                      Diversamente o que ocorreu nestas últimas, os colonizadores que aqui foram se estabelecendo vieram não para fazer suas vidas nos moldes que os vigentes em seu país de origem, mas para fazer fortuna – ou “fazer a América”-, procurando extrair o máximo tanto da natureza como dos que trabalhavam para eles no menor tempo necessário

                                        Um modelo que nos remete ao passado, onde a riqueza natural e o bem em comum nos são tirado e todo o poder, dinheiro e terras concentrados nas mãos de poucos fazendo crescer a desigualdade a exclusão, e assim nascem grupos sociais com objetivo de igualdade de direito reivindicando, por exemplo, terra para plantar e colher e moradia, como o MST entre outros mais tímidos que lutam sozinhos denunciando irregularidades e injustiça, ou simplesmente o meio ambiente que nada mais é do que a vida humana, como o caso do casal agroextrativista no município de Nova Ipixuna, que perderam a vida por “desafiar” pecuaristas, carvoeiros e madeiros. Entre outras denuncias que visava a justiça e a igualdade.

                      A história simplesmente se repete, em um país que não prioriza a reforma agrária para minimizar efeitos tão desiguais, tanto se falou em reforma agrária, mas o que vimos hoje é um projeto que anda a passos de tartarugas, e que não a fiscalização da união, e os órgãos que existem são manipulados e omissos.                   

            Levando em consideração as discussões das causas de tantos conflitos relacionados ao campo e a questão de proteção ao meio ambiente, fica evidente a ausência do poder publico e dos órgãos competentes, segundo o ex-vereador Valdemir Ferreira em sua entrevista diz que:

Os órgãos de governo todos eles é omisso, foram omisso, e sempre continua sendo omisso, agente pode observa que quando o Zé Claudio em 2008 inclusive eu tive a oportunidade de acompanha ele no INCRA comum pequeno relatório descrevendo o que estava acontecendo no assentamento agro-extrativista sobre a questão do desmatamento desenfreado, quando ele descreveu isso, ele colocou que ele tava enfrentando dificuldade, a muitos fazendeiros ali da área que, madeireiros e carvoeiros do município que considerava ele uma pedra no sapato, então ele já tinha dito pro órgão que lá que tava sendo ameaçado ele só não tinha formulado um documento “olha to aqui ameaçado”, o não ter registrado uma ocorrência de algumas ameaças é porque a estratégia do ameaçador é de não deixar rastro (...)

             

               Isso mostra como essas ocorrências são encaradas pelos órgãos que deveria fiscalizar e proteger o cidadão, um descaso onde, pessoas ameaçadas não têm alternativas a não ser abandonar suas moradias e propriedades para não serem mortas. A falta de segurança publica a ausência do estado deixa as pessoas reféns de grandes pecuaristas e pessoas com poder aquisitivo, que demonstra claramente o porquê de tanto crime sem solução ou sem o verdadeiro mandante preso. 

            E o judiciário que deveria ser julgados casos sem diferenças financeiras, com o único objetivo de justiça, para quem for independente de sua posição social, na verdade o que ocorre é um favorecimento por parte de quem mais tem poder aquisitivo.

            Segundo Valdemir Ferreira:

 O judiciário defende fazendeiro de cada dez juiz dois e que defende o pobre lacasdo, aquele que defendi a vida a natureza, de cada dez judiciário você tem oito que é burguês, que defende a burguesia que não ta nem ta nem ai com a vida de ninguém se esquece que depende da natureza, que depende do ambiente pra sobreviver, eles quer tudo porque tem tudo, se ele quiser fazer o próprio meio ambiente deles eles faz pra viver bem, e esquece que os outros.

                 Este país esta muito longe de promover a tão sonhada política de igualdades de direitos, pois, regiões afastadas de centro-sul ficam ausentes do poder publico tornam-se terras conhecidas como sem lei, como no caso do Pará, local de grande conflito no campo.      

             

REFERÊNCIA

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COMISSÃO PASTORAL DA TERRA. CPT: Pastoral e Compromisso. Petrópolis: Vozes, 1983.

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MARTINS, José de Souza. Prefácio. In: BRUNO, Regina Ângela Landin. Senhores da Terra, Senhores da Guerra: a nova face política das elites agroindustriais no Brasil. Rio de Janeiro: Forense Universitária: UFRRJ, 1997.

TEIXEIRA, Elizabeth. As três Metodologias: Academia da ciência e da pesquisa.. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 2010

 SILVA, Fabio Carlos. A companhia de terras da Mata Geral e a privatização da floresta Amazônica no sul do Pará. Belém, Paper do NAEA 251, Novembro de 2009.

Souza, Eduardo André de, Historia do Brasil Colonial/ e Thiago Juliano Sayão. Indaial: UNIASSELVI, 2011. 

  

              

    

APÊNDICE

Entrevista

Com: ex-vereador Valdemir Ferreira

Data: 08/05/2015

Boa tarde senhor Valdemir Ferreira estou fazendo um trabalho sobre o conflito no campo no sul e sudeste do Pará e é muito bom saber que o senhor me concebeu essa entrevista sei que o senhor trabalhou com ele e conhece bem como era o trabalho deles naquela região.

Entrevistador, bom senhor Valdemir gostaria de começar agradecendo por me ajudar a falar neste trabalho sobre seu José Claudio e a dona Maria. Por ter me cedido um tempo para essa entrevista, há quanto tempo o senhor conhecia o casal como era o trabalho que eles realizavam?

Resposta. O casal morava desde 1982,o pai dele seu Jose Claudio já tinha área lá desde 74 ai eles foram vendendo os pedaços daí ficou a área lá do seu Zé Claudio e da dona Maria que eram vinte alqueros e a dona Maria era professora de Morada Nova, e o Zé Claudio era motorista e fazia bico depois resolveu entrar pra dentro da mata pra trabalhar com produtos extrativista isso em 82 e daí pra cá ele foi convivendo só com o processo agro-extrativista ele era uns dos que coordenava lá a colheita da castanha do Pará recolhia a castanha e levava pra Marabá. As vezes de barco fretado, ou o comprador ja vinha com o barco pra pegar na beira do rio ate o ano de 1995 quando tivemos a primeira reunião lá na própria comunidade dele lá na Maçaranduba 2 onde foi discutida a possibilidade de criar o assentamento agro-extrativista que foi fruto dessa discussão e em 97 foi criado o assentamento. Mas Zé Claudio e dona Maria entre outros familiares já vinham trabalhando no aproveitamento da castanha do Pará e do açaí e da andirobá, e do cupu Açu. Eles já trabalhava muito antes de criar o assentamento, principalmente a castanha pois tinha muito naquela época.          

 eu os conhecia a mais de vinte anos eu acho desde quando minha família veio pra esta região eles já estavam por aqui eram bem conhecidos todos os conheciam no Ipixuna. O trabalho que realizavam eles defendiam a reserva do Praia Alta naquela região ali. Por eles terem aquele espírito ambientalista a gente percebeu que eles tinham uma vocação que eles tinha é tanto 20 alqueros de mata e a única abertura era ao redor da casa não chegava a 5 alquero em torno de três alqueros e meio que era a abertura ao redor da casa o resto tudo era mata eles tinha aquela vocação de disser o seguinte “da mata tem o sustento” principalmente na área que eles morava eles sobreviviam do extrativismo em 2005 foi feita uma reunião lá, alias em 95 e 96 fez a segunda reunião e em 97 outras reuniões não foi mais no setor deles foi em outro setor, pra contemplar a decisão de criar o assentamento envolvemos a discussão com os órgãos competentes no caso o INCRA e em 97 foi criado o assentamento o Zé Claudio por uma das pessoas com influencia por ter criado o assentamento foi o primeiro presidente da associação desse assentamento, o primeiro presidente.       

Entrevistador,em varias vezes li em minhas pesquisas que a uma lista que a pastoral da terra divulga todos os anos com os ameaçados de morte no Pará, a quanto tempo o casal estava na lista?

Eu diria que ele tava que desde 2000 mais ou menos foi quando intensificou Havia mas de 15 anos pelo menos que meus amigos estavam na lista pra morrer, todos por aqui sabiam disso não era segredo na cidade, mas apesar de todos saberem não amedrontou os mandantes, pelo contrario parece que aumentou a raiva de muitos fazendeiros da região. Em 2004, 2006 foi aumentando com a invasão da influencia na área do carvão e da madeira, mas eles já vinha denunciando alguns proprietários lá desde 2000, 2001, já vinha fazendo algumas denúncias, já uns proprietários que estava desmatando três alqueros , quatro alquero, de mata, tinha deles que fizeram ate dez alqueros de roça de uma lapada. Então nesse período ai ele já começaram fazer denuncias juntamente com a Comissão Pastoral da terra pra o IBAMA desses proprietários que estavam desmatando assim acima do limite. Mas a ameaça deles mesmo se estendeu mesmo aguço mas foi no ano de 2004 pra frente. Que a gente percebeu a influencia dos madeireiros, dos carvoeiros e eles de tanto denunciar pro IBAMA pro INCRA dos órgãos competentes não resolveu o problema eles iam pro confronto, eles dois ia pro confronto mesmo porque só tinha eles dois lá que tinha essa coragem de confrontar com os carvoeiros e madeireiros, as autoridades do município, dos INCRA e do IBAMA uma vez por ano faziam uma rápida ação e sumia, e o dia a dia eram eles, como eram eles no dia a dia e infelizmente eles eram o alvo principal de ser executado como foram executado, já em 2011.

Os órgãos de governo todos eles é omisso, foram omisso, e sempre continua sendo omisso, agente pode observa que quando o Zé Claudio em 2008 inclusive eu tive a oportunidade de acompanha ele no INCRA comum pequeno relatório descrevendo o que estava acontecendo no assentamento agro-extrativista sobre a questão do desmatamento desenfreado, quando ele descreveu isso, ele colocou que ele tava enfrentando dificuldade, a muitos fazendeiros ali da área que, madeireiros e carvoeiros do município que considerava ele uma pedra no sapato, então ele já tinha dito pro órgão que Le tava sendo ameaçado ele só não tinha formulado um documento “olha to aqui ameaçado”, o não ter registrado uma ocorrência de algumas ameaças é porque a estratégia do ameaçador é de não deixar rastro. “há você não registrou queixa na policia, porque o cara não deixou rastro pra mim registra” “ele falou pra sicrano que falou pra sicrano que aquele cara vai tombar” se não tem nenhuma gravação dele não vai chegar pra policia e testemunha que ouviu sicrano disser. É um rodízio, de conversar que tem a vitima ter como provar porque não tem nada gravado, mas tem muitos comentários, comentários que chegava em um próprio órgão de do INCRA através de algum servidor do INCRA do IBAMA, e 2010 ela já foi em 2009 ele fez uma denuncia direto pro IBAMA o INCRA que eles tava ameaçados pro ministério publico inclusive, inclusive o ministério publico federal, ele entregou um relatório que, dona Maria nessa época que era presidente da associação, entregou um relatório da situação dos créditos de habitação que havia desvio de material pessoas que não eram legitimamente da reforma agrária tava sendo beneficiado, pelo programa da reforma agrária, falou da situação do exagero do desmatamento da questão da carvoaria e falou também da questão do exagero do desmatamento da madeira, principalmente tirada da mais nobre que eles considerava lá que era a castanha isso em 2009, eu falo isso porque assinei no relatório como vereador lá na câmera de vereadores e foi uma denuncia, e essa denuncia que eles fizeram lá, junto com essa denuncia eles disseram “olha nós estamos ameaçados o INCRA o IBAMA tem que tomar providencias” infelizmente o governo do Estado a gente nem se falava, porque o governo do estado não tem ação nenhuma aqui na região. E principalmente se trata de uma área de responsabilidade da união. O governo já não toma atitude nenhuma na área que são deles e de responsabilidade jurídica deles imagina a que é da união. E ai pra o governo do Estado pra segurança publica do estado o que tava acontecendo aqui não existia ou se ta lá achando que existia era um outro mundo ou era fora de jurisdição dele ou um outro lugar, não tava nem ai fez vista grossa, ate por causa dessa questão política da questão ideológica etc...                                              

Entrevistador, como ocorreu o crime, o senhor se lembra como recebeu a noticia que seus amigos estavam mortos o que sentiu?

Infelizmente não foi surpresa agente já esperava que qualquer momento ele podia tombar, a gente já esperava pois agente via muito o comentário, uma semana antes deles serem assassinados eu tive com eles lá na casa deles na verdade dez dias antes foi no velório do pai dele eu mais o Zezão fomos lá buscar o corpo dele pra igreja Nossa Senhora de Nazaré, e a dona Maria, e os dois sentado do meu lado e disseram “é Valdemir agora nosso prazo ta curto ou nos larga ou abandona tudo ai e foge ou nos vamos perder a vida” isso falando no velório ali na  Nossa Senhora de Nazaré, os dois sentados assim do meu lado um do lado o outro  comentado isso pra mim “ou nós foge abandona tudo ou nos tem os dia contados”, dês dias depois, como eu já sabia eles tinha me falado isso dez dias depois eu soube do acontecido. Eles já estavam de viagem marcada pra sair no outro dia, eles iam pro um evento em Belém e de lá não tinha mais endereço e ele já tava viagem marcada para um outro dia pra ir pra Belém alguém que sabia já dessa viagem e sem duvida antecipou a perseguição de eliminar antes deles ir viajar e foi o que ocorreu, já tava sendo, é como se fala já tinha passado por vários trincheiras a primeira que eles passou foi aqui na vicinal da Espal, porque os pistoleiros foram lá pras moitas de bambu, esperar na estrada esperando eles passar, porque eles tinham vindo pra cá no Ipixuna, e o casal viram eles, inclusive a moto que eles tava ta lá em casa, como eles desconfiaram que já estavam atrás deles eles já passaram e deram uma outra volta pela Pager, outra trincheira foi aqui também entre o PA Jacaré e o PA Agroextrativista, onde tem um bar, eles ficaram em um barzinho ate tarde esperando eles passar, mas como eles não passaram na volta na mesma estrada, passaram pelo outro lado livrou eles dessa emboscada, porem nessa outra que aconteceu eles inocentemente de manhazinha 7:30 da manha infelizmente aconteceu.o seu José Cláudio e a dona Maria estavam vindo de moto para Nova Ipixuna, quando passaram em uma ponte,quando foram pegos de tocaia pelos pistoleiros que deram vários tiros de 38. Eles ainda tiveram a coragem de arrancar uma das orelhas de seu José Claudio pra mostra a prova do crime. Mas agente já vinha sentindo que a qualquer momento se ele não sair não tinha jeito eles iam ser assassinato, e o alvo não era só Zé Claudio era o casal mesmo.

Entrevistador, o senhor que fez parte desse meio sabe me disse quem são de fato envolvido no assassinato do casal, qual o maior interesse na morte do casal?

R. na verdade essa assassinato do Zé Claudio envolve uma gana de pessoas, ai envolve fazendeiro, carvoeiro madeireiro. Naquele local existe dois tipos de “mafiosos”, os que querem as madeiras nobres, os madeireiros e os que querem terras para pasto. E os meus amigos e eu estávamos no meio do fogo, e aqui o que vale infelizmente é a lei do mais forte aquele que tem poder (dinheiro). Não é um grupinho pequeno, eu diria que por trás de tudo isso ai no mínimo tirando os pistoleiros fora, que pistoleiro é mão de obra contratada, como é mão de obra contratada eu nem enquadro eles, mas pessoas que tinham interesses que tava trabalhando essa possibilidade um grupo que passava de dez pessoas, que tinha interesse que um dia acontecesse essa execução e que sempre discutia, as vezes não sentava os dez mas sentava dois, falava sobre o assunto, sentava quatro falava sobre o assunto, ai foram planejando aos poucos, como é que fariam, foram tentando achar espaço, achar outros meios pra poder não ser um assassinato direto, pra ficar no ar quem matou?  que não foi nem A nem B, então eu diria que o tal de Zé Rodrigues ele foi muito afoito, eles aproveitaram esse jeito afoito do Zé Rodrigues esse jeito de resolver as coisas na violência e o colocou ele lá como no jogo como cobaia. Mas tem muito mais gente forte envolvido nisso ai.    

Entrevistador, o casal não tinha medo de morrer? Eles já pensaram em desistir do trabalho que realizavam?

R. Medo todo mundo tem eu mesmo tenho, pela minha família inclusive, mas não devemos deixar de fazer o que é certo por medo, alguém precisa lutar pelo que é certo pelo que é justo. E foi isso que eles fizeram não importava quantas ameaças surgiam o mais importante é o meio ambiente o direito de pequenos assentados e posseiros. Mas com a intensificação da perseguição eles foram aconselhados inclusive pela Pastoral da Terra e pela o Conselho Nacional de Seringueiros do qual eles faziam parte, de sair da região nesse dia lá do velório a dona Maria disse que eles estavam com os dias contados, pra ir embora ou morrer, então eles tinham sim, e de fato depois que eles faleceram eu subi pelo próprio agente do CNS e da CTP que de fato a viagem deles era pro outro dia pra Belém e depois de Belém não tinha mais endereço, eles iam participar  de um evento que ia tratar de assuntos ambientais em Belém promovido pela a CNPQ e promovido pelo CNS, lá desse evento não retornaria mais pro assentamento nem pra Marabá já iam tomar outro destino, infelizmente na saída do assentamento pra seguir essa viagem eles foram capturados.  

         Entrevistador. Quando ocorreu o julgamento dos acusados da morte do casal, houve a absolvição do mandante, por que ocorreu essa falha na justiça paraense?

R. o judiciário defende fazendeiro de cada dez juiz dois e que defende o pobre lacasdo, aquele que defendi a vida a natureza, de cada dez judiciário você tem oito que é burguês, que defende a burguesia que não ta nem ta nem ai com a vida de ninguém se esquece que depende da natureza, que depende do ambiente pra sobreviver, eles quer tudo porque tem tudo, se ele quiser fazer o próprio meio ambiente deles eles faz pra viver bem, e esquece que os outros. Então o judiciário é muito omisso nesta parte de defender o direito a vida de quem defende a própria vida, que na verdade o casal defendia a vida e duplamente dizendo eles defendia a vida da floresta e a vida humana, porque eles sabem que a floresta em pé ela produz um efeito ambiental, que gera mais condições de vida pra humanidade além da floresta pelo planejamento que eles tinham que alem disso ela também gerava emprego e renda, e tanto que eles viviam lá mais de trinta anos no assentamento ate antes de criar o assentamento e a área deles desmatada não chegava a três alqueros e meio, alguém dava dinheiro pra eles comer? Não, tirava da floresta tirava do cupuaçu, tirava da castanha, tirava do açaí, tirava da andirobá e de outros espécies extrativista que tem na floresta, mas era o entendimento que eles implantaram na área deles lá, que ao entrono ninguém queria, achavam que aquilo ali era conversa fiada, o importante era criar boi e fazer carvão e vender madeira.

O que ficou claro no julgamento foi que o judiciário parece que estava comprado, condenaram os pistoleiros, mas não os mandantes se sabem que em Nova Ipixuna foi a união de fazendeiros pra esse julgamento.

Entrevistador, como esta o caso deles na justiça hoje? Você acredita na justiça paraense?

R. infelizmente, Não, eu diria que o caso deles não deveria nem ter sido julgado pela esfera Estadual, o caso do assassinato do Zé Claudio e dona Maria foi caso de conflitos agrários o assentamento era um assentamento da União era um caso que deveria ter sido jogado na esfera Federal, eu não sei o porque que interesse, o “interesse” agente sabe, de maquia a justiça a justiça maquia efeitos então não deixou a esfera Federal julgar o caso. Então infelizmente, a policia federal fez todo um relatório de investigação a gente sabe que o teor da perseguição do Zé Claudio envolvia conflitos agrários, e que tinha essa questão ambiental, mas que também tinha conflito com relação dos próprios programas do governo de reforma agrária pro assentamento, tinha coisa do assentamento que viria do governo federal que eles achavam que tava sendo aplicado de forma errada, tinha pessoas que não tinha vinculo nenhum com carência de reforma agrária, não se enquadrava dentro dos critérios e tava sendo beneficiados, inclusive o ex-presidente da associação que era o seu Eduardo Rodrigues da Silva que hoje é presidente do sindicato, tinha gente que deveria não estar dentro do assentamento hoje que eles achava que não deveria estar pois não enquadrava foi feita vários cadastros de pessoas laranjas que a dona Maria e o Zé Claudio denunciou, tanto pro INCRA tanto pro ministério publico federal e gerou de fato conflito agrários sem falar de um cidadão que sai lá de outro município pra comprar uma área que é totalmente dentro de um assentamento da união, então essa tese que todo esse processo tinha que sair da esfera estadual, acho que ouve uma manobra muito grande de convencimento de algumas pessoas que achavam que o financeiro compra tudo e acabou ficando na esfera estadual, pra ser julgado pela justiça estadual.

De 2012 pra cá, 2013 agente sabe que saiu um novo julgamento já na segunda instancia em Belém anulando o julgamento que teve aqui em Marabá, após esse julgamento o cidadão considerado o principal mandante a parti daí ele começou a ser considerado o foragido da justiça, porem ficamos sabendo, não assim inteiramente do assunto, mais os advogados de defesa entraram com recurso e eu não sei se esse recurso foi julgado, então ele só poderia ir preso após o julgamento do recurso, se o recurso foi julgado ou não, eu não sei, se o recurso foi julgado e negado ele deveria ta preso ser o recurso ainda não foi julgado dinheiro ta comprando a liberdade do cara, então é assim que ta correndo.            

Entrevistador e como ficou ou fica o trabalho que o casal realizava na região? Houveram novas ameaças a outras pessoas?

R. na verdade não tem ninguém mais coordenando, existia na época da dona Maria que ela criou um grupo chamado Grupo de Mulheres, criou um pequeno laboratório chamado de laboratório de beneficiamentos de produtos naturais, que gera o derivado pros cosméticos, que é o óleo da castanha o óleo da andirobá, o óleo do cupuaçu e tava tentando também fazer um reaproveitamento do óleo do caroço do açaí, já tinha comprado uma maquina pra fazer esse processamento, infelizmente ele criou o grupo o grupo já tinha mais ou menos um ano, um ano e dois messes já trabalhado como assassinato dela esse grupo ficou mais de oito messes parado sem reunir sem conversar, sem trabalhar nada. A família teve um choque muito grande a pessoa que ajudava que vinha acompanhando esse processo ai teve que ficar todo um período fora, que era a professora Laiza e aos poucos que a professora Laiza veio voltando, que sentou com uma sentou com outra e começou voltar de novo o projeto, o Grupo de Mulheres, mas de uma forma muito tímida e em seguida a Laiza passou a ter problema de saúde inclusive um problema de saúde mental e físico, por essa situação toda, quem era segundo a coordenadora que depois da Maria seria a dona Laiza, que inclusive tinha um projeto muito bom pro assentamento de recuperar toda essa parte da área de cosmético, e parou praticamente ela senta a cada sessenta dias produz uma quantidade muito ruim não dá mas pra fazer mercado porque a produção ta pequena e a diretoria da associação que na época a dona Maria quando criou o grupo, ela era a própria presidente da associação então ela quem dava o incentivo ela quem corria a trás de equipamento, material e de outras pessoas que fazia parte do grupo e a parti da morta da dona Maria criou um grupo rival, o presidente da associação achava que um grupo de mulheres que se virava pra lá, e a associação pra cá, no meu entendimento seria o contrario seria ao grupos unidos, os grupos tinha que ser unir. A associação era a mola que aquele grupo cada vez mais desenvolver, porque todas as mulheres saíram da associação elas eram parte da associação, apenas eram grupo que trabalhavam com produto diferenciado e ai p residente da associação na época era o Eduardo que hoje é o presidente do sindicato abandonou mesmo o grupo, não quis mais chama ate hoje não chamou ninguém pra conversar, as mulheres sentam lá a dona Idener que o projeto e feito perto a casa dela, então ela ta ali mais próximo e sempre ta chamando as vizinhas e fazendo alguma coisa mas é muito acanhado mesmo, pelo tamanho do projeto pensado pela dona Maria e a dona Laiza se ela tivesse em vida hoje nos tenhamos empresas de caráter internacional que vinha buscar o produto aqui ou que daqui agente ia levar pra exportação, pelo tamanho do pensamento, pelo tamanho do projeto pensado pra lá. Mas infelizmente com o falecimento da dona Maria e com os problemas da dona Laiza praticamente parou. diminuiu um pouco do Zé Claudio e da dona Maria eu acredito que eles consideraram que as principais figuras do assentamento eles eliminaram, pelo tamanho da repercussão o grupo ai que citei que seria mais ou menos de dez a mais pessoas que combinou inclusive a eliminação do casal eu diria que eles ficaram um pouco receosos de pensar em fazer mais vitimas pelo tamanho da repercussão e tanto que antes do Zé Claudio e a pois o Zé Claudio eu também tava na lista dos ameaçados mas eles percebeu que se fizessem mais vitimas poderia se chegar a essa cúpula que envolve pessoas daqui da cidade pessoas de Jacundá dono de Cartório de Marabá não é só aqui em Ipixuna essa cúpula que to falando aqui é não é só daqui nem só do assentamento é obvio que envolve gente importante, pecuarista do assentamento. Madeireira daqui do Ipixuna, tem uns ex-donos de terra que responde processo por desmatamento. Mas antes de se desfazer da propriedade pra outro, avia o caso da dona do cartório de Marabá que se dizia dona da terra que passou pro Zé Rodrigues. Então esse grupo constituiu uma junta de advogados, tem quatro advogados especifico pra esse caso ai, José Claudio e dona Maria do Espírito Santo. Então eles não são muito pobres não.  São ricos apesar que pela repercussão eles tiveram um pouco de receio.

             

Entrevistador, como o senhor ver o conflito no campo nesta região? O por que de tantas mortes e ameaças?

R. A distribuição de terra ela nunca foi aceita pelos grandes latifundiários, mesmo que o governo diz “não nos tem que fazer a distribuição de renda neste país nos precisamos também de fazer a distribuição de terra, com varias terras devolutas tanto na esfera do estado quanto na esfera da união e nos tem que fazer a distribuição de terra”. Porem varias propriedades que você pode avaliar ai, mil alqueros ate quinze mil alqueros que a união considera que a área da união, mas existe um grupo considerado que a área não é da união que é deles. Já fez um pequeno investimento ao redor da área pra poder ser segurar a área. Então esses grupos eles nunca vai aceitar que a área seja dividida em lotes pra reforma agrária porque o pensamento deles é que essa área se transforme uma grande pastagem para o avanço da pecuária, pra criação de boi, e não aceita não aceita mesmo. Então por essa situação, agente sabe que a muitas lideranças que encara esse conflito, por agente saber que a justiça e movida mais de sessenta por cento é movida por dinheiro se sabe que quem pega, quem paga por tudo isso é a liderança que encara essa situação, a liderança que é envolvida em discutir e de reivindicar aquela área a parti desse movimento eles já passam a ser o principal alvo pra ser eliminado, pronto ele vai ser eliminado, pode não ser esse ano, mas quanto mais esse processo vai avançando pra que aquela área seja de fato concretizado um projeto, gera um efeito de descontentamento pra os que se dizem donos, e não adianta o cara vai ser eliminados mesmo. Nos tivemos casos recentes em Eldorado, tivemos casos recente em Anapú e tem casos em vários lugares desse país. Porem eu acredito que o pequeno avanço que teve na reforma agrária não foi dado o ponta pé inicial do governo não, se hoje o país tem varias áreas que era consideradas áreas da união ou terras devolutas que tem assentamentos o ponta pé inicial foi dado pelo próprio movimento o MST eles avançaram houve vários assassinatos, houve repercussão internacional, e ai acabou a justiça “agente tem que tentar aos menos minimiza o negocio aqui porque se não a anistia internacional vem pra cima pois tem caso que repercute na anistia internacional então o negocio é serio.