Resumo

Realizou-se um estudo qualitativo descritivo, retrospectivo transversal no Hospital Sanatório do Namibe, no período comprendido desde Janeiro á Julho de 2015 com objetivo fundamental de caracterizar os casos de Tuberculose. O universo e a amostra utilizada foi de   (1620) constituido por doentes  submetidos a tratamento em regime ambulatório no hospital em referencia com o  diagnostico de Tuberculose; a fonte de obtenção de dados foram os livros de registo do dispensário antituberculoso. Predominó o grupo etário de 27 á 35 anos com 452 casos seguido de 18 á 26 anos com 385 casos, o sexo predominante foi o masculino. A morbilidade resultou ser maior no mês de  Fevereiro( 479) e Março(313), e a zonas de maior incidência são valodia (449) seguido dos Bairro 5 de Abril e Forte santa Rita . Entre os factores de riesgo predominantes podem estar os hábitos tóxicos, alimentação inadequada e pouca informação sobre a doença, por isso, é necessário conseguir-se reforçar não só as estratégias diagnóstico-terapéuticas, se não também educativas preventivas para ajudar as familiares a detecção a tempo oportuno e  reconhecimento de factores de risco evitando-se as complicações.

  1. Introdução

A tuberculose não é uma doença derrotada, embora trata-se de uma enfermidade infecciosa controlável a nivel comunitario e curável de forma individual, dista muito de estar erradicada. É uma enfermidade infecciosa que continua ganhando terreno no mundo. Actualmente cerca de 1.500 milhões de indivíduos (mais ou menos um terço da população mundial) estão infectados pelo bacilo da tuberculose e que cada ano continua aparecendo cerca de 10 milhões de casos novos desta enfermidade, estimando-se em mais de 30 milhões o número de doentes tuberculosos (tísicos). Considera-se também que cada ano no mundo morrem mais de 3 milhões de pessoas entre adultos e crianças. 1

A OMS prevé que  tanto pelo crescimento das populações como pela aplicação insuficiente dos meios disponíveis para o controlo desta enfermidade, a finais do presente século haverá mais doentes tísicos que os que havia quando descobriram-se os primeiros fármacos antituberculosos.

A Tuberculose é uma enfermidade infecciosas causada pela Mycobacterium tuberculosis, o bacilo de Koch. É uma enfermidade contagiosa, prevenível e tratável, transmite-se através de partículas expelidas pelo paciente com tuberculose activa, tossindo, espirrando, falando, cantando, etc. É uma infecção oportunista que se associa com frequência ao VIH.

Sua mortalidade eleva-se pelo atraso no diagnóstico, tratamento e nas dificultades com a aderência terapêutica e a resposta inadecuada frente ao tratamento.

Segundo o Dr. Afonso Wete, em Angola mais de 60% de diagnóstico da tuberculose e 80% das mortes ocorrem nos hospitais, muitos hospitais não dispõe de condições para diagnóstico, internamento e manuseamento adequado para doentes com esta doença e a maioria dos hospitais não cumpre com as normas do PNLT (programa nacional de luta contra a tuberculose).

Estes e outros dados são motivos pelo qual nos propusemos a realizar o presente trabalho, com o objectivo de caracterizar os doentes submetidos a tratamento em regime ambulatório e termos uma visão global de como foi a morbilidade de Janeiro à Junho de 2015 no Hospital Sanatório do Namibe. 

  1. Abordagem conceitual

A Tuberculose é uma doença infecciosas causada por diversas especies de micobacterias pertencentes ao Complexo Mycobacterium (Tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. microtti). A espécie mas importante e representativa causadora da tuberculose é Mycobacterium tuberculosis o bacilo de Koch. 

  • Razões do aumento da tuberculose no mundo:

Crises económicas a nível mundial, más condições socio-económicas, pobreza, fome, imigrações, pandemia do SIDA, deterioração dos Programas Nacionais de Controlo de luta contra a tuberculose, o obscurantismo, a convivência com enfermos em lugares ou centros de convivência colectiva sem ventilação, por outra a fraca capacidade de resposta imunológica do organismo. 

  • Formas de apresentação:

Embora a tuberculose é uma enfermidade predominantemente dos pulmões, pode afectar o sistema nervoso central, o sistema linfático, circulatório, genitoúrinario, gastrointestinal, os ossos, articulações e a pele. 

  • Cadeia epidemiológica de transmissão da TB

Agente causal: Micobacterium tuberculosis, é um bacilo acido-alcool resistente, sensível ao calor, luz solar e  radiação ultra violeta.

Reservatório/ Fonte de infecção: Homem (infectado  e  enfermo ) e animais( gado bovino e animais domésticos ).

Mecanismo de transmissão: Fundamentalmente aerógena, a tuberculose transmite-se através de partículas expelidas pelo  paciente  com TBP activa, ao espirrar, falar, cantar, rir e sobre tudo ao tossir. Também pode-se transmitir por via digestiva, sobre tudo ao ingerir leite não higienizado proveniente de vacas tuberculosas infectadas com Mycobacterium bovis.

Maiores transmissores de TB: Pessoas que mais tossem, com BK +, pacientes sem tratamento, enfermos que acabam de iniciar tratamento ou com pobre resposta ao tratamento

Hospedeiro susceptível: Homem sã

A cadeia de transmissão pode romper-se isolando-se o enfermo com tuberculose activa e começar de imediato com a terapia antituberculose efectiva; depois de duas semanas de tratamento deixam de ser contagiosos.

  • Risco de Infecção:

As pessoas que vivem ou tem contacto directo com uma pessoa que tem tuberculose e que não está recebendo tratamento apropiado, pessoas nascidas em áreas de alta prevalência,   Indigentes e sem abrigo sobre tudo em zonas de risco, roqueiros( exploração de pedras), trabalhadores de lugares de risco essencialmente profissionais de saúde. 

  • Risco de progressão até a enfermidade uma vez infectado:

Crianças menores de 4 anos, especialmente os menores de 2 anos;

 Adolescentes e adultos jovens;

Pessoas com co-infecção com VIH;

Pessoas inmuno-comprometidas;

Enfermidades crónicas como diabetes mellitus;

A malnutrição.

Infecções respiratórias altas; 

  • Diagnóstico da TB:

Faz-se a avaliação conjunta de criterios epidemiológicos, clínicos e laboratoriais

Epidemiológicos: reflexo de uma transmissão recente, pelo detrás de um enfermo, existe um outro bacilífero que lhe contaminou;

Clínicos: por meio dos sinais e sintomas, seja de forma Pulmonar e Extra pulmonar (Adenica, Meníngea, Óssea e Renal);

Laboratoriais: através de exames complementares essencialmente a baciloscopia, VS, Hemograma e exames microbiológicos e histopatológicos;

Radiológicos: para tuberculose pulmonar solicita-se o Rx do tórax em PA. 

  • Quadro clínico:

O quadro clínico baseia-se esencialmente em alterações do estado geral,  astenia, anorexia, palidez, artralgia, sudoração nocturna, perda de peso,  febres, tosse, dificuldade respiratoria, dor torácica e  síntomas secundarios a afectação da vía aérea como a hemoptisis etc. 

  • Tratamento:

O tratamento tem como objectivo destruir os bacilos existentes no organismo enfermo e conseguir a cura da enfermidade para toda a vida do paciente.

No nosso país existe o Programa Nacional de Luta contra a tuberculose que fornece as unidades sanitarias os esquemas terapéuticos a serem seguidos. Utiliza-se fármacos anti-Tuberculosos, Complexo vitamínico B, tiaminas, anti tossico , anti-histamínico  e Anti Retro virais  em pacientes com co-infecção 

  • Prevenção e controlo da tuberculose:

A prevenção e controlo da tuberculose tentam evitar a infecção, mas, se está produzir se, deve-se evitar o passo de infecção a enfermidade.

Há uma serie uma serie de medidas preventivas que actuam sobre as fontes de infecção (busca e tratamento de casos), sobre o reservatório do bacilo (busca e tratamento dos indivíduos infectados, busca e tratamento dos bovinos enfermos), sobre os mecanismos de transmissão (controlo das pessoas que tinham contactos com enfermos, isolamento respiratório das fontes de contagio, pasteurização do leite de vaca destinada ao consumo) e sobre a população susceptível (melhorar o estado económico-social, educação sanitária da população e vacinação com BCG). 

  • Objectivos

    • Objectivo Geral:

Caracterizar os casos de tuberculose em regime ambulatório registados no Hospital Sanatório do Namibe de Janeiro á Julho de 2015.

3.2. Objectivos Específicos:

  • Caracterizar os casos de Tuberculose segundo a idade e sexo;
  • Descrever o comportamento da morbilidade Hospitalar no primeiro semestre;
  • Identificar as zonas ou bairros de maior incidência de Tuberculose;
  • Definir clínicamente os casos por forma de apresentação e tipo de caso;
  • Melhorar conhecimentos sobre da tuberculose.
  1. Metodologia

Tendo em conta o tema em estudo, realizou -se um estudo  qualitativo, descritivo retrospectivo no Hospital Sanatório   do Namibe no período comprendido entre Janeiro e Julho de 2015  com objetivo de caracterizar os doentes ambulatorios com tuberculose.

O universo e a amostra foram constituido por pacientes submetidos a tratamento ambulatório neste hospital com o diagnóstico desta mesma enfermidade. Os dados foram colhidos no mes de agosto, obtidos a partir de de dados estatísticos mensais e livros de registo de doentes do dispensário antituberculose.

Foram excluidos aqueles casos que não tem o diagnostico de Tuberculose

As variáveis estudadas foram demográficas e clínicas. Entre as demográficas destacam-se a idade, o sexo(genero), a morbilidade hospitalar e as zonas ou bairros de maior incidencia. Entre as variáveis clínicas destacam-se a forma de tuberculose, tipo de caso e resultado da baciloscopia.

Os dados foram primeiramente escrito em papel A4 e posteriormente processados no computador mediante os programas do Word e Excel, apresentado em tabelas onde constam as frequências e  percentagem.

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