UCSAL – Universidade Católica do Salvador
ILUCSAL – Instituto de Letras
Língua Portuguesa V (Diacronia)
Docente: Cláudio Ribeiro Queiroz

Comparação de músicas carnavalescas ao longo do tempo

Edinan Santos Cerqueira
Ligia dos Santos Bispo
Livia dos Santos Bispo

Salvador/BA
2016

RESUMO - Indubitavelmente trabalhar com interpretações de canções sempre deixa um campo amplo a diversos pensamentos e análises, e com este artigo não se difere. A ideia de interpretar “Cabeleira do Zezé” e “Cabelo de chapinha”, que cronologicamente tem uma exata diferença de 52 anos, surgiu para explanar a ideia que muitas músicas se modificam, mas o corpo ou a ideia permanece(m). Todavia, concomitante a isso, a população mesmo festiva, afinal são músicas carnavalescas, se instrui e percebe palavreados muitas vezes ofensivos contra ela mesma. Com isso, o foco inicial deste projeto é esmiuçar e pontuar os palavreados utilizados nas composições aqui supracitadas, analisando a perspectiva gramatical e a recepção da sociedade.

Palavras-chave: Interpretar. Músicas. População. Carnavalescas.

INTRODUÇÃO

A partir do momento em que surgira o interesse deste trio acadêmico em trabalhar o tema “Comparação de músicas carnavalescas ao longo dos tempos”, os integrantes tomaram por partida logo selecionar as canções a serem trabalhadas aqui neste artigo, e elas são: “Cabeleira do Zezé”, de Roberto Faissal e João Roberto Kelly, exposta entre os anos de 1963 e 1964, e, para fazer a continuação desta análise trazendo uma música mais atual, decidimos interpretar “Cabelo de chapinha”, do cantor e compositor Bell Marques, que depois, em virtude de inúmeras falácias desagradáveis ao em torno da mesma, decidiu alterar letra e nome da composição para “Minha deusa”.

É sabido por todos que cada povo tem seu estilo de vida e cultura em seus diversos momentos dentro da história, portando, com certeza o contexto histórico da primeira canção difere bastante quanto à segunda. Na primeira o país vivia uma proximidade muito grande já dos primeiros sintomas e passos do Regime Militar (1964-1985), o carnaval era menos ousado e o estilo das canções era completamente diferente ao que estamos acostumados aos dias em curso. Assim, a conjuntura política que engloba ou englobou “Cabelo de chapinha” é muito discrepante a empírica realidade da canção analisada em ordem primária.

Quanto à segunda, o estilo do carnaval baiano era muito mais brando, até porque a “Axé Music”, criada pelo baiano Luiz Caldas, se iniciou em meio a um período de fim da Ditadura Militar e começo de um novo momento democrático, o qual vivemos até hoje. Portanto, o estilo musical hoje é até mais livre e deixa margem a inúmeras linguagens e interpretações. É importante salientar também que o nível de instrução dos brasileiros se modificou nitidamente, porque o povo está mais instruído e escolarizado, criando campo para debates mais largos e densos.

Por isso, quando fora publicada a segunda canção aqui analisada, os representantes do movimento negro logo bateram de frente, foram de encontro alegando haver um forte preconceito e estereótipo em estavam inclusos a letra da canção. Assim, ao longo do presente artigo, explicações serão dadas na tentativa de elucidar, comparar e deferir o estilo, momento e repercussão de ambas as composições.