Felizmente a minha leitura saiu do tangível das relações pedagógicas e eu precisei adaptar as conjecturas da educação moderna ao novo modelo de mundo que eu estou conhecendo e este é o um resumo do meu estudo. Quero saber se estas reflexões são válidas para este momento e/ou como este olhar pode enriquecer o fazer deste processo. Há algum tempo eu já não acredito na educação com o único propósito de ensinar conteúdos didáticos programáticos e, mesmo assim, comecei a estudar a BNCC com olhar de quem apenas ministra conteúdos; com base na formação metodológica que eu tenho. Porém, está sendo complicado entender a nova BNCC, deste ângulo porque estou percebendo que ela já não cabe nesse modelo de ensino do passado, não é redundância o que eu falo, refiro-me à frente da mudança metodológica à mudança de mentalidade. Em sua metodologia, a nova BNCC está de acordo ao modelo atual de mundo de METACOGNIÇÃO e METAMODELO no qual já estamos inseridos e não estamos nos dando conta das exigências deste contexto. Percebi que o estudo meramente voltado ao pedagógico, não está rendendo clareza para o que está escrito. Então, comecei a interpretá-la voltando o olhar para o mundo do desenvolvimento humano e percebi que as competências gerais já estão possibilitando esse leque de crescimento, porque fomenta “o sentir”, ao mesmo tempo em que propõe que o sujeito seja o autor do seu próprio destino. Eu vejo nas competências gerais o fruir do networking, do copyright que é o que está em alta nesse novo comando do mercado de trabalho e a presença da física quântica e de um pouco de modelagem muito interligada neste universo das comunicações modernas, atinando para a descoberta do propósito de vida. Tudo tem a ver e isso faz muito sentido (mudança de paradigma na educação)! Como se trata da educação sistemática, ambiente escolar; a estratégia é perceber que estamos neste novo momento nos afastando dos caminhos da aprendizagem no modelo antigo, do universo que nós dominávamos e dá forma como trabalhávamos, para uma grande mudança. Mudança esta que, abre um leque de oportunidades para que essa nova forma de ensinar possa ajudar o aluno a desenvolver outros olhares, outras habilidades e competências que até então não estavam inseridas no contexto da sala de aula. Com base nas minhas formações atuais, pude perceber estes detalhes e comecei absorvendo estas leituras da BNCC com base nesta visão do desenvolvimento humano e o conteúdo me pareceu muito familiar. Eu entendo que, a proposta da mesma, de forma mais exponencial ainda, é levar o aluno à percepção e “à percepção do sentir”, muito antes da aprendizagem imediata por si, como é o que ainda esperamos que aconteça na sala de aula, diga-se de passagem, que não tem sido fácil diante da instabilidade da nova era. Ai surge o apelo à mudança de mindset, justamente porque é complicado acontecer a emancipação deste novo olhar sobre a aprendizagem sem uma mudança de posicionamento, que nos encarrega de pensar na formação integral do sujeito com base nos seus princípios, na sua cultura, no seu olhar, a partir do meio onde ele se encontra e dar subsídios para que ele consiga compreender o seu modelo de mundo e a sua maneira de pensar, visto que o mundo da razão, das meras respostas prontas já não existe mais. Foi interessante refletir acerca dessas mudanças, porque antes existia uma única resposta dada a uma questão secular. Hoje, existem inúmeras respostas e praticamente nenhuma delas está correta, visto que podem surgir muitas outras respostas. Isso porque não depende apenas da pergunta, depende do olhar, depende de quem busca, depende do lugar onde quem busca está e depende muito mais do objetivo com que se busca a resposta, e todas elas vão estar corretas porque o contexto e a necessidade são o que faz com que esta resposta tenha na sua essência a resposta que se busca naquele dado momento. Partindo daí, é possível compreender a BNCC e levar essa nova roupagem de aprendizagens para a sala de aula, dando capacidade a este aluno de escolher sentir o seu bem-estar com plenitude e de perceber quando ele não está bem, haja visto que ele precisa buscar o caminho e que ele tem diversos caminhos adiante e ele pode escolher o que melhor lhe convir. No passado, até as famílias tinham apenas uma resposta para “ns” situações. Hoje, já não é mais assim, porém quando por parte dos jovens se torna proeminente um comportamento diferente na família, isso é visto como desobediência e até a escola absorve esse título (que nada mais, nada menos) não passa de um rótulo. Esta maneira de ler o presente com base nas estruturas do passado não cabe mais nas modalidades de convivências nessa nova esfera global, mas a gente ainda trata essas mudanças com estranheza. Isso é apenas para percebermos o porquê da urgência em mudar os paradigmas e dissolver maioria das crenças que apenas limitam as aprendizagens e avanços dos jovens estudantes. Tudo isso é muito fantástico, porque a gente começa a entender que não está apenas dentro da gente a necessidade de mudar o outro. O que podemos é dar a esse outro a oportunidade de perceber que ele é apto a sentir essa/a necessidade que habita o ser de cada um e que ele vem para escola descobrir onde buscar a sua superação. Isso é o que precisa fazer sentido para todos nos professores neste momento, para mostrar a esse aluno que todo isso faz parte do caminhar dele. Mas, a gente não consegue ajuda-lo a fazer essa transição, colocando empecilhos, barreiras ou impondo ordens de forma burocrática nem obrigatória. Pois, ele precisa buscar a partir do seu próprio caminhar; pela sua necessidade, por sua vontade própria, pela busca incessante que está dentro de si e, quando a gente mostra para ele que o caminho está ali, não precisamos mais exercer nenhum pulso de obrigatoriedade sobre este sujeito porque ele já tem autonomia para buscar com desenvoltura, o objeto do seu desejo, que talvez antes fosse desconhecido. Desenvolver este potencial é trazer este sujeito à luz, tudo já está acertado porque cada um tem dentro de si os seus valores, as suas necessidades e tem também as suas vontades. Cabe ao professor apimentar um pouquinho mais este tempero pra que a pessoa consiga se encontrar e é isso que a metodologia do desenvolvimento humano faz. Ativa os sensores do desenvolvimento através das perguntas, através de orientações conduz-se o outro a conquistar seus objetivos, ensinando a estipular suas metas sem ser forçado. Eles aprendem que é necessário, sim, que se faça cada tarefa e isso talvez seja um processo de obrigatoriedade porque ele precisa saber que ele vai chegar lá, (no resultado) mas ele precisa ir dando os seus passos se acaso ele não for, ele não vai chegar, porem tem consciência do perigo que é a zona de conforto. Contudo, ele fica sabendo que a postura dele é que vai fazer toda a diferença naquele exato momento em que ele trilhar aquele caminho. Professora Marilene Capinan membro da equipe da área de linguagens do grupo de sistematização do currículo da rede de Rafael Jambeiro.